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Bovespa fecha em queda de 1,07% por apreensão com China

O Ibovespa fechou abaixo dos 52 mil pontos pela primeira vez desde o fim de março com preocupações sobre perdas no mercado chinês


	Mulher passa em frente a logotipo da Bovespa: o Ibovespa caiu 1,07%, a 51.781 pontos
 (Nacho Doce/Reuters)

Mulher passa em frente a logotipo da Bovespa: o Ibovespa caiu 1,07%, a 51.781 pontos (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2015 às 18h28.

São Paulo - A Bovespa fechou a quarta-feira com o seu principal índice abaixo dos 52 mil pontos pela primeira vez desde o final de março, contaminado por preocupações acerca de potenciais reflexos das fortes perdas no mercado acionário chinês.

As ações da Vale foram destaque na ponta negativa, com as preferenciais desabando para o menor preço em quase nove anos, após o preço do minério de ferro despencar 11 por cento.

Na véspera de feriado na capital paulista, o Ibovespa caiu 1,07 por cento, a 51.781 pontos, menor patamar desde 31 de março. O volume financeiro do pregão somou 5,7 bilhões de reais.

Novas quedas nas bolsas chinesas nesta quarta-feira, apesar de medidas de Pequim para frear a venda generalizada de papéis, elevaram o clima de incerteza no curto-prazo no ambiente externo já melindrado pelas questões da dívida grega.

Para o Credit Suisse, um dos principais efeitos negativos do movimento na China é provavelmente o nível de confiança. O banco notou que o governo tem sido incapaz de dar suporte ao mercado de ações e por isso há dúvidas sobre sua capacidade de controlar a economia.

Em nota a clientes, estrategistas do banco também chamaram atenção sobre o risco das últimas medidas, como a proibição de ofertas primárias de ações (IPOs, na sigla em inglês), representarem um retrocesso nas reformas pró-mercado.

Em Wall Street, o S&P 500 já recuava por preocupações com a China e cautela ante a Grécia, e manteve as perdas com a divulgação da ata do Federal Reserve.

No documento, autoridades do banco central dos Estados Unidos afirmaram que precisam ver mais sinais de fortalecimento da economia norte-americana antes de elevarem os juros no país.

A quarta-feira também foi marcada pela suspensão temporária das negociações de todos os ativos financeiros na New York Stock Exchange (Nyse) por dificuldades técnicas, embora sem afetar a negociação das ações listadas na Nyse em outras bolsas. Na Europa, o governo grego enviou formalmente um pedido para empréstimo de três anos do fundo de resgate do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês).

DESTAQUES

=VALE fechou com as preferenciais em queda de mais de 4 por cento, no menor preço desde 6 de outubro de 2006. O preço do minério de ferro no mercado à vista da China caiu 11 por cento, para o menor nível em 10 anos. O BTG Pactual disse que o comportamento da sessão pode estar dentro de um movimento excessivo, mas avalia ser prematuro considerar o preço um piso. "A realidade é que tem muita oferta a caminho da China, e a tendência de estoques de minério nos portos já virou", disse em nota a clientes, reiterando cautela para mineradoras.

=CSN e USIMINAS também foram destaque na ponta negativa, com baixas de 5,10 e 3,36 por cento, respectivamente, uma vez que produzem minério de ferro e também sofrem com o cenário sombrio para o setor siderúrgico. =PETROBRAS encerrou com as preferenciais em baixa de 1,95 por cento, enquanto os preços do petróleo no exterior tiveram um dia volátil. Há expectativa de que o Senado vote ainda nesta quarta-feira o projeto que retira participação obrigatória da companhia no pré-sal, tema que tem ocupado o foco. =GRUPO PÃO DE AÇÚCAR caiu 3,62 por cento. Os negócios foram mediados por perspectivas negativas relacionadas a fundamentos que vêm afetando o papel nos últimos meses. Além disso, agentes financeiros repercutiam informações da véspera de que um comitê de auditoria da empresa não encontrou evidências de prestação de serviços relacionados a pagamentos de 8 milhões de reais feitos ao escritório de advocacia de Márcio Thomaz Bastos entre dezembro de 2009 e maio de 2011. A auditoria foi disparada por reportagem da revista Época de abril afirmando que o escritório de Thomaz Bastos pagou 3,5 milhões de reais à empresa de consultoria do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, a Projeto Consultoria Financeira e Econômica. Segundo a reportagem, os advogados de Palocci e do escritório de Thomaz Bastos disseram que os pagamentos foram feitos pelo Grupo Pão de Açúcar.

=EMBRAER subiu 2,48 por cento, tendo como suporte nota do Credit Suisse a clientes afirmando que o resultado do segundo trimestre pode surpreender positivamente. Com base em dados do governo e apuração própria, os analistas Bruno Savaris e Felipe Vinagre estimam que a Embraer entregou 13 jatos regionais (e-jets) em junho, "mês bastante forte". No segundo trimestre, a companhia teria entregue 27 jatos, acima das estimativas dos analistas de 19 aeronaves. O Credit Suisse avalia que o mix das entregas deve ter sido melhor e destacou desconto menor do que a média histórica em uma das entregas. =KROTON terminou com acréscimo de 0,35 por cento, após o Conselho de Administração aprovar recompra de até 54 milhões de ações, equivalentes a 4 por cento das ações ordinárias em circulação, segundo fato relevante. ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES reagiu na segunda etapa do dia para fechar em alta de 0,87 por cento.

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