BC atua 3 vezes, mas só Fed faz dólar virar e cair
A moeda dos EUA encerrou a última sessão do mês em baixa de 0,13% no balcão, cotada a R$ 2,278
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2013 às 17h15.
São Paulo - O Banco Central (BC) se esforçou para segurar o avanço do dólar na manhã desta quarta-feira, 31, por meio de três leilões de swap cambial, mas não obteve sucesso.
Apenas quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anunciou a decisão de política monetária à tarde, o a moeda dos EUA reverteu para o território negativo e se acomodou, para encerrar a última sessão do mês em baixa de 0,13% no balcão, cotada a R$ 2,278.
O início da quarta-feira foi de estresse. Às 9h32, a cotação atingiu a máxima do dia a R$ 2,3020 (+0,92%), maior patamar durante os negócios desde 1º de abril de 2009. A busca por segurança antes do anúncio do Fed, a pressão dos investidores comprados (que apostam na alta do dólar ante o real) para determinação da Ptax de fim de mês e os dados positivos sobre a economia norte-americana traziam forte pressão de alta. A Ptax é uma cotação média do BC que na última sessão do mês serve para liquidar contratos futuros.
Neste cenário, o BC fez três leilões de swap (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) praticamente em sequência. No primeiro, a autoridade monetária vendeu todos os 30 mil contratos (US$ 1,49 bilhão) oferecidos. No segundo, de 30 mil contratos, apenas 15,3 mil foram vendidos. No terceiro, não houve negócio para a oferta de 15 mil contratos.
"Isso mostra que o nosso problema é moeda", comentou Sidney Nehme, economista da NGO Corretora, ao falar sobre o BC não ter conseguido vender a totalidade das ofertas, nem conduzir o dólar para a desvalorização. "Swap não paga a conta, não liquida dívida. O que o mercado precisa efetivamente é de dólar", defendeu o profissional. "Não temos mais uma demanda só por proteção no mercado futuro, o que antes justificava as atuações por swap. Precisamos também de moeda no mercado à vista."
Um profissional da mesa de câmbio de um grande banco disse que é difícil determinar se, no terceiro leilão do BC, não houve venda de contratos por falta de demanda ou em função dos preços pedidos pelos participantes. "Pelo comportamento da moeda na hora em que saiu o terceiro (leilão), deve ter sido preço", afirmou.
No início da tarde, a moeda estava novamente próxima de R$ 2,30, com os investidores à espera do Fed. A apreensão era reforçada pelos dados divulgados mais cedo nos EUA e pelo fluxo cambial brasileiro.
Um relatório da Automatic Data Processing/Macroeconomic Advisers (ADP/MA) informou que o setor privado dos EUA criou 200 mil empregos em julho, acima da previsão de 183 mil. O Produto Interno Bruto (PIB) preliminar do país subiu 1,7% no segundo trimestre, também acima de 0,9% esperado. Como vem ocorrendo, números melhores nos EUA reforçam a percepção de que o Fed está próximo de iniciar a redução de seu programa de bônus. À tarde, o BC brasileiro informou que US$ 2,044 bilhões líquidos saíram do País em julho, até o dia 26.
Apenas depois que o Fed anunciou sua decisão, a moeda norte-americana perdeu força ante o real. O BC dos EUA deixou a política monetária sem alterações e caracterizou o crescimento da economia norte-americana como "modesto" pela primeira vez em três anos. Segundo o profissional do banco, passado o anúncio do Fed, foi natural certa acomodação para a moeda no Brasil, em um dia marcado pela volatilidade. "O mercado veio com muita especulação hoje. Se você olhar o gráfico do dia, fica até espantado com o que aconteceu", comentou. "Sem dúvida, após a decisão do Fed, certo exagero é eliminado", acrescentou. Na mínima da sessão, às 15h53, a cotação recuou 0,18%, para R$ 2,2770.
Apesar disso, as preocupações com o patamar do dólar permanecem. Os analistas são unânimes em afirmar que a tendência é de alta. Pior: o BC está em situação delicada, porque não tem espaço, considerando a inflação corrente, para deixar o dólar subir muito mais. E os leilões de swap podem não ser mais tão eficazes para segurar a cotação - como não foram neste pregão.
São Paulo - O Banco Central (BC) se esforçou para segurar o avanço do dólar na manhã desta quarta-feira, 31, por meio de três leilões de swap cambial, mas não obteve sucesso.
Apenas quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anunciou a decisão de política monetária à tarde, o a moeda dos EUA reverteu para o território negativo e se acomodou, para encerrar a última sessão do mês em baixa de 0,13% no balcão, cotada a R$ 2,278.
O início da quarta-feira foi de estresse. Às 9h32, a cotação atingiu a máxima do dia a R$ 2,3020 (+0,92%), maior patamar durante os negócios desde 1º de abril de 2009. A busca por segurança antes do anúncio do Fed, a pressão dos investidores comprados (que apostam na alta do dólar ante o real) para determinação da Ptax de fim de mês e os dados positivos sobre a economia norte-americana traziam forte pressão de alta. A Ptax é uma cotação média do BC que na última sessão do mês serve para liquidar contratos futuros.
Neste cenário, o BC fez três leilões de swap (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) praticamente em sequência. No primeiro, a autoridade monetária vendeu todos os 30 mil contratos (US$ 1,49 bilhão) oferecidos. No segundo, de 30 mil contratos, apenas 15,3 mil foram vendidos. No terceiro, não houve negócio para a oferta de 15 mil contratos.
"Isso mostra que o nosso problema é moeda", comentou Sidney Nehme, economista da NGO Corretora, ao falar sobre o BC não ter conseguido vender a totalidade das ofertas, nem conduzir o dólar para a desvalorização. "Swap não paga a conta, não liquida dívida. O que o mercado precisa efetivamente é de dólar", defendeu o profissional. "Não temos mais uma demanda só por proteção no mercado futuro, o que antes justificava as atuações por swap. Precisamos também de moeda no mercado à vista."
Um profissional da mesa de câmbio de um grande banco disse que é difícil determinar se, no terceiro leilão do BC, não houve venda de contratos por falta de demanda ou em função dos preços pedidos pelos participantes. "Pelo comportamento da moeda na hora em que saiu o terceiro (leilão), deve ter sido preço", afirmou.
No início da tarde, a moeda estava novamente próxima de R$ 2,30, com os investidores à espera do Fed. A apreensão era reforçada pelos dados divulgados mais cedo nos EUA e pelo fluxo cambial brasileiro.
Um relatório da Automatic Data Processing/Macroeconomic Advisers (ADP/MA) informou que o setor privado dos EUA criou 200 mil empregos em julho, acima da previsão de 183 mil. O Produto Interno Bruto (PIB) preliminar do país subiu 1,7% no segundo trimestre, também acima de 0,9% esperado. Como vem ocorrendo, números melhores nos EUA reforçam a percepção de que o Fed está próximo de iniciar a redução de seu programa de bônus. À tarde, o BC brasileiro informou que US$ 2,044 bilhões líquidos saíram do País em julho, até o dia 26.
Apenas depois que o Fed anunciou sua decisão, a moeda norte-americana perdeu força ante o real. O BC dos EUA deixou a política monetária sem alterações e caracterizou o crescimento da economia norte-americana como "modesto" pela primeira vez em três anos. Segundo o profissional do banco, passado o anúncio do Fed, foi natural certa acomodação para a moeda no Brasil, em um dia marcado pela volatilidade. "O mercado veio com muita especulação hoje. Se você olhar o gráfico do dia, fica até espantado com o que aconteceu", comentou. "Sem dúvida, após a decisão do Fed, certo exagero é eliminado", acrescentou. Na mínima da sessão, às 15h53, a cotação recuou 0,18%, para R$ 2,2770.
Apesar disso, as preocupações com o patamar do dólar permanecem. Os analistas são unânimes em afirmar que a tendência é de alta. Pior: o BC está em situação delicada, porque não tem espaço, considerando a inflação corrente, para deixar o dólar subir muito mais. E os leilões de swap podem não ser mais tão eficazes para segurar a cotação - como não foram neste pregão.