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CVM investiga negócios antes da venda do PanAmericano ao BTG

Seis dias antes da venda ao Banco BTG Pactual, preços dos papéis chegaram a subir 10 por cento duas vezes

Agência do Banco PanAmericano: CVM considera comportamento das ações "muito volátil" (EXAME/EXAME.com)

Agência do Banco PanAmericano: CVM considera comportamento das ações "muito volátil" (EXAME/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2011 às 05h29.

São Paulo - A Comissão de Valores Mobiliários está investigando as negociações com ações do Banco PanAmericano SA após o preço dos papéis terem subido 10 por cento duas vezes nos seis dias antes da sua venda ao Banco BTG Pactual SA.

“Tinha matérias saindo no jornal, tinha o comportamento muito volátil das ações”, disse a presidente da CVM, Maria Helena Santana, em entrevista ontem na sede do órgão regulador no Rio de de Janeiro. “Se antes nada tinha nos chamado a atenção, e nesse caso obviamente tinha, a própria divulgação de fato relevante detona uma análise de um período anterior.”

O BTG Pactual SA assinou contrato para comprar o controle do PanAmericano do Grupo Silvio Santos, assumindo uma dívida de R$ 3,8 bilhões, de acordo com o Fundo Garantidor de Crédito. O BTG, fundado pelo bilionário André Esteves, está pagando o equivalente a R$ 450 milhões, medidos em termos de valor presente líquido, por 51 por cento das ações ordinárias do PanAmericano, disse Antonio Carlos Bueno, diretor-executivo do FGC, em uma entrevista ontem.

Os volumes negociados diariamente em ações do Panamericadno nos quatro dias antes da venda do banco foram em média de 5,5 milhões, mais que o dobro dos 2,8 milhões da média dos últimos três meses de acordo com dados da Bloomberg.

“A gente vai olhar o comportamento do papel do mercado, seja o volume fora de comum, seja a oscilação de preço muito grande, muito destoante de seus pares no mercado”, disse Maria Helena. “Existindo isso, a gente desce para uma camada mais e vai ver quem operou e vai questionar as empresas sobre quem esteve envolvido nas conversas.”

Contrapartes

A CVM obterá da BM&FBovespa a informação de quem são as contrapartes nas operações de compra e venda de ações e as empresas informarão quem foram todos os seus funcionários, administradores envolvidos e prestadores de serviços, disse Maria Helena. Depois a CVM cruza as informações.

O BTG não vai pagar em dinheiro pela participação no 21º maior banco brasileiro que está comprando do apresentador de televisão Silvio Santos, disse Bueno.

“A dívida está aí”, disse Bueno em entrevista por telefone ontem. “Só trocamos o devedor.”

Segundo Bueno, o BTG pode pagar a dívida com o desconto previsto “a qualquer momento”.

Assessores do Panamericano não atenderam a telefonemas e a um e-mail da Bloomberg feitos após o horário comercial. O BTG Pactual não quis comentar, segundo e-mail enviado por sua assessoria de imprensa externa em resposta a mensagem da Bloomberg. Uma assessora do Grupo Silvio Santos que não quis se identificar argumentando não ser porta-voz não quis comentar.

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