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Bônus de dívida da Marfrig lidera ganhos em 2014

Os US$ 775 milhões em bônus da empresa com vencimento em 2020 acumularam valorização de 19% até sexta-feira


	Marfrig: o retorno é mais de quatro vezes superior à média do grupo
 (Divulgação/Marfrig)

Marfrig: o retorno é mais de quatro vezes superior à média do grupo (Divulgação/Marfrig)

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Da Redação

Publicado em 29 de dezembro de 2014 às 13h42.

São Paulo - Os títulos de dívida da Marfrig, empresa com a pior nota de crédito entre os grandes frigoríficos brasileiros, foram os que mais deram retorno ao investidor, dentre competidores de todo o mundo, neste ano.

Os US$ 775 milhões em bônus da Marfrig com vencimento em 2020 acumularam valorização de 19% até sexta-feira.

Trata-se do maior ganho entre 100 empresas de alimentos de grau especulativo com pelo menos US$ 200 milhões de dívida em circulação, segundo informações compiladas pela Bloomberg. O retorno é mais de quatro vezes superior à média do grupo.

O frigorífico, que fornece carne para o McDonald’s e o Burger King, está cumprindo a promessa de reduzir os custos financeiros e gerar caixa livre pela primeira vez desde que abriu seu capital, em 2007, após vender ativos e tirar proveito do aumento das exportações de carne bovina da América do Sul.

“A Marfrig vem fazendo seu dever de casa”, disse Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage LLC, em entrevista por telefone, de Miami. “A empresa está ficando mais saudável do ponto de vista de seu endividamento”.

Em junho, a empresa conseguiu captar US$ 850 milhões por meio da emissão de um bônus com vencimento em 2019, a um custo de 6,875% ao ano.

Os recursos foram usados para resgatar títulos cujo custo anual chegava a 11,25%. A despesa da Marfrig com juros no terceiro trimestre foi a mais baixa para o período desde 2009, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Em novembro, a Fitch elevou a nota de crédito do frigorífico paulista em um nível, para B+, quatro degraus abaixo do grau de investimento, após uma decisão semelhante da Standard Poor’s, duas semanas antes.

A elevação reflete a expectativa de que a companhia será capaz de gerar caixa livre nos próximos dois anos com lucros operacionais mais altos, despesas mais baixas com juros e uma melhor gestão do capital de giro, disse a Fitch.

Diferença cai

A diferença entre os rendimentos dos bônus da dívida da Marfrig e os da JBS, que está classificada dois níveis acima pela Standard Poor’s, em BB, caiu de 3,7 pontos percentuais para 2 pontos percentuais neste ano.

A diferença de rendimento em relação à Minerva SA, outra empresa brasileira de alimentos, classificada como BB-, encolheu de 3,2 pontos percentuais para 1,1 ponto percentual no mesmo período.

“Eu estou otimista na maioria das frentes”, disse Omar Zeolla, analista da Oppenheimer Co. em Nova York, por e-mail. “Eles precisam continuar tirando proveito do aumento das exportações e das receitas cambiais”.

A Marfrig vem reduzindo os custos da dívida desde que vendeu a Seara, segunda maior fabricante de alimentos processados do Brasil, e curtumes no Uruguai para a rival JBS, por R$ 5,8 bilhões, em dívidas, no ano passado.

Janela fecha

A Marfrig planeja vender ações da produtora de frango Moy Park, com sede na Irlanda do Norte, no ano que vem, e poderá buscar investidores asiáticos para financiar a expansão das operações da unidade de alimentos processados Keystone na China, disse o CEO Sérgio Rial a repórteres, no mês passado.

A empresa também está fechando algumas unidades de carne bovina no Brasil para cortar custos operacionais, afirmou o executivo.

Já a redução dos custos financeiros se tornou mais difícil nos últimos meses à medida que o fraco crescimento econômico e o escândalo da Petrobras deflagraram uma fuga de investidores dos ativos brasileiros. O movimento se somou à liquidação generalizada de ativos ligados a mercados emergentes.

A Marfrig disse em novembro ter cancelado os planos para vender bônus de sete anos no exterior depois que os rendimentos exigidos pelos investidores excederam sua meta.

Os recursos seriam usados para a recompra dos títulos com vencimento em 2020, cujo rendimento (yield) subiu de 7,7%, em setembro, para 9,2% na semana passada, em meio à deterioração do cenário econômico.

Esta teria sido a quarta recompra de dívida da companhia nos últimos 12 meses com vistas a estender vencimentos e reduzir os custos do serviço da dívida.

Enquanto as condições de crédito se tornam mais apertadas, a desvalorização de 12% do real em relação ao dólar deve ampliar as receitas da Marfrig, à medida que apenas 21% de suas vendas são fechadas em moeda local.

“Isso tornará a Marfrig mais competitiva”, disse Gribel, sobre o movimento do câmbio. “A empresa se tornou um investimento interessante para quem deseja tomar o risco Brasil”.

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