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Captações externas caem com crise na Europa e nos EUA

As empresas brasileiras estão evitando o mercado internacional de dívida em meio a especulações de que um segundo pacote de resgate da Grécia não contenha a crise fiscal

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2011 às 11h00.

Nova York e São Paulo - As captações de empresas brasileiras no exterior estão no menor nível em um ano com a crise sobre as dívidas de países da Europa e dos Estados Unidos reduzindo a demanda por ativos de maior rendimento.

As ofertas somaram US$ 2,45 bilhões desde 31 de maio, o menor valor para dois meses desde o período equivalente terminado em junho de 2010, segundo dados compilados pela Bloomberg. As captações caíram 81 por cento em relação aos US$ 12,8 bilhões colocados em abril e maio e 48 por cento em relação aos mesmos meses em 2010. As operações de empresas mexicanas caíram 75 por cento no mesmo período, enquanto as de companhias da Rússia subiram 5 por cento.

As companhias brasileiras estão evitando o mercado internacional de dívida em meio a especulações de que um segundo pacote de resgate da Grécia não consiga conter a crise fiscal na Europa. Também pesam os receios com o impasse nos Estados Unidos quanto à necessidade de elevar o teto de endividamento do governo para evitar uma moratória no mês que vem.

O prêmio médio que investidores exigem para deter títulos corporativos brasileiros em vez de bônus do Tesouro americano subiu para 275 pontos-base, ou 2,75 ponto percentual, contra 254 pontos-base no fim de abril, de acordo com o JPMorgan Chase & Co.

“O apetite dos investidores por risco e para participar de novas ofertas está menor com as preocupações com a Europa e os EUA circulando no mercado”, disse Omar Zeolla, analista de crédito de mercados emergentes da RBS Securities Inc. em Stanford, no Estado americano de Connecticut, em entrevista por telefone. “Isso mantém novos emissores afastados, esperando que esses problemas sejam resolvidos e por um momento mais favorável para vir a mercado.”

Reduzindo ritmo

A desaceleração nas emissões está limitando o aumento que vem se apresentando nas captações brasileiras este ano.

Lideradas pela Petróleo Brasileiro SA e pelo Banco do Brasil SA, empresas brasileiras já captaram US$ 30,8 bilhões desde 31 de dezembro. É o maior valor para os primeiros sete meses do ano desde que a Bloomberg começou a compilar os dados em 1999. As captações atingiram um recorde anual de US$ 37,2 bilhões em 2010.

A Queiroz Galvão Óleo e Gás SA e a Braskem SA fizeram as maiores captações no exterior dos últimos dois meses.

A QGOG, que fornece plataformas de perfuração para a Petróleo Brasileiro SA, captou na semana passada US$ 700 milhões em papéis com prazo de sete anos a um rendimento de 5,37 por cento, ou 189 pontos-base acima da taxa de títulos do governo brasileiro com vencimento similar. A taxa dos papéis da QGOG caiu 16 pontos-base desde a emissão.

A empresa não quis fazer comentários, segundo sua assessoria de imprensa.

Investidores novos

A Braskem, maior petroquímica da América Latina, captou US$ 500 milhões em títulos de 30 anos em 19 de julho a uma taxa de 7,25 por cento, ou 190 pontos-base acima do que pagam os títulos do governo, segundo dados compilados pela Bloomberg. A taxa caiu 10 pontos-base desde a emissão.

“Acessar o mercado de 30 anos foi muito importante para termos contato com investidores novos”, disse Carlos Fadigas, presidente da Braskem.

Para Michael Roche, estrategista para mercados emergentes da MF Global em Nova York, a queda nas captações será temporária.
“As novas emissões só estão recuperando o fôlego”, disse Roche em entrevista por telefone. “Uma vez que a situação nos Estados Unidos se resolva, e deve se resolver, o próximo obstáculo para saber se vamos retomar o ritmo normal será a reação das agências de crédito à classificação dos Estados Unidos.”

Emissores coorporativos estão mais “cautelosos”, disse Alexei Remizov, diretor para mercado de capitais de dívida do HSBC Holdings Plc, na conferência Bloomberg Brasil, em Nova York, em 14 de julho.
“Enquanto tivermos uma fila, os emissores estão definitivamente mais cautelosos, não há dúvida”, disse Remizov. “Eles sentem que não têm mais o mesmo poder de fixar preços como há poucos meses.”

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Nova York e São Paulo - As captações de empresas brasileiras no exterior estão no menor nível em um ano com a crise sobre as dívidas de países da Europa e dos Estados Unidos reduzindo a demanda por ativos de maior rendimento.

As ofertas somaram US$ 2,45 bilhões desde 31 de maio, o menor valor para dois meses desde o período equivalente terminado em junho de 2010, segundo dados compilados pela Bloomberg. As captações caíram 81 por cento em relação aos US$ 12,8 bilhões colocados em abril e maio e 48 por cento em relação aos mesmos meses em 2010. As operações de empresas mexicanas caíram 75 por cento no mesmo período, enquanto as de companhias da Rússia subiram 5 por cento.

As companhias brasileiras estão evitando o mercado internacional de dívida em meio a especulações de que um segundo pacote de resgate da Grécia não consiga conter a crise fiscal na Europa. Também pesam os receios com o impasse nos Estados Unidos quanto à necessidade de elevar o teto de endividamento do governo para evitar uma moratória no mês que vem.

O prêmio médio que investidores exigem para deter títulos corporativos brasileiros em vez de bônus do Tesouro americano subiu para 275 pontos-base, ou 2,75 ponto percentual, contra 254 pontos-base no fim de abril, de acordo com o JPMorgan Chase & Co.

“O apetite dos investidores por risco e para participar de novas ofertas está menor com as preocupações com a Europa e os EUA circulando no mercado”, disse Omar Zeolla, analista de crédito de mercados emergentes da RBS Securities Inc. em Stanford, no Estado americano de Connecticut, em entrevista por telefone. “Isso mantém novos emissores afastados, esperando que esses problemas sejam resolvidos e por um momento mais favorável para vir a mercado.”

Reduzindo ritmo

A desaceleração nas emissões está limitando o aumento que vem se apresentando nas captações brasileiras este ano.

Lideradas pela Petróleo Brasileiro SA e pelo Banco do Brasil SA, empresas brasileiras já captaram US$ 30,8 bilhões desde 31 de dezembro. É o maior valor para os primeiros sete meses do ano desde que a Bloomberg começou a compilar os dados em 1999. As captações atingiram um recorde anual de US$ 37,2 bilhões em 2010.

A Queiroz Galvão Óleo e Gás SA e a Braskem SA fizeram as maiores captações no exterior dos últimos dois meses.

A QGOG, que fornece plataformas de perfuração para a Petróleo Brasileiro SA, captou na semana passada US$ 700 milhões em papéis com prazo de sete anos a um rendimento de 5,37 por cento, ou 189 pontos-base acima da taxa de títulos do governo brasileiro com vencimento similar. A taxa dos papéis da QGOG caiu 16 pontos-base desde a emissão.

A empresa não quis fazer comentários, segundo sua assessoria de imprensa.

Investidores novos

A Braskem, maior petroquímica da América Latina, captou US$ 500 milhões em títulos de 30 anos em 19 de julho a uma taxa de 7,25 por cento, ou 190 pontos-base acima do que pagam os títulos do governo, segundo dados compilados pela Bloomberg. A taxa caiu 10 pontos-base desde a emissão.

“Acessar o mercado de 30 anos foi muito importante para termos contato com investidores novos”, disse Carlos Fadigas, presidente da Braskem.

Para Michael Roche, estrategista para mercados emergentes da MF Global em Nova York, a queda nas captações será temporária.
“As novas emissões só estão recuperando o fôlego”, disse Roche em entrevista por telefone. “Uma vez que a situação nos Estados Unidos se resolva, e deve se resolver, o próximo obstáculo para saber se vamos retomar o ritmo normal será a reação das agências de crédito à classificação dos Estados Unidos.”

Emissores coorporativos estão mais “cautelosos”, disse Alexei Remizov, diretor para mercado de capitais de dívida do HSBC Holdings Plc, na conferência Bloomberg Brasil, em Nova York, em 14 de julho.
“Enquanto tivermos uma fila, os emissores estão definitivamente mais cautelosos, não há dúvida”, disse Remizov. “Eles sentem que não têm mais o mesmo poder de fixar preços como há poucos meses.”

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