David Solomon, CEO do Goldman Sachs (GSGI34), diz que "a inflação está enraizada na economia"
O executivo também comentou sobre quanto ainda irá persistir essa taxa inflacionária tão elevada, como não ocorria há décadas nos Estados Unidos
Roberto Bodetti
Publicado em 18 de julho de 2022 às 16h33.
Última atualização em 18 de julho de 2022 às 17h27.
O CEO do Goldman Sachs (GSGI34), David Solomon, declarou nessa segunda-feira, 18, que a inflação está enraizada na economia global e que é incerto se a situação irá melhorar ainda neste ano.
“Vemos a inflação profundamente enraizada na economia, e o que é incomum nesse período em particular é que tanto a demanda quanto a oferta estão sendo afetadas por eventos exógenos, como a pandemia e a guerra na Ucrânia”, disse o CEO do Goldman Sachs, durante a reunião com analistas sobre os resultados do segundo trimestre de 2022.
Solomon, que é responsável por liderar um dos grupos executivos mais influentes de Wall Street, também comentou sobre quanto ainda irá persistir essa taxa inflacionária tão elevada, como não ocorria há décadas nos Estados Unidos.
"Em minhas conversas com CEOs de grandes empresas globais, eles me dizem ver uma inflação continua em sua cadeia de suprimentos. Ao mesmo tempo, nossos economistas dizem que existem sinais que a inflação irá diminuir na segunda metade do ano. A resposta ainda é incerta, e nós estaremos observando bem de perto." declarou o CEO do Goldman Sachs.
Por conta da instabilidade, o banco de investimento americano está operando com mais cautela.
Houve uma diminuição das contratações, assim como um corte de gastos profissionais de acordo com Denis Coleman, diretor financeiro do banco.
Goldman Sachs (GSGI34) divulga resultados do 2T22
O banco de investimento americano divulgou nesta segunda os resultados do período abril-junho deste ano.
O Goldman Sachs registrou queda de 48% no lucro líquido entre abril e junho, totalizando US$ 2,79 bilhões. No mesmo período do ano passado, o lucro do banco de investimento tinha sido de US$ 5,48 bilhões.
A queda em relação ao primeiro trimestre do ano foi de 27%.
A receita caiu 23%, chegando em US$ 11,86 bilhões, mas superou de US$ 1 bilhão as previsões dos analistas do mercado.
As receitas foram impulsionadas pela divisão de renda fixa, que subiu 55%.
As operações de renda fixa do banco (FICC, na sigla em inglês) geraram US$ 3,61 bilhões em receita, superando as estimativas de US$ 2,89 bilhões previstas pelo mercado.
Segundo o Goldman Sachs, esse desempenho da atividade comercial foi possível graças a "alta significativa" das taxas de juro, commodities e moedas.
A receita com operações com ações subiu 11%, para US$ 2,86 bilhões, também superando as previsões do mercado, que indicavam uma receita de US$ 2,68 bilhões.
A receita de gerenciamento de ativos caiu 79% em relação ao ano anterior, chegando em US$ 1,08 bilhão, mas superando a estimativa de US$ 924,4 milhões.
Segundo o documento divulgado pelo Goldman Sachs, essa contração foi provocada pelas perdas em ações negociadas na bolsa de valores e em ganhos menores em participações de private equity.
“Preocupações macroeconômicas e a guerra prolongada na Ucrânia continuaram a contribuir para a volatilidade dos preços das ações globais e spreads de crédito mais amplos”, salientou o banco.
O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido (ROE) do Goldman Sachs foi de 10,6% no segundo trimestre de 2022 e 12,8% no primeiro semestre de 2022.