O presidente da Câmara, Eduardo Cunha: às 11h28, horário de Brasília, o Ibovespa subia 4,77 por cento, a 47.056 pontos (Ueslei Marcelino/REUTERS)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 10h47.
A quinta-feira era marcada por fortes altas na Bovespa, com destaque para papéis de empresas com participação estatal, como Petrobras, após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar que acolheu pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Às 11h28, horário de Brasília, o Ibovespa subia 4,77 por cento, a 47.056 pontos.
O volume financeiro era de 1,7 bilhão de reais.
Na noite da véspera, Cunha afirmou que aceitou o pedido de impedimento elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, com apoio da oposição, que é baseado, entre outros pontos, nas chamadas "pedaladas fiscais".
Na visão do gestor Eduardo Roche, da Canepa Asset Management, trata-se de uma reação inicial de euforia com a expectativa de mudança que se abre, mas não deve ser sustentável.
"Não é algo trivial... O processo em si é bastante incerto, e deve adicionar ainda mais volatilidade neste momento."
A aprovação pelo Congresso Nacional de alteração da meta fiscal em 2015 e a afirmação do Banco Central brasileiro de que tomará as "medidas necessárias" para controlar a escalada de preços independentemente das demais políticas, conforme ata da última reunião do Copom, endossavam os ganhos.
Do exterior, agentes financeiros repercutiam decisão de política monetária na Europa antes de novo discurso da chair do Federal Reserve, Janet Yellen. O futuro do acionário S&P 500 subia 0,18 por cento.
Destaques
PETROBRAS mostrava as ações preferenciais e ordinárias com alta de cerca de 8 por cento, na esteira do noticiário político, tendo como pano de fundo o avanço dos preços do petróleo no exterior .
BANCO DO BRASIL saltava 9,44 por cento, também sob efeito do rali após a decisão de Cunha, guiando a alta no setor bancário do Ibovespa como um todo, com sinalizações do Banco Central e decisão sobre a meta fiscal também no radar dos investidores.
ITAÚ UNIBANCO ganhava 8 por cento, BRADESCO subia 7,6 por cento e SANTANDER BRASIL valorizava-se 7 por cento.
ELETROBRAS avançava 8,15 por cento, acompanhando o viés positivo dos papéis de companhias com fatia estatal na bolsa após os últimos desdobramentos na cena política.
RUMO ALL tinha alta de 2,6 por cento, após a Cosan Logística informar que o Conselho de Administração da Rumo Logística submeterá à assembleia de acionistas proposta de aumento de capital de 650 milhões de reais. Analistas consideraram o valor pequeno para a necessidade de investimento da companhia.
VALE tinha as preferenciais de classe A em alta de apenas 1,44 por cento, após queda nos primeiros negócios, diante de novo declínio dos preços do mínerio de ferro na China, com a cotação à vista atingindo 40,30 dólares a tonelada.
SUZANO PAPEL E CELULOSE cedia 0,33 por cento, na esteira do declínio do dólar ante o real. O movimento no câmbio enfraquecia também o desempenho de FIBRIA, com decréscimo de 0,2 por cento.
BTG PACTUAL, que não faz parte do Ibovespa, avançava 0,85 por cento, após seis quedas seguidas, período em que acumulou declínio de cerca de 35 por cento, na esteira da prisão do ex-presidente-executivo André Esteves por suposta obstrução da operação Lava Jato, que investiga um escândalo bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras.
Na véspera, o presidente do Conselho de Administração da companhia, Pérsio Arida, disse à Reuters que a venda de uma fatia de 12 por cento na cadeia de hospitais Rede D'Or São Luiz marca o início de uma série de desinvestimentos do BTG Pactual que ajudarão o grupo a sair de áreas fora de sua atividade principal.