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Bancos aceleram emissão de títulos com alta de custo de captação

Medidas macroprudenciais do governo elevaram custos ao maior nível em 8 meses

Bancos brasileiros captaram US$ 7,6 bi no exterior este ano, contra US$ 16,8 bi em 2010 (Spencer Platt/Getty Images)

Bancos brasileiros captaram US$ 7,6 bi no exterior este ano, contra US$ 16,8 bi em 2010 (Spencer Platt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2011 às 08h47.

Nova York/São Paulo - O Banco Bonsucesso SA e o Banco Cruzeiro do Sul SA estão entre as instituições financeiras brasileiras aumentando a emissão de dívida no exterior para ampliar a capacidade de empréstimos. Essas iniciativas vêm num momento em que as medidas do governo para conter o crescimento do crédito elevaram os custos de captação dos bancos para o maior nível em oito meses.

O Cruzeiro do Sul tem planos de emitir US$ 200 milhões em títulos após a taxa das notas da instituição com vencimento em 2013 subir 60 pontos-base este ano para 7,1 por cento, a maior desde agosto, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O Bonsucesso pretende emitir esta semana US$ 200 milhões em dívida com prazo de cinco anos. O rendimento dos títulos do banco com vencimento em 2020 aumentou 28 pontos-base no mesmo período para 10,02 por cento. A taxa média de títulos de bancos da América Latina caiu 9 pontos-base este ano para 5,76 por cento, segundo o índice LABI do Credit Suisse Group AG.

Investidores estão exigindo taxas mais altas de títulos de bancos brasileiros de médio porte, depois que o governo decidiu acelerar a tomada de medidas para conter a expansão do crédito à pessoa física e que as autoridades iniciaram investigação de uma fraude no Banco Panamericano SA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, dobrou o Imposto sobre Operações Financeiras em financiamentos ao consumidor na semana passada. Em dezembro, o BC elevou o depósito compulsório. As medidas estão aumentando os custos de captação para instituições financeiras com menos de R$ 2,5 bilhões em patrimônio.

“O crescimento do crédito vai continuar forte no Brasil, a despeito dos esforços do governo pela desaceleração”, disse Bevan Rosenbloom, estrategista de dívida corporativa da RBS Securities Inc., em Stamford, no Estado americano de Connecticut. “Bancos como o Cruzeiro não têm bases de depósito, então no momento, emitir títulos faz sentido para vários bancos”.


Pine, BMG

O Banco Pine SA, que fornece crédito a empresas de médio porte, tem planos de emitir esta semana US$ 300 milhões em títulos, de acordo com a Moody’s Investors Service. O Banco BMG SA captou US$ 300 milhões em papéis com prazo de sete anos na semana passada, a um rendimento de 8,22 por cento, ou 331 pontos-base a mais do que títulos do governo brasileiro denominados em dólar e de prazo semelhante.

“Os investidores ainda têm uma boa visão do Brasil, especialmente dos bancos brasileiros”, disse o diretor financeiro do Banco BMG, Ricardo Gelbaum. Os recursos levantados na captação serão usados para financiar o crédito consignado, disse Gelbaum.

Norberto Zaiet, vice-presidente de finanças do Banco Pine, não pôde comentar por estar em viagem internacional, de acordo com o departamento de Relações com Investidores do banco. A assessoria de imprensa do Banco Bonsucesso em São Paulo não quis fazer comentários.

‘Muito caro”

“Não estamos indo porque todo mundo foi”, disse Fausto Guimarães, diretor de Relações com Investidores do Cruzeiro do Sul em São Paulo, em entrevista por telefone. “É uma fonte regular de funding do banco, e nós estamos acessando porque os bancos que nos estão assessorando disseram que era um bom momento para ir a mercado”.

O Cruzeiro do Sul emitiu títulos no exterior três vezes nos últimos 12 meses. Os bancos brasileiros captaram US$ 7,6 bilhões no exterior este ano, contra US$ 16,8 bilhões em 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“Está muito caro”, disse Ceres Lisboa, analista da Moody’s Investors Service em São Paulo, em entrevista por telefone. “Eles estão pagando muito em taxa”.

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