Dólar: apesar da ação do banco, as perspectivas não parecem lá muito promissoras (Marcos Brindicci/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2018 às 05h59.
Última atualização em 8 de maio de 2018 às 07h17.
Após uma semana caótica, o Banco Central da Argentina divulga, nesta terça-feira 8, seu informe mensal sobre a política monetária. O documento faz uma avaliação do contexto macroeconômico e das ações do banco, além de apontar perspectivas para o futuro.
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Num momento de escalada do dólar e sucessivos aumentos da taxa de juros — fantasmas históricos da economia argentina –, a divulgação desta terça-feira ganha contorno de plano de guerra. As perspectivas não parecem lá muito promissoras.
A perspectiva de novas altas dos juros americanos tirou dinheiro dos mercados emergentes e contribuiu para a desvalorização das moedas desses países, como no Brasil — na semana passada, o dólar atingiu os maiores patamares dos últimos dois anos por aqui. Mas nenhuma moeda se desvalorizou tanto quanto o peso, que, no ano, acumula queda de 15,2% em relação à moeda americana.
Somente na semana passada, o dólar passou dos 20,50 pesos para a alta histórica de 23,30 pesos, um aumento de 13,70%. Para conter a moeda, o Banco Central argentino anunciou, na última sexta-feira, um terceiro aumento consecutivo na taxa de juros em uma semana, para 40%. Um dia antes, na quinta-feira, a taxa havia passado de 30,25% para 33,25%. Seis dias antes, a taxa estava em 27,25%.
Além de mexer com a taxa de juros, o Banco Central também determinou que, a partir desta segunda-feira 7, os bancos diminuam sua posição máxima de dólares, de 30% para 10%. A ideia é que, com a medida, os bancos vendam suas divisas, injetando mais dólares na economia e aliviando a pressão cambial.
O Ministério da Fazenda anunciou, também na última sexta, um endurecimento da meta fiscal deste ano, que passou de 3,2% do PIB para 2,7%. Tudo isso conteve a moeda americana, que abriu em baixa nesta segunda-feira, fechando em 22,33 dólares. Mas na imprevisibilidade do câmbio argentino, nunca se sabe quando ela pode voltar a subir.
Como mostra o relatório de abril sobre a política monetária no país, nem o próprio Banco Central Argentino sabe. No documento do mês passado, o banco afirma que “não se preveem depreciações significativas do peso devido aos fundamentos macroeconômicos e a própria ação do Banco Central”.
Já no comunicado que justificou a alta dos juros na última sexta, o banco afirmou que tomou essas decisões para “evitar um comportamento disruptivo do mercado” e garantir o “processo de desinflação”.
Afirmou também que “conduzirá sua política monetária para alcançar a meta intermediária de inflação de 15% em 2018” (atualmente, o índice está em torno dos 20%) e que continuará usando todas as ferramentas a seu alcance.
Uma questão de fundo é em quanto a disparada do câmbio vai afetar a aprovação do governo de Mauricio Macri, que assumiu o país no fim de 2015 e não tem conseguido resultados concretos em sua cruzada contra as políticas populistas da ex-presidente Cristina Kirchner. Atualmente a aprovação está em confortáveis 40% a 45%. Mas, na Argentina, é bom não brigar com o câmbio.