BTG prevê alta de 1,5 p.p. para Selic no próximo Copom; taxa iria a 7,75%
Banco elevou sua previsão de alta dos juros diante do aumento dos riscos fiscais do país
Beatriz Quesada
Publicado em 22 de outubro de 2021 às 15h43.
Última atualização em 22 de outubro de 2021 às 15h50.
Citando uma “deterioração significativa” do cenário fiscal brasileiro, o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME ) decidiu elevar sua previsão para a taxa básica de juro da economia. O banco agora prevê um aumento de 1,5 ponto percentual (p.p.) na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária ( Copom ), o que levaria a taxa para 7,75% ao ano.
A previsão anterior era de alta de 1 ponto percentual, seguindo a sinalização do comunicado de setembro, em que o Copom reforçou que manteria o ritmo de ajuste nessa faixa.
No entanto, a situação mudou após a decisão do governo em deixar parte do Auxílio Brasil fora do teto de gastos. O novo programa social custaria cerca de 30 bilhões de reais extrateto. Para contornar a questão, a proposta foi alterar o índice que reajusta o regime fiscal, abrindo espaço para custear o programa.
O rompimento do teto de gastos levou à demissão de quatro secretários do Ministério da Economia. Pediram demissão o secretário Especial do Tesouro e Orçamento, e Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional, e seus respectivos secretários adjuntos.
“O provável impacto dos eventos recentes sobre as expectativas de inflação deve levar o Copom a acelerar o ritmo e elevar a Selic. Vemos um aumento de 150 pontos-base na reunião de outubro na próxima semana. Mas as circunstâncias estão mudando rapidamente, e o comitê ainda pode decidir por uma mudança mais branda”, afirma o relatório.
Para os analistas, caso o BC escolha não reagir aos recentes eventos, haveria uma grande crise de credibilidade do Comitê. “Acelerar o ritmo parece ser a atitude apropriada diante da alteração dos fundamentos, de forma a preservar a credibilidade da gestão da política monetária”, dizem.
Vale lembrar que, no início da semana, o diretor de política econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou que uma política monetária mais apertada será necessária caso o problema fiscal no Brasil piore.