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Bovespa quebra série de perdas e fecha em alta

A bolsa paulista fechou no azul, quebrando uma sequência de sete pregões de perdas


	Entrada da Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Entrada da Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2015 às 18h01.

São Paulo - A bolsa paulista fechou no azul nesta terça-feira, quebrando uma sequência de sete pregões de perdas, com as ações da Cielo e da Petrobras entre os principais suportes da alta.

O Ibovespa subiu 0,4 por cento, a 44.131 pontos, após atingir a mínima em quase seis anos e meio na segunda-feira. O giro financeiro voltou a ficar abaixo da média mensal, somando 5,1 bilhões de reais, contra giro médio diário de 7 bilhões de reais em setembro.

De acordo com o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, a Bovespa seguiu a melhora do exterior, em particular a recuperação dos preços do petróleo, com dados fiscais brasileiros um pouco melhores do que o previsto ajudando a dar uma trégua na percepção de risco.

"Mas é um alívio pontual, com o estrutural ainda ruim", disse Kim, destacando que eventos como a reforma ministerial e a análise de vetos presidenciais mantêm o clima de incertezas.

Em nota a clientes nesta terça-feira, o Credit Suisse disse ser difícil a Bovespa se recuperar com consistência num cenário onde o custo de capital supera a rentabilidade (ROE) da maioria das empresas.

Destaques

Petrobras fechou com as preferenciais em alta de 2,33 por cento e os papéis ordinários avançando 2,35 por cento, na esteira da recuperação dos preços do petróleo e com a trégua no fortalecimento do dólar ante o real endossando os ganhos das ações. A estatal ainda confirmou na véspera descoberta de petróleo leve nos reservatórios do pré-sal no terceiro poço da área de Carcará, na Bacia de Santos. A equipe da corretora Rico avaliou positivamente a notícia, mas ponderou que em momentos como o atual acaba se tornando não tão relevante. "Endividamento, dólar e preço do petróleo são as grandes preocupações no momento", disse em nota a clientes.

Cielo avançou 4,87 por cento, recuperando-se da forte perda na véspera, quando recuou repercutindo notícias sobre possível nova concorrência e anúncio pelo Banco central de novas regras no setor de meios de pagamentos. A equipe de analistas do BTG Pactual disse que conversou com a empresa sobre as mudanças propostas pelo BC e que a Cielo disse não esperar impactos relevantes. Na visão da equipe do BTG isso traz alívio, embora o fato de o tema regulação ter voltado à pauta possa pressionar o papel no curto prazo. Ainda ssim, os analistas do banco dizem não esperar que o BC seja muito "intervencionista" no setor. "Assim nós mantemos nossa visão positiva para a companhia", disse o BTG, em relatório.

Kroton encerrou com elevação de 3,24 por cento, beneficiando-se do viés mais positivo para a Bovespa como um todo, potencialmente amparado por fluxo externo para a bolsa paulista.

Vale fechou com as preferenciais em alta de 0,23 por cento e as ações ordinárias em queda de 0,66 por cento, após terem registrado fortes ganhos pela manhã. A sessão marcada pela queda nos preços do minério de ferro na China e proposta da diretora da mineradora de redução da remuneração aos acionistas de 2015 em 500 milhões de dólares, anunciada na noite da véspera. Analistas do BTG Pactual viram a decisão como marginalmente positiva, pois mostra uma estratégia mais prudente sobre alocação de capital, de acordo com nota distribuída a clientes. O analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, destacou que, embora favorável do ponto de vista de alocação de capital, evidencia ainda mais o cenário desfavorável a commodities.

Bradesco fechou em queda de 0,61 por cento, revertendo os ganhos de boa parte da sessão, quando foi ajudado por comentário da equipe do Credit Suisse recomendando compra da ação e venda da ação preferencial do Itaú Unibanco, citando que o desempenho pior de Bradesco em relação ao do Itaú desde janeiro é exagerado. Na véspera, o BofA ML havia rebaixado a recomendação de Bradesco para "neutra", em meio a ajustes de estimativas para vários bancos, citando um ambiente mais desafiador para o setor. Itaú Unibanco encerrou com decréscimo de 0,42 por cento.

BB Seguridade caiu 2,24 por cento, respondendo por relevante pressão negativa no Ibovespa. O Itaú BBA destacou em relatórios que a Susep, regulador do setor de seguros, divulgou dados mensais das seguradoras para agosto e que, embora os prêmios emitidos e as contribuições tenham apresentando um bom desempenho, o resultado financeiro foi fraco, provavelmente pela marcação a mercado de alguns instrumentos de renda fixa, o que deve se repetir em setembro.

O Itaú BBA manteve sua avaliação "outperform" para o papel, afirmando que o nível de preço justifica a visão positiva, mesmo quando considerada alguma desaceleração no faturamento em 2016. O papel vem sofrendo em setembro com o fluxo de saída de estrangeiros, uma vez que estava incluído em vários portfólios.

GOL encerrou em baixa de 3,1 por cento, a 3,43 reais, renovando mínima histórica, conforme investidores seguem preocupados com o efeito da alta do dólar e da fraqueza econômica no caixa da companhia.

A Moody's reduziu na véspera perspectiva de nota da companhia para negativa, ante positiva, e nesta terça-feira dados operacionais de agosto da companhia aérea foram considerados fracos pelo mercado. O presidente da Abear, associação que representa o setor aéreo, Eduardo Sanovicz, informou ter pedido apoio ao governo federal para aliviar os custos do setor diante de um cenário de aprofundamento do déficit de caixa das empresas devido à desaceleração da demanda por voos e ao forte aumento dos gastos por conta da disparada do dólar. Para o Itaú BBA, o preço atual da ação da Gol não oferece valor convincente para compensar os riscos, que estão fora do controle da diretoria.

Smiles fechou em alta de 4,61 por cento, revertendo perdas da primeira etapa da sessão, conforme o papel segue pressionado pela preocupação de investidores com potenciais efeitos para a empresa de redes de fidelidade do cenário desfavorável para sua controladora Gol. No mês, a ação da Smiles ainda acumula um declínio de quase 40 por cento.

Texto atualizado às 18h01
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