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Chefe de fundo de US$ 1 tri se prepara para ruptura no comércio

O investidor possui cerca de 1,4% das ações globais e acompanha os índices de perto, por isso é difícil evitar interrupções na economia quando elas ocorrem

Guerra comercial: CEO do fundo está analisando os sinais vindos dos EUA e da China com mais atenção que a maioria (andriano_cz/Thinkstock)

Guerra comercial: CEO do fundo está analisando os sinais vindos dos EUA e da China com mais atenção que a maioria (andriano_cz/Thinkstock)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 30 de setembro de 2018 às 08h14.

Última atualização em 30 de setembro de 2018 às 08h14.

(Bloomberg) -- O homem que dirige o maior fundo soberano de investimento do mundo está tentando descobrir quanto dano uma guerra comercial geral e global poderia causar a seu portfólio.

Yngve Slyngstad, 55, CEO do fundo norueguês de US$ 1 trilhão, administra investimentos em mais de 70 países e 9.000 empresas espalhadas pelo mundo. Com tamanha exposição à economia global, ele está analisando os sinais vindos dos EUA e da China com mais atenção que a maioria.

“É bem possível que haja uma ruptura no comércio”, disse Slyngstad, em entrevista à Bloomberg TV, em Nova York.

O fundo, que investe a riqueza do petróleo da Noruega no exterior, foi criado para colher os frutos da globalização e do crescimento que ela impulsiona. O investidor possui cerca de 1,4 por cento das ações globais e acompanha os índices de perto, por isso é difícil evitar interrupções na economia global quando elas ocorrem.

Slyngstad está preocupado com o destino da China nesta nova ordem mundial. Mas também questiona o futuro das cadeias de abastecimento globais que fazem o setor de manufatura funcionar e das quais empresas como a Apple dependem para fabricar aparelhos de iPhone na China.

“A longo prazo, é interessante saber se as cadeias de abastecimento internacionais serão reconfiguradas”, disse. “É interessante saber se realmente haverá duas cadeias regionais, uma centrada nos EUA e outra centrada na China, ou se ainda teremos uma cadeia de abastecimento globalizada, como temos hoje.”

Nos últimos anos, o fundo vem tentando espalhar os investimentos de modo mais uniforme pelo mundo, construindo uma participação de cerca de 10 por cento nos mercados emergentes e entrando até mesmo em mercados de fronteira. As consequências da guerra comercial foram difíceis de ignorar no balanço do segundo trimestre, quando o fundo perdeu 5,7 por cento com as ações dos mercados emergentes e 4 por cento com as ações chinesas.

Fatia igual

O fundo tem poucos lugares para se esconder de uma guerra comercial, mas continua comprometido com o objetivo de espalhar os investimentos. “Nós simplesmente investimos uma fatia igual em todo o mundo”, disse Slyngstad.

O horizonte de investimento do fundo é de longuíssimo prazo e se baseia na expectativa de que as escolhas éticas aqui e agora realmente farão sentido do ponto de vista econômico mais adiante. Com visão para várias gerações adiante, o fundo espera que a atenção à gestão do oceano e à proteção do clima ofereçam recompensas financeiras. O fundo já exclui o carvão e propôs se desfazer de todas as ações do setor de petróleo e gás para reduzir a exposição geral da Noruega ao petróleo. A proposta está sendo analisada pelo governo norueguês.

Um risco que não abala o fundo é o Brexit. O investidor continua apostando no Reino Unido e em Londres, onde possui grandes quantidades de imóveis, incluindo boa parte da Regent Street.

“Nossa confiança em Londres é forte”, disse Slyngstad. “Acima de tudo, não como centro financeiro, mas como uma capital mundial. Muitas atividades que ocorrem lá são fundamentais e cruciais para a economia mundial, por isso seremos investidores a longo prazo em Londres e no Reino Unido em geral.”

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