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Custo da dívida pública é o maior em 16 meses com alta do dólar

Os investidores estão se desfazendo de títulos de dívida brasileira depois que o dólar se valorizou 11,6% em relação ao real nos últimos cinco dias

A alta da moeda americana alimenta especulações de que a inflação, já no maior nível em seis anos, pode aumentar ainda mais (David Siqueira/Stock.xchng)

A alta da moeda americana alimenta especulações de que a inflação, já no maior nível em seis anos, pode aumentar ainda mais (David Siqueira/Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2011 às 09h13.

Brasília e Nova York - O governo brasileiro tomou medidas para fortalecer o real pela primeira vez desde 2009 e reduziu a oferta de títulos no leilão de dívida pública depois que a disparada do dólar levou as taxas à maior alta em 16 meses.

O rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 subiu 0,59 ponto percentual nos últimos cinco dias, para 12,26 por cento, o maior salto desde o período encerrado em 6 de maio de 2010, segundo dados compilados pela Bloomberg. A taxa de títulos com vencimento similar do México aumentou 0,38 ponto percentual no mesmo período, enquanto o rendimento dos papéis de dez anos do Tesouro americano caiu 0,22 ponto percentual, para 1,6961 por cento ao ano ontem.

Os investidores estão se desfazendo de títulos de dívida brasileira depois que o dólar se valorizou 11,6 por cento em relação ao real nos últimos cinco dias. A alta da moeda americana alimenta especulações de que a inflação, já no maior nível em seis anos, pode aumentar ainda mais, além de ampliar a venda de papéis, que tem como combustível a perda de força da economia mundial.

Operadores estão apostando que o BC vai reduzir a taxa básica de juros na sua próxima reunião de política monetária, após o corte maior que o esperado na reunião de agosto ter ajudado o real a ser a moeda de pior desempenho entre as mais importantes do mundo no mês.

“A fraqueza do real e o corte agressivo dos juros adicionou prêmio de risco para a inflação, na parte longa da curva”, disse Siobhan Morden, chefe de estratégia para América Latina do RBS Securities inc., em entrevista por telefone, de Stamford, Connecticut. “Os vencimentos mais longos são também mais sensíveis à aversão geral a risco.”

A alta de 18,5 por cento do dólar nos últimos 30 dias levou investidores que aplicam em títulos públicos locais a terem uma perda de 15,3 por cento em dólares, a maior baixa entre papéis de mercados emergentes, de acordo com o JPMorgan Chase & Co. A dívida de mercados emergentes acumula desvalorização de 8,4 por cento este mês, eliminando o ganho no ano. Os títulos do Tesouro americano deram retorno de 1,7 por cento em setembro, ampliando a alta em 2011 para 8,9 por cento.


Swaps cambiais

O BC colocou ontem 55.075 contratos de swap cambial, em operações que equivalem a vender dólares no mercado futuro. A última vez que o BC tinha entrado no mercado de derivativos para enfraquecer o dólar foi em 26 de junho de 2009, segundo a própria instituição. A medida desta quinta-feira marcou uma reversão na estratégia vigente há 28 meses de comprar dólares para depreciar o real.

“O BC tem a intenção de continuar atuando no mercado futuro de dólar enquanto entender que as condições de liquidez exigem.”, disse Aldo Mendes, diretor de Política Monetária do BC, em entrevista por telefone. “Não tem limite, é enquanto entender que precisa.”

O Tesouro Nacional vendeu ontem R$ 1,07 bilhão em títulos prefixados, a menor quantia no ano, comparado a R$ 4,9 bilhões no último leilão de papéis prefixados, em 15 de setembro.

”O momento é de volatilidade e o Tesouro sempre procura atuar de maneira conservadora quando isso acontece’’, disse o subsecretário do Tesouro, Paulo Valle. “O Tesouro tem que pagar mais para vender títulos prefixados quando há volatilidade.”

Perspectiva para os juros

Operadores do mercado de juros futuros esperam que o BC reduza a Selic em pelo menos 50 pontos-base na reunião de 18 e 19 de outubro, segundo dados compilados pela Bloomberg. O Brasil se juntou à Turquia em 31 de agosto como os únicos países do Grupo dos 20 a baixar juros nos últimos dois meses, a fim de sustentar o crescimento econômico. O Comitê de Política Monetária, liderado pelo presidente Alexandre Tombini, cortou a Selic em meio ponto percentual para 12 por cento, após ter subido o juro básico nas cinco reuniões anteriores.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo avançou 7,23 por cento nos 12 meses até agosto, rompendo o teto da meta de 6,5 por cento pelo quinto mês consecutivo. A meta do BC é de inflação de 4,5 por cento, com dois pontos percentuais de tolerância para cima ou para baixo.

A redução na Selic veio após a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras e restrições em determinadas operações, com o objetivo de conter a disparada de 46 por cento do real entre o final de 2008 e agosto último, que vinha prejudicando o lucro dos exportadores.

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