Dólar recua após discurso Trump e fecha semana em queda de 4,2%
Presidente americano não descartou "fase 1" do acordo comercial, aliviando a tensão dos investidores
Guilherme Guilherme
Publicado em 29 de maio de 2020 às 17h10.
O dólar perder força no mundo, nesta sexta-feira, 29, refletindo o maior apetite a risco após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump ter sinalizado que irá manter a primeira fase do acordo comercial com a China, apesar da escalada de tensões entre os dois países.
No Brasil, a moeda americana virou para queda após o pronunciamento de Trump. O dólar comercial caiu 0,8% e encerrou cotado a 5,340 reais. Na semana, a queda foi de 4,2%. Já o dólar turismo, com menor liquidez, fechou em alta de 0,5%, a 5,62 reais.
“Na semana passada a gente já via o dólar com fluxo mais vendedor devido ao maior otimismo em relação à flexibilização do isolamento social e da retomada da atividade econômica. O mercado acha que o pior da pandemia já passou no mundo”, afirmou Rafael Panonko, analista da Toro Investimentos.
Apesar do maior otimismo ao fim do pregão, o dólar permaneceu a maior parte da sessão em território positivo, com a expectativa de que Trump anunciasse sanções mais drásticas ao país asiático ou até rompesse a “fase 1” do acordo comercial para retaliar a China por terem aprovado a lei de segurança nacional sobre Hong Kong. Mas investidores consideraram que o discurso foi mais brando do que se imaginava.
“Isso traz um alívio muito grande. Nesse momento de tensão entre Estados e China estava levantando [a possibilidade] de voltar um capítulo atrás.”, afirmou Panonko
No cenário interno, esteve no radar dos investidores o PIB do primeiro trimestre, que teve contração de 0,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A mediana das projeções apontava para uma queda de 0,4%.“O mercado gostou. Esse 0,1% faz toda diferença”, afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Laatus também destacou que o último pronunciamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto também ajudou a fortalecer o real. Na véspera, o presidente do BC disse que estava preparado para atuações mais incisivas no câmbio, antes de o real sair das mínimas do ano. “Ele mandou um recado claro. Quem apostar contra o real vai quebrar a cara”, disse Laatus.