Bolsa: apesar da entrada de estrangeiros, o saldo ainda é negativo em mais de 70 bilhões de reais (Amanda Perobelli/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 11 de novembro de 2020 às 17h32.
Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 19h49.
O fluxo estrangeiro para a bolsa brasileira começa a acelerar à medida que o progresso no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus e a vitória do democrata Joe Biden nas eleições nos Estados Unidos impulsionaram o apetite dos investidores globais por ativos de risco.
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Investidores estrangeiros ingressaram com cerca de 4,5 bilhões de reais em ações na B3 na segunda-feira, 9, a maior entrada líquida diária desde pelo menos 2008, de acordo com dados da bolsa compilados pela Bloomberg. No acumulado do ano, o número ainda está negativo em 77,1 bilhões de reais, desconsiderando a entrada via ofertas de ações, em meio à frágil situação fiscal do país.
O índice Bovespa reduziu a queda acumulada em 2020 e atingiu o nível mais alto desde o final de julho na terça-feira, em meio a uma combinação de rali das ações emergentes, um dólar americano mais fraco e rotação global para ativos mais descontados. As ações brasileiras e latino-americanas ainda apresentam performance inferior à de seus pares de países em desenvolvimento desde o começo do ano.
“Segunda-feira é um bom exemplo de melhora na dinâmica de fluxos para ações emergentes”, disse Morgan Harting, que supervisiona cerca de 2,9 bilhões de dólares na Alliance Bernstein em Nova York. “Isso pode se estender por um bom tempo”, disse ele, acrescentando que as altas expectativas de crescimento dos lucros têm sido apoiadas pelos resultados corporativos recentes.
Na semana passada, fundos de índices dedicados a mercados emergentes viram a maior entrada de recursos em dez meses, com casas como o UBS Wealth Management afirmando que um governo dividido nos Estados Unidos — com o Senado controlado pelos republicanos — poderia ser positivo para as ações emergentes, diante de expectativas de um Federal Reserve mais dovish.
“As ações latino-americanas tendem a ter um bom desempenho em um cenário de recuperação do PIB global, baixas taxas de juro ao redor do mundo e um dólar fraco”, disse Ed Kuczma, que administra fundos de ações da América Latina na BlackRock. Essas características “provavelmente persistirão em 2021”.