Mercados

Bovespa fecha em baixa de 3,4% por melhora de Dilma

Índice caiu para o menor patamar desde 5 de junho, pressionado principalmente pela Petrobras, além de Itaú Unibanco e Bradesco


	Presidente Dilma Rousseff (PT): Datafolha mostrou a presidente com 52% dos votos, contra 48% de Aécio
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Presidente Dilma Rousseff (PT): Datafolha mostrou a presidente com 52% dos votos, contra 48% de Aécio (Ricardo Moraes/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2014 às 17h13.

São Paulo - O principal índice da Bovespa despencou nesta terça-feira para a mínima em mais de quatro meses, revertendo os ganhos acumulados em outubro e também o avanço no ano em dólar, após levantamentos eleitorais na segunda-feira mostrarem a presidente Dilma Rousseff (PT) em vantagem numérica na corrida presidencial.

Pesquisa Datafolha, uma das mais monitoradas pelo mercado, mostrou na noite da véspera Dilma com 52 por cento dos votos válidos, ante 49 por cento em pesquisa anterior, contra Aécio Neves (PSDB) com 48 por cento (ante 51 por cento). 

Trata-se de empate técnico, mas agentes preferiram vender. 

Ibovespa caiu 3,44 por cento, a 52.432 pontos, menor patamar desde 5 de junho, pressionado principalmente pela estatal Petrobras, além dos bancos privados Itaú Unibanco e Bradesco, que tem reagido à eleição.

No pior momento, o principal índice da bolsa tocou o patamar dos 51 mil pontos pela primeira vez desde o início de junho.

O volume financeiro no pregão alcançou cerca de 12 bilhões de reais.

O declínio nesta sessão levou o Ibovespa a acumular perdas de cerca de 3,11 por cento em outubro, revertendo o ganho de 0,34 por cento contabilizado até a véspera. 

Na semana passada, o índice ainda tinha no mês elevação superior a 7 por cento. No ano, o índice ainda acumula alta de 1,8 por cento em reais. 

Mas considerando a cotação em dólar, que tem subido em relação ao real, o Ibovespa abandonou o terreno positivo: acumula queda de 3 por cento, contra ganho de 1 por cento até a véspera.

A Bovespa chegou a reduzir as perdas no início da tarde, acompanhando Wall Street, em meio à repercussão positiva dos resultados corporativos de Apple e da Texas Instruments, mas o Ibovespa voltou a se aproximar dos 51 mil pontos, mesmo com o índice S&P 500 avançando 1,9 por cento.

Operadores e analistas têm manifestado insatisfação com as diretrizes econômicas do atual governo e, com base nos últimos levantamentos, a percepção é que aumentaram as chances de vitória da presidente Dilma, o que levou a uma nova correção, disseram profissionais ouvidos pela Reuters. 

O gestor de um fundo no Rio de Janeiro, que pediu para não ter o nome citado, lembrou que 2015 será um ano difícil, de ajustes na economia, e o resultado da eleição pode ter um impacto de expectativas muito forte.

No caso de reeleição de Dilma, ele não vê esse efeito agindo de forma favorável, assim como não espera um potencial ajuste fiscal, o que explica o maior prêmio de risco embutido nos preços dos ativos.

A expectativa entre os agentes é que os próximos dias registrem aumento da volatilidade e redução de liquidez, em meio a divulgação de uma bateria de pesquisas até domingo.

Corporativo

As ações da Gafisa, que divulgou na véspera dados operacionais do terceiro trimestre e revisou para baixo a estimativa de lançamento de imóveis residenciais de média e alta renda neste ano, recuaram 3,7 por cento, enquanto os papéis da Even, que divulgou queda nos lançamentos e nas vendas no terceiro trimestre, caíram 5,28 por cento.

As ações da Gol caíram 5,6 por cento com a alta do dólar ante o real, mesmo após a divulgação de que a demanda doméstica por transporte aéreo no Brasil subiu 3 por cento em setembro.

O dólar em alta, por sua vez, ajudou as ações de empresas como Fibria, Suzano, Embraer e Braskem, que têm receita com exportações, a se valorizarem, destoando da tendência geral da bolsa paulista.

A Fibria divulga resultado trimestral na quarta-feira antes da abertura da bolsa e a expectativa média de quatro previsões de analistas aponta para prejuízo de cerca de 600 milhões de reais, com Ebitda tendo queda anual de 23,6 por cento, a 582,5 milhões de reais.

Também na quarta-feira estão previstos os balanços de Natura e Cia Hering.

Souza Cruz, que abre a temporada de resultados dos papéis de companhias listadas no Ibovespa nesta terça-feira após o fechamento, encerrou o dia em queda de 4,8 por cento.

As ações da Vale, que mostraram alguma debilidade no início do pregão, fecharam em alta superior a 1 por cento. 

Dados sobre o crescimento da China no terceiro trimestre confirmaram desaceleração da segunda maior economia do mundo, mas os preços do minério de ferro à vista valorizaram-se nesta sessão.

Após o fechamento, a agência de classificação de risco Moody's anunciou o corte dos ratings da dívida da Petrobras em moeda estrangeira e em moeda local para Baa2, de Baa1, e manteve perspectiva negativa, citando alta alavancagem, o que deve recuar de forma significativa somente bem depois de 2016.

Fora do Ibovespa, a ação da Ouro Fino Saúde Animal registrou alta de 2,4 por cento, a 27,65 reais, no seu primeiro dia de negociação na Bovespa. 

A empresa, a única a estreiar na bolsa brasileira até o momento neste ano, precificou sua oferta de ações no topo da faixa estimada na véspera.

Matéria atualizado às 18h10min do mesmo dia, para adicionar informações do fechamento de mercado.

Acompanhe tudo sobre:B3bolsas-de-valoresIbovespaMercado financeiro

Mais de Mercados

Atentado eleva patrimônio de Trump em R$ 6,5 bilhões

Cade abre procedimento para apurar acordo de codeshare da Azul e Gol

Quem ganha e quem perde no mercado no caso da vitória de Trump?

China estabelece fundo de investimentos em ativos de terra de empresas estatais de 30 bilhões yuans

Mais na Exame