Mercados

Dólar abre em alta e BC pode voltar ao mercado

Alta tem força limitada devido à percepção de que o Banco Central está pronto para agir, caso seja necessário

Notas de dólar (Getty Images)

Notas de dólar (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2012 às 10h00.

São Paulo - As incertezas no cenário internacional devem seguir pressionando o dólar para cima nesta quarta-feira ante o real, mas com força limitada devido à percepção de que o Banco Central está pronto para agir, caso necessário. Essa certeza tem servido para manter a moeda americana numa margem de oscilação pequena desde a semana passada, de R$ 2,02 a R$ 2,05, tendendo para perto do piso.

Por volta das 9h20, na BM&F Bovespa, o contrato futuro do dólar para outubro subia 0,10%, a R$ 2,034, o mesmo nível da abertura. No mercado de balcão, o dólar à vista abriu em alta de 0,20%, cotado a R$ 2,033, na máxima.

"A percepção de risco aumentou um pouco. Mas apesar de lá fora estar guiando o movimento do dólar, a moeda deve seguir perto da estabilidade, próxima de R$ 2,035, R$ 2,036, em função da certeza de atuação do BC se a pressão aumentar", comentou um operador sob a condição de não ser identificado.

Com a agenda doméstica mais fraca nesta quarta-feira, as atenções seguem na crise da Europa, que continua turvando o quadro internacional e justifica a aversão a risco que empurra para baixo as bolsas do Velho Mundo e dá força ao dólar ante várias moedas nesta manhã. As bolas da vez são novamente Grécia e Espanha.

Atenas teria fechado acordo para um novo pacote de austeridade de mais de 11,5 bilhões de euros, segundo fonte ligada ao governo, e esse pacote agora será submetido à aprovação da coalizão governista e credores externos. Tal avanço, no entanto, se traduz em mais revolta popular e o país está tomado por protestos e greves. Vários protestos foram vistos ontem também na Espanha, onde o ambiente só fica mais incerto diante de uma economia cambaleante e da escalada no nível de desemprego.

A fraqueza das maiores economias do mundo deixa pouca margem para gentilezas no âmbito comercial e cada país segue tentando defender sua moeda. A presidente Dilma Rousseff foi firme em seu discurso de abertura da 67ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) ao criticar a política monetária expansionista dos países ricos. "Com isso, os países emergentes perdem mercado, devido à valorização artificial de suas moedas, o que agrava ainda mais o quadro recessivo global", afirmou.


Michael Klein, que foi economista-chefe do escritório de assuntos internacionais do Tesouro americano até o ano passado, discorda que haja uma guerra cambial, como tem alardeado desde 2010 o governo brasileiro e disse que medidas para controle de capitais já adotadas no Brasil se mostraram ineficazes.

"Há fatores contribuindo para essa desvalorização, incluindo crescimento mais lento em países como a China e a queda dos preços das commodities", argumentou, em entrevista ontem ao AE Broadcast ao Vivo.

Por volta das 9h25, o euro caía a US$ 1,2844, de US$ 1,2896 no fim da tarde de terça-feira (25). Entre as moedas correlacionadas com commodities, o dólar norte-americano tinha alta de 0,53% ante o dólar australiano e de +0,38% ante o dólar canadense. A rupia indiana perdia 0,29% para a moeda dos EUA, enquanto a lira turca, o dólar neozelandês e o rand sul-africano também cediam.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Mercados

DiDi registra lucro de 1,7 bilhão de yuans no 3º trimestre de 2024

Novo patamar: até onde vai a disparada do dólar contra o real?

Real foi oitava moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar em 2024, diz Austin Rating

Pacote fiscal terá um impacto total de R$ 46 bilhões em dois anos, estima BTG Pactual