Depois do tombo ontem, Petrobras tem dia de recuperação e sobe 12%; BB avança 7%
Ontem, os papéis da petroleira caíram 21% com investidores reagindo à decisão do presidente Jair Bolsonaro de substituir o CEO da estatal, o que alimentou preocupações sobre interferência política
Paula Barra
Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 11h53.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às 19h15.
Depois de caírem 21% ontem, no pior pregão desde o começo de março, as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) tiveram dia de ajuste na Bolsa e subiram entre 9% e 12% nesta terça-feira, 23, aparecendo entre as maiores altas do Ibovespa . Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3), que também sofreram na véspera, fechando com baixa de 12%, em meio a temores sobre possível interferência política na instituição financeira, avançaram 7% hoje.
Na segunda, os papéis da petroleira caíram com investidores reagindo à decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar o CEO da empresa, Roberto Castello Branco, com a indicação do general Joaquim Silva e Luna, ex-presidente da Itaipu, para seu posto.
Em meio à polêmica, a Justiça Federal de Minas Gerais deu ontem 72 horas para que Bolsonaro e a Petrobras expliquem os motivos que levaram à troca de comando da estatal. A decisão foi motivada por um pedido de liminar feito pelos advogados Daniel Perrelli Lança e Gabriel Senra para impedir a saída do atual presidente da companhia e posse do general.
No radar da companhia desta terça, o conselho de administração da estatal se reúne hoje para decidir se acata o pedido do governo de substituição do atual presidente da empresa.
Além disso, na esteira de uma série de revisões de recomendação por bancos e corretoras, a Ativa Investimentos rebaixou os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) de compra para venda. A corretora também revisou as ações do BB (BBAS3) e da Eletrobras (ELET3) de compra para neutro.
Os preços-alvos de ambos os papéis também foram cortados nesta ordem: de 35,90 reais para 20,00 reais, ou 6,7% abaixo do preço de fechamento de segunda-feira; de 47,00 reais para 35,00 reais, dando ainda um potencial de valorização de 23%; e de 42,45 reais para 29,00, ou praticamente no preço de fechamento de ontem (28,89 reais).
Em relação ao corte de Petrobras, os analistas da corretora escreveram, em relatório, que, embora acreditem que o ajuste feito pelo mercado ontem tenha sido considerável, "a possível perda de mecanismos, como a paridade, que fortalecem a rigidez do controle dos atuais níveis benignos de endividamento, pode abrir espaço para seu desconto perante os pares se dilatar".
Para o BB, comentaram que o banco, por sua característica estatal, negocia, historicamente, a um múltiplo preço sobre valor patrimonial por ação (P/VPA) menor que seus pares privados, o que abriria margem para uma possível valorização caso houvesse melhora na gestão do banco e redução nos riscos de interferência política. No entanto, ressaltam que as "recentes ações do governo, com demissões de diretores de estatais e ameaças ao programa de reformulação administrativa do banco", os deixaram céticos sobre uma possível melhora na governança e, portanto, optaram por revisar a recomendação para neutro.