Bancos brasileiros lideram emissões com regras de Basileia
Os bancos do país estão aumentando seu capital antes que o conjunto de regras chamado Basileia III entre em vigor no ano que vem
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2012 às 08h00.
São Paulo/Nova York - Bancos brasileiros passaram a ser os maiores emissores mundiais de dívida subordinada em dólar para reforçar seu capital após o crescimento na demanda por empréstimos no país e também para atender as exigências mais rígidas para o setor financeiro mundial.
O Banco do Brasil SA e o Itaú Unibanco Holding SA lideraram as emissões de notas subordinadas este ano, que totalizam US$ 6,9 bilhões. É o dobro do volume emitido em todo o ano de 2011, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os bancos russos captaram US$ 3,35 bilhões com esses papéis, que normalmente contam como patrimônio quando permitem os emissores atrasem os pagamentos de juros sem que isso represente um calote. As notas do Banco do Brasil, da emissão de US$ 660 milhões com vencimento em 2021, rendem 4,65 por cento, ou 1,45 ponto percentual a mais do que a dívida sênior do banco com prazo similar.
Os bancos do país estão aumentando seu capital antes que o conjunto de regras chamado Basileia III entre em vigor no ano que vem. Ao mesmo tempo, o crédito cresceu 62 por cento no Brasil nos últimos três anos, quase 20 vezes mais do que nos EUA. As instituições financeiras, que têm acesso limitado ao financiamento de longo prazo no País, vão ao mercado externo para conseguir atender as regras criadas para melhorar a capacidade de administrar riscos.
“Os bancos precisam reforçar seu capital de Basileia III e hoje existe um mercado com volume, com prazo e com custo historicamente baixo para emissões dessa natureza”, disse Leandro Miranda, diretor-gerente e responsável pela área de renda fixa no Banco Bradesco BBI SA, em entrevista por telefone de São Paulo. “Vários bancos estão antecipando isso.”
Um porta-voz do Banco do Brasil em Brasília, que pediu para não ser identificado em obediência às políticas internas, se recusou a comentar sobre as emissões do banco.
O Itaú não respondeu aos pedidos por comentários.