Bolsa: os lucros corporativos continuarão a crescer (Germano Lüders/EXAME/Exame)
Karla Mamona
Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 16h16.
(Bloomberg) -- O único grande mercado global onde as ações estão atingindo máximas históricas em 2019 é o brasileiro. Mas considerá-lo caro pode ser um erro.
É o que diz Carlos Sequeira, chefe de pesquisa de ações para América Latina do BTG Pactual. O Ibovespa foi o primeiro entre 47 índices monitorados pela Bloomberg a registrar uma nova máxima histórica neste ano, com sua relação preço/lucro estimado sendo vista a 11,6 vezes -- atingindo a média da última década.
A bolsa brasileira merece um múltiplo mais elevado em meio à expectativa de que postura pró-mercado do novo governo de Jair Bolsonaro acelere a recuperação econômica do país, segundo Sequeira. O Ibovespa escapou de um declínio das ações globais no ano passado e saltou 15 por cento. O índice acumula alta de 7 por cento em 2019 e Sequeira espera que o Ibovespa atinja 112.000 pontos até dezembro -- um ganho de 18 por cento em relação aos níveis atuais.
"O Ibovespa está negociando bem na média histórica. Mas agora a questão é: ele pode negociar a um desvio padrão acima? Eu acho que pode. Há espaço para isso", disse Sequeira, em entrevista. "Se a reforma for aprovada e com o juro real em queda, a gente tem tudo para ter uma performance muito boa, mesmo que o resto do mundo não esteja indo tão bem."
Os lucros corporativos continuarão a crescer, disse Sequeira, prevendo um aumento de 16,5% para 2019. O Brasil e o Peru são os mercados preferidos na região pelo BTG Pactual, que tem recomendação neutra para Chile e Colômbia e underweight para México.
Com o Congresso de volta do recesso, as discussões sobre a reforma da Previdência devem aumentar a volatilidade do mercado no curto prazo, segundo Sequeira. Os investidores esperam que o projeto seja aprovado na Câmara dos Deputados no primeiro semestre do ano e, segundo ele, qualquer atraso poderá pressionar os ativos.
Quais ações os investidores devem comprar no Brasil? O BTG Pactual prefere as empresas que dependem da economia doméstica, como consumo, varejistas e bancos. A casa acaba de incluir PagSeguro, Iguatemi e Equatorial à sua lista de 10 recomendações para o mês.
"As famílias brasileiras se desalavancaram nos últimos dois anos e existe espaço, na nossa visão, para o consumo aumentar", disse Sequeira.