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Cenário 2015 com Dilma tem dólar a R$ 2,80, diz MCM

Segundo consultoria, sem Dilma na presidência o dólar cairia para R$ 2,20


	Presidente Dilma: consultoria espera um IPCA acima do teto da meta, caso a presidente seja reeleita
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Presidente Dilma: consultoria espera um IPCA acima do teto da meta, caso a presidente seja reeleita (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2014 às 15h59.

São Paulo - A MCM Consultores traçou dois cenários para o país em 2015 de acordo com o resultado da eleição presidencial.

Em ambos, a consultoria espera um ano de ajustes, doméstico e internacional, pouco crescimento e inflação ainda pressionada. As diferenças mais marcantes entre os cenários seriam em 2016.

De maneira resumida, a MCM espera, no caso de reeleição da presidente Dilma Rousseff, um IPCA acima do teto da meta, em 6,8%, juros mais altos, de 12,5%, dólar também mais elevado, em R$ 2,80 e um crescimento do PIB de 1%.

Já no caso de vitória da oposição, a inflação ficaria um pouco mais baixa, em 5,9%, a Selic subiria menos, para 11,5%, o dólar cairia para R$ 2,20 e o PIB cresceria um pouco mais, 1,5%.

A consultora não fez uma diferenciação para o caso de vitória de Aécio Neves, do PSDB, ou de Marina Silva, do PSB, apesar de as plataformas dos dois não serem exatamente iguais.

Partiu do princípio, portanto, que ambos devem representar uma mudança na política econômica de volta para o tripé câmbio flutuante, superávit primário e metas de inflação, com menor intervenção do Estado.

A MCM também não atribuiu probabilidade para os cenários de reeleição ou de vitória da oposição.

Cenário comum para qualquer presidente

Como pano de fundo para o cenário pós-eleitoral, a consultoria acredita em um inevitável ajuste de preços administrados, com ênfase na energia.

Podem começar já no fim deste ano os alertas das agências de classificação de risco sobre o rating brasileiro, com a possibilidade até de piora nas perspectivas das notas do país por conta dos dados muito ruins de crescimento e na área fiscal.

“Tais manifestações teriam o objetivo de pressionar o próximo governo a implementar – seja ele quem for – mudanças mais marcantes na política econômica”, acredita a consultoria.

A expectativa de mais chuva e um crescimento econômico mais modesto devem também evitar um racionamento de energia em 2015.

No cenário internacional, a expectativa é de crescimento mais modesto na Europa, dúvidas com as questões financeiras na China, a sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que a alta dos juros pode começar já o primeiro trimestre de 2015 ou até mesmo no fim de 2014 e as tensões geopolíticas na Rússia e Oriente Médio afetando os prêmios de risco e os fluxos de comércio.

Reeleição e tentativa de retomar credibilidade

No primeiro cenário, de reeleição da presidente Dilma, a MCM acredita que ela dará continuidade à política econômica atual, mesmo que com algumas mudanças na equipe econômica. A linha mestra seguirá ditada pelo Palácio do Planalto.

“Contemplamos nesse cenário um esforço de reconstrução de credibilidade que, ao fim e ao cabo, mostra-se insuficiente para engendrar uma clara inflexão da deterioração da confiança dos empresários”, avalia a consultoria.

Assim, o governo Dilma II daria passos para melhorar o gerenciamento das contas públicas. Impostos reduzidos no primeiro mandato, como IPI, são gradualmente elevados, com a possível volta da CMPF, o imposto do cheque.

O crescimento real do gasto público seria contido, de 6% ao ano para 3,3% e o superávit primário atingiria 1,5% do PIB.

Os juros seguiriam em 11% ao ano, aproveitando a inflação mais moderada.

Mercado cansa de esperar

Em um segundo momento, porém, os mercados chegariam a conclusão de que a arrumação fiscal não representa uma mudança fundamental, mas apenas um freio de arrumação, o que travaria a leve melhora da confiança e dos investimentos.

Junto com a alta dos preços administrados, essa frustração limitaria o crescimento da economia a 1% no ano que vem.

Com a visão de que as mudanças são pequenas, já no primeiro trimestre, os prêmios de risco brasileiros subiriam, coincidindo com os sinais do Fed de alta dos juros americanos.

Os dois fatores levariam o real a se desvalorizar fortemente e o dólar iria rapidamente para R$ 2,60, fechando o ano entre R$ 2,70 e R$ 2,90.

Com uma alta de 15% no dólar, haveria um aumento de 0,8 ponto percentual na inflação anual, que ultrapassaria o teto da meta, de 6,5%.

Com isso, o BC aumentaria a Selic em três reuniões para 12,50%. Mesmo assim, o IPCA fecharia o ano acima da meta, acredita a MCM.

As agências de risco tenderiam a derrubar o rating do país ainda em 2015, “adicionando lenha à fogueira cambial e tornando difícil o não estouro da meta”.

Sem radicalização econômica

Para a MCM, a “manutenção do espírito atual da política econômica, marcada por viés mais intervencionista e flexibilização do tripé macroeconômico seguido na era FHC e Lula” significará crescimento potencial menor, na casa dos 2% após 2015 e inflação estacionada perto do teto da meta.

Apesar disso, a consultoria não acredita em uma “radicalização da política econômica, ou seja, uma migração em direção a modelos ultra-heterodoxos (como na Argentina e Venezuela)”. Assim, a MCM não espera uma crise econômico institucional.

Eventual vitória da oposição

Já no segundo cenário, de eleição de um presidente ou presidenta de oposição, a consultoria espera uma mudança “de forma contundente, ainda que pautada pelo gradualismo” nas políticas macro e microeconômicas.

Os novos integrantes da equipe econômica agradariam os mercados e seriam capazes de recuperar a confiança, apesar das dificuldades no primeiro ano.

Nesse cenário, o juro subiria em duas ou três reuniões do Copom para 12,5%, sinalizando que o objetivo é fazer a inflação voltar ao centro da meta, de 4,5% ao ano já no fim do segundo ano do mandato ou no mais tardar no terceiro.

Simultaneamente, seria apresentado um plano de ajuste fiscal estrutural, de longo prazo, e uma reforma fiscal, com controle mais rígido dos gastos até que a inflação volte a convergir para o centro da meta.

O superávit primário subiria para 1,9% do PIB em 2015 e para 2,5% a 3% nos anos seguintes.

“Nesse contexto, a taxa de juros poderia ser reduzida já no final do próximo ano”, acredita a MCM.

O crescimento do PIB ficaria entre 1,5% e 2% em 2015, limitado pela alta dos juros, pelo ajuste fiscal e pelo choque de tarifas, mas impulsionado pela melhora na confiança e nos investimentos.

Com mais confiança e juro alto, o dólar poderá cair no começo do novo mandato, para R$ 2,00, mas o movimento seria revertido pela alta dos juros nos EUA e pela desmontagem de operações os mercados futuros, o que levaria o dólar para R$ 2,20 no fim de 2015.

A inflação fecharia 2015 perto de 6% pela pressão forte dos reajustes das tarifas, recuando depois, em 2016, para 4,5% a 5% ao ano.

Diante das mudanças fiscais e melhora no crescimento potencial do país, a MCM espera que as agências de rating mantenham a nota brasileira.

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