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Cresce aposta que BC estoura meta de inflação no governo Dilma

Taxa "implícita" da inflação nos mercados - vinda do rendimento dos papéis do Tesouro - subiu para 6,78%

Dilma pretende baixar a Selic em 2011 com cortes de gastos, o que preocupa os mercados (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Dilma pretende baixar a Selic em 2011 com cortes de gastos, o que preocupa os mercados (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2010 às 07h36.

Nova York/Brasília - O mercado está apostando que o governo Dilma Rousseff não conseguirá cumprir a meta de inflação. Além da alta das commodities, vem aumentando o receio de que a presidente eleita não tomará as medidas necessárias para conter o avanço do gasto público.

A taxa implícita de inflação, derivada dos rendimentos dos papéis do Tesouro Nacional com vencimento em 2012, subiu para 6,78 por cento em 19 de novembro. É o nível mais alto desde dezembro de 2008 e ultrapassa 6,5 por cento, que é o limite máximo de tolerância em torno da meta de 4,5 por cento. A taxa implícita reflete a diferença entre os rendimentos das notas do Tesouro prefixadas e as indexadas ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.

O salto de 27 por cento nos gastos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos nove primeiros meses deste ano e a maior taxa de inflação desde maio levam ao aumento nas apostas em alta de juros em 2011. Dilma, que foi chefe da Casa Civil de Lula, disse em 8 de novembro que dará continuidade às políticas econômicas do antecessor.

“Se você olhar para a taxa implícita, o mercado está prevendo muita inflação”, disse Warren Hyland, chefe de mercados emergentes na Schroder Investment Management Ltd em Londres. Está “acima da zona de conforto do Banco Central”.

A taxa dos contratos de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2012 disparou 43 pontos-base desde o início do mês para 11,77 por cento. Esse nível sinaliza que operadores esperam que o BC suba a Selic dos atuais 10,75 por cento para cerca de 13 por cento até o fim do ano que vem, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Fundamentos

O BC afirmou num comunicado que não comenta movimentos e projeções do mercado.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse em entrevista ontem em Brasília que não há motivo para estimativas de inflação e juros mais altos.

“Expectativa que temos é de fundamentos macroeconômicos que levem o país a ter inflações menores e juros menores no futuro”, disse o secretário. “Se, em algum momento, há algum nervosismo ou ansidedade, respeitamos, mas não há motivo para isso.”

A última vez que a inflação chegou ao teto da meta foi em outubro de 2008, quando a disparada do dólar em relação ao real depois do colapso do Lehman Brothers Holdings Inc. levou a um salto nos preços de importados.

Os esforços de Dilma para conter o gasto público vão permitir que o BC reduza a taxa básica de juros no ano que vem, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, numa entrevista em 13 de novembro. Mantega aceitou o convite para continuar no cargo no governo Dilma, disse uma pessoa familiarizada com o assunto em 19 de novembro.

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