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Custo reduz captações de empresas abaixo do grau de investimento

O custo subiu ao nível mais alto em cinco meses em relação a empresas com mesma nota

A seca de emissões é reflexo da crise financeira europeia e do crescimento mais lento nos Estados Unidos (Dreamstime.com)

A seca de emissões é reflexo da crise financeira europeia e do crescimento mais lento nos Estados Unidos (Dreamstime.com)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2012 às 09h48.

Nova York - Companhias com classificação de risco abaixo do grau de investimento estão se afastando das captações internacionais com títulos. O custo subiu ao nível mais alto em cinco meses em relação a empresas com mesma nota.

A captação de US$ 350 milhões da Magnesita Refratários SA em 30 de março foi a última de uma empresa brasileira com nota abaixo de Baa3 na Moody’s Investors Service e de BBB- na Standard & Poor’s, segundo dados compilados pela Bloomberg. Títulos brasileiros com grau especulativo atualmente têm taxa de 8,4 por cento, ou 405 pontos-base a mais do que a dívida de companhias não financeiras com grau de investimento, segundo índices do Credit Suisse Group AG. A diferença chegou a 411 pontos-base, ou 4,11 pontos percentuais, na semana passada, a maior desde 23 de novembro.

A seca de emissões é reflexo da crise financeira europeia e do crescimento mais lento nos Estados Unidos. O Rodopa Exportação de Alimentos e Logística Ltda. cancelou uma oferta de títulos no mês passado após investidores exigirem taxas de pelo menos 13 por cento. Defaults da fabricante de produtos para o setor de petróleo Lupatech SA e da Centrais Elétricas do Pará SA, distribuidora de energia que pediu concordata, acentuaram as perdas de investidores em ativos de companhias brasileiras abaixo do grau de investimento.

“Começamos a ter um pouco de desaceleração na economia dos EUA e problemas na Europa começaram a voltar à superfície”, disse Monica Hanson, responsável por finanças globais da América Latina no Barclays PLC., em entrevista por telefone de Nova York. “Isso leva a liquidez para o fim da faixa de crédito, e nós não vemos a emissão natural seguir através do espaço de crédito.”

Queda das ofertas

Empresas brasileiras emitiram US$ 1,3 bilhão em dívida no exterior no abril mais fraco desde 2008, após captarem quantia recorde de US$ 25,6 bilhões nos primeiros três meses do ano, segundo dados compilados pela Bloomberg. Títulos sem grau de investimento registraram perdas de 1,1 por cento no mês passado, a maior baixa desde novembro, e comparado a um ganho de 7,1 por cento no primeiro trimestre, segundo o Credit Suisse.

Emissões globais de títulos de alto risco e rendimento caíram 27 por cento em abril ante o mês anterior, segundo dados compilados pela Bloomberg, à medida que o ritmo de criação de vagas nos Estados Unidos ficou mais lento e os custos de captação da Espanha aumentaram.

Sérgio Longo, diretor-geral executivo do Rodopa, disse em 23 de abril que a companhia cancelou seu plano para a primeira captação externa porque a deterioração da crise de dívida na Europa corroeu a demanda por ativos de maior rendimento.

“A taxa veio muito alta por causa da deterioração das condições de mercado deflagrada pela crise da dívida europeia”, disse Longo em resposta enviada por e-mail a perguntas em 23 de abril.

O Rodopa se negou a comentar quando contatado pela Bloomberg News.


Default da Lupatech

A Lupatech, sediada em Caxias do Sul, tornou-se a sexta empresa de mercados emergentes a entrar em default em 2012, após adiar um pagamento de juros sobre debêntures vencido em 15 de abril, segundo a S&P. A taxa dos títulos perpétuos em dólar da Lupatech, que continuam sendo honrados, saltou 73 pontos-base na última semana para 14,07 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Em 28 de fevereiro, a Celpa, sediada em Belém, pediu concordata, em processo que suspende o pagamento de todas as dívidas por seis meses. Os títulos em dólar emitidos pela Celpa caíram para US$ 0,47 por dólar, contra US$ 1,0425 por dólar em 27 de fevereiro, segundo o Trace, sistema de preços de títulos de dívida da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira.

Representantes das assessorias de imprensa externas da Lupatech e da controladora da Celpa, a Rede Energia SA, se negaram a comentar.

Neste ano até 25 de abril, 29 empresas deram calote na dívida, contra 13 em mesmo período no ano anterior, segundo a S&P.

‘Bem difíceis’

O Banco do Nordeste do Brasil SA e a petroquímica Braskem SA acessaram o mercado internacional de dívida na semana passada. O Banco do Nordeste, cuja nota BBB é a segunda mais baixa do grau de investimento, captou US$ 300 milhões em papéis com taxa de 4,5 por cento. A Braskem, com classificação BBB-, emitiu US$ 500 milhões em títulos com rendimento de 5,4 por cento.

“Empresas de grau especulativo, com classificação de único B, companhias pequenas, pequenas captações -- essas continuarão bem difíceis”, disse Alfredo Viegas, diretor gerente para mercados emergentes da Knight Capital, em entrevista por telefone de Greenwich, no estado americano de Connecticut. “Temos um mercado muito bifurcado nesse momento. Os emissores de qualidade ainda conseguem vir a mercado quando querem.”

Para Marco Aurelio de Sá, diretor do Crédit Agricole Securities, investidores podem voltar para os ativos mais arriscados porque os títulos com grau de investimento estão com preço exagerado.

“A América Latina está cara, especialmente as empresas com classificação elevada”, disse Sá em entrevista por telefone de Miami. “Os investidores vão voltar às apostas mais arriscadas, e o mercado de alto rendimento vai reabrir. Os fundamentos na América Latina ainda são positivos.”

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