Dólar: ruídos sobre saída de Guedes não foram suficientes para reverter a tendência da moeda (Pixabay/Reprodução)
Guilherme Guilherme
Publicado em 27 de agosto de 2020 às 14h10.
Última atualização em 27 de agosto de 2020 às 17h18.
O dólar encerrou a sessão nesta quinta-feira, 27, com queda de 0,60%, cotado a 5,578 reais. A moeda foi impactada pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole.
O movimento é uma correção do salto da véspera, com o real entre as divisas de melhor desempenho no dia depois de encabeçar as perdas globais. No pregão anterior o dólar comercial subiu 1,5% e encerrou vendido por 5,612 reais, máxima em mais de três meses e mais do que anulando o recuo de 1,19% da terça.
Em seu pronunciamento, Powell anunciou a adoção da meta de inflação média, que pode ajudar a manter a taxa básica de juro americana em patamares próximos de zero por mais tempo. "Isso abre espaço para inflação acima de 2%, sua meta média de longo prazo", avaliam analistas da EXAME Research.
A reação no mercado foi imediata, com o dólar chegando a ser negociado em queda de 0,7% perante o real. Já o índice Dxy, que mede o desempenho da moeda americana ante pares desenvolvidos, que vinha em alta, chegou a cair para o terreno negativo.
Sem fugir do padrão, os negócios mostraram instabilidade. O dólar abriu em leve queda, foi a mínimas depois do discurso de Powell, tomou fôlego na sequência e cravou a máxima do dia, antes de renovar mínimas e se afastar delas posteriormente perto do fechamento. O dólar oscilou entre queda de 1,21%, a 5,5445 reais, e alta de 0,19%, para 5,623 reais.
Os temores sobre a saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, e a condução fiscal do governo não tiveram força suficiente para mudar o movimento da moeda. Mas embora os rumores da saída de Guedes tenham se apaziguado, parte do mercado acredita que é apenas uma questão de tempo até ele deixar o cargo. Ainda pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro afagou o Congresso e elogiou seu time de ministros, mas sem citar Guedes.
Após ter sua proposta do Renda Brasil, que previa 247 reais de auxílio emergencial, rechaçada publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes tem até sexta-feira para reformular o projeto. Bolsonaro, que viu sua popularidade crescer entre os eleitores de baixa renda durante o período em que o auxílio de 600 reais esteve em vigor, quer um valor de ajuda maior que o inicialmente projetado pela pasta de Guedes.
“O presidente Jair Bolsonaro foi picado pelo mosquito da reeleição. Então, ele vai querer dinheiro. Se o Guedes não conseguir tirar dinheiro de um local mágico e apresentar uma proposta decente até sexta-feira [28], a coisa vai ficar feia. Isso ainda vai fazer muito preço”, comenta Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti.
Ainda pela manhã, o governo americano divulgou os dados semanais de pedidos de seguro-desemprego, que ficaram em 1,006 milhão, praticamente em linha com as expectativas de exatos 1 milhão. Já a segunda prévia do PIB americano do segundo trimestre veio melhor do que o esperado. Na primeira prévia, havia sido registrado queda de 32,5% na comparação anual. Desta vez, o PIB foi corrigido para contração de 31,7%.