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Bônus no exterior de empresas brasileiras já batem 2009

O maior apetite do investidor global por papéis de renda fixa corporativa teria crescido após dados mais recentes mostrando um vacilo na retomada da economia dos Estados Unidos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

São Paulo - Na esteira da liquidez internacional farta, mas empoçada no mercado de renda fixa, o volume de emissões de empresas brasileiras com bônus no exterior deve seguir aquecido no curto prazo, podendo superar a casa dos 40 bilhões de dólares em 2010.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) obtidos pela Reuters, as captações corporativas com bônus em 2010 até 22 de setembro somam 30,2 bilhões de dólares, montante já bem superior aos 22,1 bilhões de dólares contabilizados em todo o ano passado.

Elementos familiares a cenários como esse estão presentes, como taxa de juros baixa avivando o apetite do investidor por mais risco, empresas em busca de recursos para investir ou melhorar o perfil de dívidas e a volta das férias do Hemisfério Norte, período tradicionalmente mais ativo no setor.

Mas a recente avalanche de captações tem um ingrediente mais ocasional: o atual quadro benigno pode não se manter, tanto em caso de melhora quanto de piora da economia global.

Por esse raciocínio, o maior apetite do investidor global por papéis de renda fixa corporativa teria crescido após dados mais recentes mostrando um vacilo na retomada da economia dos Estados Unidos.

Em meio à expectativa de que o juro norte-americano vai ficar perto do chão por mais tempo, o interesse por papéis de renda fixa de empresas aumentou, disse Sandy Severino, diretor de banco de investimentos do BTG Pactual.

"Se a economia voltar melhorar, o dinheiro vai para ações e aí a festa acaba", afirmou o executivo do BTG, que concluiu há duas semanas uma emissão de 1 bilhão de dólares para a Telemar, que pagou quase metade do prêmio de sua última emissão com características parecidas cerca de um ano atrás.

Na hipótese de a economia dos EUA esfriar de vez, o investidor ficaria ainda mais cauteloso, preferindo a segurança dos Treasuries.


Nas captações realizadas nas últimas semanas, para prazos de médios de 10 anos, as empresas brasileiras pagaram taxas que rondaram os 6 e 7 por cento. Enquanto isso, os papéis de 10 anos do governo dos EUA oferecem rentabilidade ao redor de 2,5 por cento. Meses atrás, essa taxa oscilava de 3 a 4 por cento.

Momentaneamente, a visão majoritária dos especialistas é de que as condições sigam benignas para os bônus corporativos. "A janela deve ficar aberta por mais algum tempo", afirmou Fabio Mentone, diretor do Bradesco Banco de Investimento (BBI).

Pelo sim, pelo não, há quem esteja preferindo não esperar. Um dos casos teria sido o do banco Cruzeiro do Sul, que levantou 400 milhões de dólares na semana passada.

"Tem empresas adiantando captações que elas só iriam precisar depois", disse Eduardo Muller Borges, diretor de mercados de crédito de atacado do Santander Brasil.

O executivo do Santander acredita que as emissões de bônus no exterior por empresas brasileiras vai superar os 40 bilhões de dólares no acumulado de 2010.

Ações e debêntures

As demais vias de captação corporativa no mercado de capitais, especialmente ações e debêntures, que têm tido um desempenho mais errático, tendem a voltar na reta final de 2010, mas não na mesma intensidade dos bônus.

No primeiro caso, dizem os especialistas que todos os interessados em vender ações aguardam pela conclusão da mega oferta primária da Petrobras, que será precificada nesta quinta-feira.

Atualmente, há 10 companhias com pedido de registro para venda de ações em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Duas empresas, a construtora WTorre e o grupo de energia renovável Venti, preferiram desistir. 


"Está todo mundo num compasso de aguardar a operação (da Petrobras) sair", destacou Mentone, do BBI. "Após Petrobras, temos várias operações para sair", emendou Severino, do BTG.

O volume captado com venda de ações em ofertas públicas em 2010 é de 24,4 bilhões de reais, segundo dados da CVM. E, se excluída a operação da Petrobras, que será a maior capitalização do mundo, esse volume dificilmente vai alcançar os 47,1 bilhões de reais do ano passado, apesar da recuperação prevista no final de 2010.

Com debêntures, a situação não é muito distinta. Após sair de 12,2 bilhões de reais em 2009 para 13,3 bilhões este ano até meados de setembro, o segmento parou. Nesta semana, as construtoras Cyrela e Gafisa aprovaram emissões de 300 milhões de reais em debêntures cada uma.

As notas promissórias, que somaram 9,9 bilhões de reais no ano passado, não viu uma só emissão em 2010 e não tem nenhuma em análise na CVM.

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