São Paulo - O dólar acelerava a alta em relação ao real nesta sexta-feira, superando o patamar de 2,35 reais, num momento de pessimismo com os fundamentos da economia brasileira, que podem forçar ainda mais para cima a moeda norte-americana.

Às 11h29, a moeda dos Estados Unidos subia 0,77 por cento, a 2,3565 reais na venda, com um movimento descolado do exterior.

A alta do dólar no Brasil está sendo afetada, como em outros emergentes, pela expectativa de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, comece a reduzir em breve as compras mensais de títulos no valor de 85 bilhões de dólares, o que aumentou a liquidez do mercado internacional.

Mas a fraqueza do real está mais acentuada do que outras moedas similares devido à falta de confiança neste momento sobre o desempenho da economia brasileira à frente.

Analistas do mercado de câmbio têm sublinhado que a autoridade monetária não conseguirá reverter a tendência de alta atuando apenas no mercado futuro, como vem fazendo, e precisaria também atuar no à vista.

Mas esse não foi o sinal dado na quinta-feira quando o BC anunciou que iniciaria a rolagem de 100.800 contratos de swap cambial tradicional --que funciona como uma venda futura de dólares-- que vencem em 2 de setembro de 2013. Os contratos equivalem a 5 bilhões de dólares.

"O BC informa ainda que, além desta rolagem, continuará com sua política de intervenções pontuais no mercado futuro de câmbio", informou a nota divulgada na noite de quinta-feira.

---

Diante disso, crescem as expectativas de que a moeda norte-americana continuará subindo com força no Brasil.

Para o Barclay's, o dólar terá elevação gradual chegando a 2,45 reais nos próximos 12 meses. "Estamos preocupados que a deterioração dos fundamentos brasileiros (conta fiscal pior, aumento do déficit em conta corrente e falta de planejamento de longo prazo do governo) levará a um downgrade de crédito no primeiro trimestre de 2014, o que pressionará mais o real."

Rolagem

O BC iniciou nesta manhã a rolagem dos 100.800 contratos que vencem no início setembro. Nesta primeira etapa foram vendidos o lote total de 20 mil contratos, cujo vencimento ficou para 1º de abril do ano que vem. O volume financeiro foi equivalente a 989 milhões de dólares.

"No curtíssimo prazo o mercado está meio assustador, tem a pressão de rolagem de 5 bilhões de dólares de swap cambial e tem a possibilidade de o Fed diminuir estímulo", resumiu o superintendente de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira.