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Clientela institucional da BlackRock migra para capital privado

Maiores gestora do mundo vem tentando entrar no segmento de investimentos alternativos

BlackRock tenta expandir suas ofertas para além dos produtos indexados, que ainda representam cerca de dois terços dos ativos sob gestão. (Brendan McDermid/Reuters)

BlackRock tenta expandir suas ofertas para além dos produtos indexados, que ainda representam cerca de dois terços dos ativos sob gestão. (Brendan McDermid/Reuters)

TL

Tais Laporta

Publicado em 28 de outubro de 2019 às 07h00.

Última atualização em 28 de outubro de 2019 às 07h07.

Quase metade dos clientes institucionais da BlackRock planeja aumentar a alocação em classes de ativos de capital fechado, informou Mark Wiseman, responsável global por renda variável ativa.

“Isso é profundo”, disse Wiseman na quinta-feira durante a conferência de investidores C4K, em Toronto. “Nunca vimos números como estes.” A instituição fez uma pesquisa junto a esses clientes, que representam US$ 9 trilhões em ativos.

Com o aumento da eficiência nos mercados abertos, ficou difícil obter retornos superiores. Assim, investidores institucionais buscam mercados privados para gerar alfa, explicou ele.

A BlackRock tenta expandir suas ofertas para além dos produtos indexados, que ainda representam cerca de dois terços dos ativos sob gestão. A firma sediada em York, que supervisiona US$ 6,9 trilhões, vem tentando entrar no segmento de investimentos alternativos, que incluem private equity, fundos de hedge, commodities e imóveis.

No ano passado, a maior gestora de ativos do mundo revelou esforços para levantar até US$ 12 bilhões para um veículo do tipo private equity chamado Long Term Private Capital, que compra participações em empresas de capital fechado. A operação havia captado US$ 2,75 bilhões até abril e assinou o primeiro acordo em agosto, apoiando uma empresa que gerencia marcas como Sports Illustrated, Marilyn Monroe e Juicy Couture.

A BlackRock enfrentou desafios para captar recursos para o fundo, admitiu Wiseman durante a conferência Bloomberg Invest, em junho. Ele preside a divisão de negócios alternativos, que administrava US$ 167 bilhões em 30 de setembro.

Antes de ingressar na BlackRock em 2016, Wiseman comandava o Comitê de Investimentos do Plano Previdenciário do Canadá. Ele é apontado como um dos sete candidatos à sucessão do CEO Larry Fink, que completa 67 anos em novembro.

Wiseman acredita que o futuro da indústria de gestão de ativos está em big data. A divisão de renda variável da BlackRock faz aquisições de 400 a 500 conjuntos de dados exclusivos de uma vez e triplicou o orçamento para dados nos últimos dois anos, acrescentou ele. A firma usa fontes de dados alternativos para prever vendas, tráfego de clientes, estoques e outras métricas.

“Hoje na BlackRock temos melhores informações sobre a maioria das empresas do que as equipes dos diretores financeiros delas”, disse Wiseman. “Quem espera o relatório trimestral ou anual de uma empresa para fazer um investimento está morto”, acrescentou. Essas informações são “precificadas pelo mercado antes que dê tempo de abrir o arquivo PDF e muito menos de imprimir o relatório”.

Em entrevista à Bloomberg TV, Wiseman também compartilhou as seguintes opiniões:

* O fracasso do plano de abertura de capital (IPO) da WeWork mostra a necessidade de “fazer diligência e entender a qualidade do ativo em que se investe”, embora seja difícil tirar conclusões a partir da história de um único empreendimento.

* As empresas estão mantendo o capital fechado por mais tempo devido à disponibilidade de recursos fora dos mercados abertos e para evitar os custos e questões de transparência de uma companhia listada.

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