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Banco de investimento reduziu aporte no WeWork antes do IPO ser adiado

Resgate de US$ 146 milhões do Jefferies Financial Group revela que os próprios investidores tinham dúvidas sobre a abertura de capital da empresa

WeWork: oferta de ações foi cancelada por falta de interesse dos investidores. A empresa não conseguiria levantar os 3 bilhões de dólares previstos, necessários para conseguir mais 6 bilhões de dólares em crédito para manter a expansão do negócio. (Scott Olson / Equipe/Getty Images)

WeWork: oferta de ações foi cancelada por falta de interesse dos investidores. A empresa não conseguiria levantar os 3 bilhões de dólares previstos, necessários para conseguir mais 6 bilhões de dólares em crédito para manter a expansão do negócio. (Scott Olson / Equipe/Getty Images)

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Natália Flach

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 11h22.

São Paulo - A novela da conturbada abertura de capital do WeWork ganha mais um capítulo. Mais de 15 dias antes da companhia suspender a oferta de ações (IPO, em inglês), em 17 de setembro, o banco de investimento Jefferies Financial Group reduziu em 146 milhões de dólares o aporte na We Company, holding da empresa de aluguel de escritórios compartilhados.

"(A decisão foi tomada) baseada em uma estimativa de valor a partir dos recursos disponíveis e das informações de mercado da época, em 31 de agosto de 2019, incluindo um desconto significativo devido às incertezas sobre o prazo e o preço do IPO da We (Work). À medida que os fatos se tornem mais claros, novos ajustes podem ser feitos em períodos futuros", diz o relatório de resultados do banco, divulgado na quinta-feira (26) à noite.

Essa medida revela que o banco de investimento já tinha dúvidas sobre a viabilidade do IPO. A oferta de ações foi cancelada por falta de interesse dos investidores, segundo a Reuters. A empresa não conseguiria levantar os 3 bilhões de dólares previstos, necessários para conseguir mais 6 bilhões de dólares em crédito para manter a expansão do negócio.

Isso porque analistas acreditam que o valor da empresa está mais perto de 15 bilhões de dólares e não 47 bilhões de dólares, como divulgado em janeiro.

Mais do que seu valor, a gestão e a governança da companhia também são vistas com críticas. Adam Neumann fundou a WeWork ao lado de sua esposa, Rebekah, e do arquiteto Miguel McKelvey em 2010. Em quase uma década, a empresa abriu 528 escritórios em 29 países. No entanto, os altos custos de sua expansão acelerada tiveram seu preço. As perdas foram de 1,9 bilhão de dólares no ano passado, o dobro das perdas em 2017. Desde 2016, o prejuízo aumentou mais de 300%.

Nos primeiros seis meses de 2019, a WeWork já perdeu 904,6 bilhões de dólares e teve faturamento de 1,5 bilhão. Mais do que isso, não conseguiu mostrar aos investidores um plano consistente para sair do vermelho.

Por isso, Neumann concordou em renunciar ao cargo de presidente-executivo da empresa e a desistir do controle majoritário de votos, cedendo à pressão de alguns investidores. Artie Minson, ex-vice-presidente financeiro da We Company, e Sebastian Gunningham, ex-vice-presidente do conselho da startup com sede em Nova York, assumiram a copresidência-executiva. Neumann continua no conselho, como presidente não-executivo.

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