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Com cautela política, dólar fecha no maior nível do mês ante real

Por causa da tramitação da segunda denúncia contra o presidente Temer na Câmara, a moeda retomou ao patamar de 3,15 reais

DÓLAR: analistas mais otimistas já projetam dólar próximo dos 3 reais, outros seguem com 3,48 no radar  / Gary Cameron/Reuters (Gary Cameron/Reuters)

DÓLAR: analistas mais otimistas já projetam dólar próximo dos 3 reais, outros seguem com 3,48 no radar / Gary Cameron/Reuters (Gary Cameron/Reuters)

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Reuters

Publicado em 25 de setembro de 2017 às 17h24.

São Paulo - O dólar subiu nesta segunda-feira e retomou o patamar de 3,15 reais, o mais alto desde o final do mês passado, acompanhando a valorização da moeda no exterior num ambiente de aversão ao risco, e em meio à cautela com a cena política local, com a tramitação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara.

O dólar avançou 0,95 por cento, a 3,1574 reais na venda, maior nível desde os 3,16 reais de 30 de agosto. Na máxima, a moeda marcou 3,1608 reais e, na mínima, 3,1267 reais. O dólar futuro subia 1 por cento.

"A crise geopolítica acabou servindo de justificativa para uma realização de lucros", avaliou um profissional da mesa de derivativos de uma corretora local. "Mesmo com o desmentido norte-americano, o dólar seguiu com alta firme."

O ministro de Relações Exteriores norte-coreano disse nesta segunda-feira que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou guerra contra a Coreia do Norte e que Pyongyang tem o direito de tomar contramedidas.

A Casa Branca rebateu as declarações, dizendo que a afirmação do ministro norte-coreano era absurda e que os Estados Unidos não declararam guerra ao país asiático.

No exterior, o dólar avançava ante uma cesta de moedas, ajudado ainda pelo recuo do euro após as eleições alemãs na véspera, e também tinha valorização ante divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.

Merkel conquistou o quarto mandato no domingo, mas terá que construir uma coalizão difícil para formar um governo depois que seus conservadores perderam apoio diante do partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD).

A trajetória de alta da moeda no exterior era reforçada ainda por declarações do presidente do Federal Reserve de Nova York, William Dudley.

Ele afirmou que o banco central norte-americano caminha para aumentar gradualmente as taxas de juros, dado que os fatores da desaceleração da inflação estão "desaparecendo" e os fundamentos da economia do país estão sólidos.

Do lado doméstico, a cena política local continua sendo observada bem de perto pelos investidores, com a expectativa pela leitura da nova denúncia contra o presidente Michel Temer.

"O início da tramitação da segunda denúncia contra Michel Temer deverá catalisar as atenções do mundo político, devendo paralisar os trabalhos no Congresso pelas próximas três semanas", destacou a SulAmérica Investimentos em relatório, acrescentando que isso pode prejudicar a tramitação da reforma da Previdência.

A nova denúncia contra Temer o acusa de liderar uma organização criminosa e de obstrução de Justiça. A expectativa era de que fosse lida nesta segunda-feira, mas, sem quórum, não houve sessão plenária. A expectativa, agora, é que a leitura ocorra na manhã seguinte.

Cabe à Câmara dos Deputados decidir se autoriza o Supremo Tribunal Federal a analisar a denúncia para decidir sobre sua eventual aceitação.

Também seguem no foco dos operadores as negociações sobre o programa de renegociação de dívidas de empresas, o Refis, cujo prazo acaba na sexta-feira. Executivo e Legislativo ainda não chegaram a um acordo.

O BC vendeu integralmente a oferta de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional --equivalentes à venda futura de dólares-- no leilão para rolagem do vencimento de outubro. Desta forma, até agora já foram rolados 4,2 bilhões de dólares do total de 9,975 bilhões de dólares que vence no mês que vem.

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