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Dólar abre em alta, mas perde força e vai às mínimas

Outro fator que favorece certo alívio no câmbio doméstico é a perspectiva de um novo aperto monetário no Brasil amanhã


	Cliente troca reais por dólares: por volta das 9h25, no mercado de balcão, o dólar à vista valia R$ 2,9060 (+0,45%), na cotação mínima do dia
 (Bruno Domingos/Reuters)

Cliente troca reais por dólares: por volta das 9h25, no mercado de balcão, o dólar à vista valia R$ 2,9060 (+0,45%), na cotação mínima do dia (Bruno Domingos/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2015 às 11h08.

São Paulo - O dólar à vista abriu em alta, nesta terça-feira, 3, em linha com os ganhos da moeda norte-americana ante o euro e algumas divisas emergentes e ligadas a commodities, como os pesos chileno e mexicano.

Ainda assim, o recuo em relação ao iene e aos dólares canadense e australiano, por exemplo, combinado com o fechamento de ontem no balcão no maior valor desde setembro de 2004 abriu espaço para uma realização de lucros do dólar, que foi às mínimas da sessão, mas seguiu em alta. 

Outro fator que favorece certo alívio no câmbio doméstico é a perspectiva de um novo aperto monetário no Brasil amanhã, enquanto no exterior os juros seguem nas mínimas históricas.

Por volta das 9h25, no mercado de balcão, o dólar à vista valia R$ 2,9060 (+0,45%), na cotação mínima do dia, depois de abrir em alta de 0,66%, cotado a R$ 2,9120, e de cravar máxima em R$ 2,9180 (+0,86%).

No mercado futuro, o contrato do dólar para março subia 0,34%, a R$ 2,9335, após uma abertura em R$ 2,9210 (-0,09%).

No exterior, o euro caía a US$ 1,1159, de US$ 1,1182 no fim da tarde de ontem em Nova York; e o dólar recuava a 119,85 ienes, de 120,17 ienes na véspera.

O dólar australiano subia 0,72% ante a moeda dos EUA, que, por sua vez, ganhava 0,50% e 0,08% ante os pesos chileno e mexicano.

Reportagem exclusiva do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, mostra que a escalada recente do dólar no Brasil tende a continuar ao longo do ano, pelo menos conforme a precificação atual do mercado financeiro.

Cálculos feitos pelo professor de finanças Alexandre Cabral mostram que derivativos negociados por meio da BM&FBovespa já indicam um dólar acima dos R$ 3 em agosto e acima dos R$ 3,15 em janeiro do ano que vem.

Enquanto o Copom reúne-se para decidir, apenas amanhã, a atualização da taxa Selic, e diante da agenda doméstica menos empolgante, as atenções dos agentes financeiros se concentra no cenário político.

E o ambiente em Brasília é tenso, à espera da Lista de Janot, como está sendo chamada a relação com os nomes dos parlamentares envolvidos na Operação Lava Jato, que deve ser entregue hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

A partir dessa lista, o relator da Operação no STF, o ministro Teori Zavascki, analisa tirar o sigilo de todas as investigações que envolvam políticos ao esquema de desvios da Petrobras e se autoriza inquéritos.

Essa decisão não tem prazo para ser tomada, e a revelação dos nomes deve sair só no fim de semana.

Ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), surpreendeu o governo e cancelou sua ida ao jantar oferecido pela presidente Dilma Rousseff à cúpula do PMDB.

Para o Planalto, Renan estaria ressentido com a possível menção na Lava Jato.

Renan não comunicou à sua decisão pessoalmente a Dilma, que soube da desistência por uma nota emitida por ele no fim da tarde de ontem e também por meio de um telefonema do vice-presidente da República, Michel Temer, para ela.

Em outro front, a equipe econômica está mobilizada para começar a receber, nesta semana, os representantes das agências internacionais de classificação de risco e evitar um rebaixamento da nota de risco de crédito soberano do Brasil.

Uma missão da agência Standard & Poor's desembarca, amanhã, em Brasília para conversas com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e outras autoridades do governo federal.

Os representantes da Fitch terão reuniões entre 16 e 20 de março, em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

Já no exterior, as bolsas europeias e os índices futuros de Nova York não exibem um rumo único, ao mesmo tempo que o dólar se fortalece e o juro dos Treasuries estão nas máximas da sessão.

As atenções se voltam para a agenda econômica de indicadores, que traz o índice ISM de condições empresariais em Nova York no mês passado (11h45) e também o relatório da API sobre os estoques semanais de petróleo bruto e derivados nos EUA (17h30).

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