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Desconto de 35% nas ações de emergentes atrai Goldman Sachs

O crescimento dos lucros e a queda dos juros em países como Brasil e Indonésia aumentam a confiança do investidor

Os investidores retiraram US$ 26 bilhões de fundos mútuos de mercados emergentes nos primeiros nove meses do ano  (Getty Images)

Os investidores retiraram US$ 26 bilhões de fundos mútuos de mercados emergentes nos primeiros nove meses do ano (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2011 às 17h54.

São Paulo - Ações de mercados emergentes estão sendo negociadas com desconto de 35 por cento em relação à média dos últimos 15 anos. Isso ao mesmo tempo em que o crescimento dos lucros e a queda dos juros em países como Brasil e Indonésia aumentam a confiança do investidor.

Mesmo após o avanço de 9,7 por cento do MSCI Emerging Markets Index em relação ao menor patamar do ano em 4 de outubro ter elevado a relação preço-lucro do índice de 9,7 para 10,3, o indicador ainda está sendo negociado abaixo da média apurada desde 1996, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O índice teve ganho médio de 35 por cento após autoridades de países em desenvolvimento começarem ciclos de cortes de juros em 2003, 2005 e 2008.

Os investidores retiraram US$ 26 bilhões de fundos mútuos de mercados emergentes nos primeiros nove meses do ano e a queda das bolsas dessas nações foi aproximadamente duas vezes maior do que a de países desenvolvidos após Indonésia, Polônia e Brasil terem subido juros.

Agora, as taxas básicas estão recuando com os esforços das autoridades para estimular o crescimento, já que o aumento das exportações e da inflação está perdendo força. De acordo com mais de 17.000 projeções coletadas pela Bloomberg, o índice MSCI pode se valorizar 30 por cento em um ano, com os lucros recordes compensando a crise de dívida da Europa.


“Ainda existem grandes vantagens relativas de crescimento para muitas economias e ações muito baratas”, disse David Donabedian, que supervisiona cerca de US$ 17 bilhões como diretor de investimentos da Atlantic Trust. “Vamos começar a ver desempenho melhor nos mercados emergentes nos próximos três a quatro meses e o motivo é que vai haver algumas mudanças positivas em políticas econômicas.”

Alta da Petrobras

A Federated Investors Inc., que administra aproximadamente US$ 352 bilhões, vem comprando ações de nações em desenvolvimento nas últimas semanas, disse Philip Orlando, estrategista-chefe de renda variável da instituição em Nova York, em 8 de novembro. Shanthi Nair, estrategista global da Nomura International Plc em Londres, melhorou a recomendação para ações de emergentes de “underweight” para “overweight” em 6 de novembro. No mesmo dia, o Goldman Sachs Group Inc. aconselhou aos clientes a apostar na disparada das ações da China.

Produtoras de petróleo e matéria-prima lideraram os ganhos no índice MSCI de mercados emergentes desde que o indicador atingiu a menor pontuação do ano, com ações da Petróleo Brasileiro SA e da Zijin Mining Group Co., maior mineradora de ouro da China por valor de mercado, subindo mais de 30 por cento.

A Petrobras estava avaliada em 0,6 vez os ativos líquidos em setembro, o menor nível desde 1999, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A Zijin se depreciou para 1,5 vez os ativos líquidos, o menor patamar desde outubro de 2008, segundo os dados.

Recuo da inflação

O índice MSCI de mercados emergentes ainda acumula baixa de 21 por cento este ano, comparado a uma queda de 12 por cento para o MSCI World Index de ações de países avançados. O Hang Seng China Enterprises Index perdeu 23 por cento, o BSE India Sensitive Index desabou 22 por cento, o Ibovespa despencou 19 por cento, enquanto o Micex da Rússia caiu 18 por cento.

Bancos centrais em sete das 10 maiores economias emergentes elevaram juros no primeiro semestre para conter a inflação, em resposta à disparada das commodities, que levou o S&P GSCI Spot Index para o maior nível em quase três anos em abril. Desde então, esse índice de preços de matérias-primas caiu 16 por cento com a desaceleração da expansão global, reduzindo a inflação dos picos atingidos em 2011 em todas as grandes economias emergentes com exceção de Turquia e África do Sul.


O Brasil baixou a taxa básica Selic em 1 ponto percentual desde agosto para 11,5 por cento e a Indonésia fez um corte inesperado no juro básico de meio ponto percentual para 6 por cento em 10 de novembro. Apesar de Rússia, Polônia e México terem deixado os custos de financiamento inalterados em suas últimas reuniões de política monetária, negócios no mercado de juros futuros desses países mostram que os operadores estão esperando cortes nos próximos 12 meses. Operadores na Índia também apostam em juros menores, mesmo após a autoridade monetária ter aumentado os juros em 25 de outubro.

Crise na Europa

A flexibilização da política monetária “muitas vezes funciona como sinal de que é hora de alocar mais para ações de emergentes”, disse James Paulsen, que ajuda a supervisionar cerca de US$ 333 bilhões como estrategista-chefe de investimentos da Wells Capital Management em Minneapolis, em entrevista à Bloomberg Television em 7 de novembro.

Juros menores estão diminuindo a atratividade de algumas moedas de países emergentes, aumentando a inflação e o custo do pagamento da dívida externa. A Turquia dobrou o custo de financiamento para alguns bancos em 26 de outubro, após a inflação ter se acelerado para o maior patamar em um ano. De acordo com um relatório de 11 de novembro do Nordea Bank AB de Estocolomo, a Hungria pode subir os juros para dar sustentação ao forint, que se desvalorizou para uma mínima histórica, encarecendo a dívida em moeda estrangeira.

A crise de dívida na Europa pode prejudicar os mercados emergentes se os bancos segurarem empréstimos para preservar capital, disse Myles Zyblock, estrategista-chefe institucional da RBC Capital Markets em Toronto. Este mês, o rendimento da dívida pública italiana chegou ao maior nível desde a adoção do euro em 1999, e os bancos italianos aumentaram os empréstimos junto ao Banco Central Europeu em outubro.

Os empréstimos europeus de US$ 3,4 trilhões a nações em desenvolvimento representam quase o triplo do crédito das instituições americanas e japonesas juntas, de acordo com dados do Banco de Compensações Internacionais até março de 2011.
“Se o crédito secar na Europa, muita atividade vai se desacelerar nos mercados emergentes”, Zyblock disse em entrevista à Bloomberg Television em 10 de novembro.

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