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Atrasos da OGX na produção ampliam perdas de títulos de Eike

A empresa adiou pela terceira vez este ano o início da produção de petróleo

Paulo Mendonça, diretor-geral da OGX, e projeto de produção da empresa: o novo adiamento reacendeu temores de que a empresa deixe de entregar a produção prometida (Divulgação)

Paulo Mendonça, diretor-geral da OGX, e projeto de produção da empresa: o novo adiamento reacendeu temores de que a empresa deixe de entregar a produção prometida (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2011 às 13h52.

Rio de Janeiro e Nova York -Os títulos da OGX Petróleo & Gás Participações SA de Eike Batista acumulam perdas maiores que papéis de produtoras do setor com perfil de risco semelhante após a empresa adiar pela terceira vez este ano o início da produção de petróleo.

O rendimento da emissão de US$ 2,56 bilhões em dólar da OGX com vencimento em 2018 saltou 129 pontos-base para 8,83 por cento desde o anúncio no atraso do cronograma de produção para novembro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A taxa de títulos de prazo similar da Chesapeake Energy Corp., Plains Exploration & Production Co. e Pacific Rubiales Energy Corp. subiu em média 74 pontos, ou 0,74 ponto percentual, no período.

O mais recente adiamento da OGX reacendeu temores de que a empresa deixe de entregar a produção prometida, revertendo a valorização dos títulos em julho. A fornecedora de plataformas da empresa não cumpriu a meta de despachar em 1º de agosto uma unidade de produção de um estaleiro em Cingapura, inviabilizando o plano da OGX de produzir óleo pela primeira vez em outubro.

“Existe um problema de credibilidade”, disse Bevan Rosenbloom, estrategista de crédito do Citigroup Inc. em Nova York, em entrevista por telefone. “Eles não podem continuar dizendo que vai haver produção e depois voltar atrás. Quando há uma onda de vendas, a primeira coisa que será vendida é aquela” que ainda não tem receita, disse ele.

Diferença de rendimento

Os títulos da OGX pagam 574 pontos-base a mais do que os do governo brasileiro com vencimento em 2019, comparado a uma diferença de 416 em 1º em agosto, segundo dados da Bloomberg.

O rendimento dos títulos com vencimento em 2018 da Chesapeake, perfuradora de petróleo e gás natural mais ativa do mercado americano, sediada em Oklahoma City, avançou 78 pontos- base desde 1º de agosto, à medida que o receio de que a economia global entrará em recessão reduziu a demanda por ativos de maior retorno, de acordo com dados da Bloomberg. O rendimento das notas com vencimento em novembro de 2016 da Pacific Rubiales, petrolífera sediada em Toronto que opera campos na Colômbia, aumentou 55 pontos-base no período para 6,21 por cento.

A Pacific Rubiales tem nota Ba3 pela Moody’s Investor Service, um nível acima da OGX, enquanto que a Chesapeake está em Ba2. Seu histórico de produção tem ajudado a limitar perdas em seus títulos, disse Gianna Bern, ex-diretora sênior da Fitch Ratings que hoje preside a consultoria de gestão de risco Brookshire Advisory and Research em Chicago.

“Ausência de histórico”

“A Pacific Rubiales tem um histórico de produção”, disse Gianna Bern em entrevista por telefone. “Eles estão estabelecidos. A Chesapeake está estabelecida. A ausência de histórico de produção da OGX se refletirá nos preços dos papéis.”

A OGX a afirmou em e-mail em resposta a perguntas da reportagem que tem caixa “suficiente” para financiar operações. A companhia informou que tinha US$ 4,5 bilhões em caixa no fim do segundo trimestre.

“A OGX não está preocupada com a performance dos seus bonds, que apresentaram comportamento favorável após a emissão, vindo a ceder posteriormente em função da piora das condições do mercado”, disse a OGX.

Os títulos da empresa podem de se recuperar se o cenário para a economia global melhorar, disse Cornel Bruhin, que ajuda a administrar cerca de US$ 4 bilhões em ativos de mercados emergentes, inclusive títulos da OGX, na Clariden Leu AG, com sede em Zurique. A OGX possui recursos suficiente em caixa para cobrir os investimentos por pelo menos dois anos, disse ele.

“A companhia no momento, no momento eles não precisam dar retorno ao mercado”, disse Brunhin em uma entrevista por telefone. “Se o mercado virar, eu vou comprar esses títulos porque a volatilidade lá está em outro lado.”

Eike, o oitavo homem mais rico do mundo de acordo com a revista Forbes, voltou a captar com títulos depois de vender cerca de US$ 7,3 bilhões em ações nos últimos cinco anos para financiar investimento em energia, mineração e transporte. Ele tem vendido ações em ofertas para cinco empresas desde 2006.

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