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Como a alta da Selic pode impactar o valuation e as ações das companhias

Analista Bruno Lima explicou em live qual o impacto que a elevação da taxa básica de juro tem sobre o fluxo de caixa das empresas

Se a taxa Selic sobe, o custo de capital aumenta e o valor da empresa cai, explica Lima (Peopleimages/iStockphoto)

Se a taxa Selic sobe, o custo de capital aumenta e o valor da empresa cai, explica Lima (Peopleimages/iStockphoto)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 18 de março de 2021 às 15h08.

Última atualização em 18 de março de 2021 às 15h46.

Na quarta-feira, 17, o Banco Central aumentou a taxa básica de juro da economia, a Selic, de 2% para 2,75% ao ano — primeiro aumento desde 2015. Para as empresas, a mudança impacta diretamente em seu valuation, ou seja, no valor da companhia.

“O que gera valor para as empresas é a diferença entre o capital investido e o custo de capital. Se a taxa Selic sobe, o custo de capital aumenta e o valor da companhia cai, o que pode levar a uma correção nas ações em um primeiro momento”, explicou Bruno Lima, analista da EXAME Invest Pro, em live realizada nesta quinta-feira.

Lima argumentou, no entanto, que a recuperação da atividade econômica pode fazer um contraponto à redução no fluxo de caixa causada pelo aumento da Selic. “Se a perspectiva de atividade econômica é de crescimento, isso se reflete na perspectiva de caixa futuro e pode neutralizar o aumento dos juros”.

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É o que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos. Com um plano de vacinação avançado e a reabertura da economia já no horizonte, as empresas do país esperam que a dinâmica de recuperação seja suficiente para neutralizar um possível aumento nas taxas de juro.

O problema, neste caso, é que o banco central americano não pretende subir as taxas tão cedo. O Federal Reserve (Fed) apresentou ontem sua decisão de política monetária e deixou claro que vai manter as taxas de juro nos Estados Unidos próximas de zero até 2023, como forma de estimular o pleno emprego e a estabilidade de preços.

“Crescem os temores de que a inflação americana acelere muito, a ponto de obrigar as empresas a consumir boa parte da situação de caixa antes mesmo da economia se recuperar”, destaca o analista.

No Brasil, a Selic já subiu e tem espaço para avançar mais. Porém, o país conta com algo que os Estados Unidos não têm: graves problemas fiscais. 

“Por aqui, uma discussão bem relevante é a ancoragem da expectativa fiscal de longo prazo. É algo que precisa ser resolvido através de reformas, e são essas mudanças que vão fazer o mercado ter, de fato, mais apetite pela economia doméstica”, concluiu Lima.

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