Mercados

As dicas do estrategista que ganhou 22% com carteira de ações no mês

Renato Mimica, diretor da EXAME Research, explica como investir na bolsa de valores e ganhar do Ibovespa em meio à crise

Mimica: ações de exportadoras e de varejistas online estão se destacando durante a pandemia da covid-19 (Divulgação/Exame)

Mimica: ações de exportadoras e de varejistas online estão se destacando durante a pandemia da covid-19 (Divulgação/Exame)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 11 de maio de 2020 às 13h44.

Última atualização em 11 de maio de 2020 às 15h03.

A pandemia do novo coronavírus, maior crise global da saúde pública e da economia desde a Segunda Guerra Mundial, está deixando os investidores em ações de empresas na bolsa de valores sem saber como alocar seus recursos. A volatilidade dos papéis anda muito elevada — depois de cair 47% entre janeiro e março, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira B3, já subiu 26% — e a incerteza sobre o futuro é grande.

Nesse cenário, Renato Mimica, diretor da EXAME Research, a unidade de análise de investimentos da EXAME, diz que o segredo para conseguir uma boa rentabilidade é o cuidado na escolha de cada ação que compõe uma carteira. "É preciso selecionar cada empresa individualmente. Hoje, simplesmente comprar os papéis de um índice é pouco prudente", diz Mimica.

O desempenho da carteira recomendada de ações da EXAME Research mostra que o trabalho minucioso de análise das companhias que têm potencial de resistir melhor à tempestade dá resultado. Entre 6 de abril e 8 de maio, a carteira apresenta retorno de 22%, ante 8% do Ibovespa nesse período.

A estratégia de escolha das ações da carteira aproveita os fatores que têm animado os investidores locais e internacionais a voltar a comprar ativos de maior risco nas últimas semanas, fazendo as bolsas em todo o mundo se recuperar um pouco do tombo do início do ano.

Primeiro, os estímulos fiscais e monetários que países como os Estados Unidos vêm dando para amortizar os efeitos do surto da infecção respiratória covid-19, que trancou os consumidores em casa e obrigou muitas empresas a fechar as portas. Depois, o arrefecimento da contaminação pelo vírus em países asiáticos, europeus e da América do Norte mostrou que existe luz no fim do túnel. "As hospitalizações e as mortes têm diminuído, mostrando que o problema está ficando para trás em algumas regiões. Esses são os principais indicadores a que os investidores devem prestar atenção daqui para a frente", diz Mimica.

Para ganhar com as perspectivas de melhora da crise em outros países, a carteira recomendada da EXAME Research aposta em ações de empresas brasileiras que são exportadoras ou obtêm parte importante da receita do mercado externo. Essas companhias se beneficiam ainda da desvalorização do real — a moeda brasileira recuou 44,5% em relação ao dólar em 2020. "A queda da moeda parece uma tendência, sustentada também pela redução dos juros. Na semana passada, o Banco Central brasileiro cortou a taxa Selic mais do que o esperado, fazendo os estrangeiros tirar o capital investido em renda fixa no país", afirma Mimica.

Obedecendo a essa tática, a ação que tem o maior peso na carteira EXAME Research, de 15%, é da processadora de alimentos Minerva. Maior exportadora de carne bovina da América do Sul, com 20% de participação de mercado, a companhia teve 66% das receitas do primeiro trimestre vindos de fora, o equivalente a 2,92 bilhões de reais, um aumento de 21% ante o mesmo período de 2019. Entre 6 de abril e 8 de maio, a ação ganhou 55,5%, e agora é negociada a 13,88 reais.

As empresas que dependem mais do mercado doméstico vão continuar sofrendo, porque o governo brasileiro não tem recursos da mesma monta dos outros países para estimular a economia e a pandemia do novo coronavírus continua se acelerando no país. Por isso, a melhor escolha na bolsa neste momento são as empresas que podem se beneficiar mais no curto prazo das turbulências, como as do setor de alimentos, com destaque para os supermercados. Os varejistas preferidos da EXAME Research são os que têm forte presença online, para atender à necessidade do cliente, agora, de fazer suas compras sem sair de casa. Esse segmento é o mais importante da carteira da casa de análise. "Os sites de comércio eletrônicos mais bem estabelecidos vão sair da crise na frente, porque está havendo uma mudança de hábito do consumidor que deve se manter. O cliente percebeu que é fácil comprar pela internet", diz Mimica.

Acompanhe tudo sobre:Açõesaplicacoes-financeirasB3bolsas-de-valoresCarteira recomendadaCoronavírusFundos de investimentoInvestimentos-pessoais

Mais de Mercados

Ações da Tesla caem no aftermarket após queda de 45% no lucro do 2º tri

Biden sai e Kamala entra? Como o turbilhão nos EUA impacta as ações americanas, segundo o BTG

Por que Mohamed El-Erian, guru de Wall Street, está otimista com o cenário econômico

Ibovespa fecha em queda de 1% pressionado por Vale (VALE3)

Mais na Exame