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Arezzo calibra estratégia para mercado de moda premium e promete progresso de margem Ebitda

Companhia bate recorde de faturamento no primeiro trimestre e anuncia programa de recompra de ações, mas papéis caem

Arezzo &Co (Arezzo/Divulgação)
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 3 de maio de 2023 às 14h26.

Última atualização em 3 de maio de 2023 às 15h29.

No começo da tarde desta quarta-feira, 3, as ações da Arezzo &Co (ARZZ3) caíam mais de 4% e figuravam entre as maiores perdas da bolsa. Na noite anterior, a companhia informou queda de 35% no lucro líquido e anunciou um programa de recompra de 6,23 milhões ações– o papel acumula perda de quase 30% em 12 meses.

Ainda assim, a Arezzo &Co voltou a reportar recorde de vendas e sinalizar que o ritmo de crescimento não vai perder tração nem impactar a rentabilidade. "Com muito esforço podemos esperar uma alavancagem de margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização]", disse o CEO do grupo, Alexandre Birman, em teleconferência com analistas e investidores.

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O executivo voltou a reforçar a estratégia da companhia no mercado premium, embora defenda que a matriz de marcas oferecendo "preço justo" é ampla. Segundo ele, a preocupação é que o consumidor tenha a percepção de valor agregado e custo-benefício. "não podemos ter a cliente achando caro. Por isso. estamos melhorando cada vez nosso grau de moda e qualidade de matéria-prima. [ Estamos ] Fazendo repasse de valor agregado, sem assustar cliente."

Veja também: Em ritmo acelerado de crescimento, Vulcabras registra lucro líquido 55% maior no 1º trim.

No período, a empresa registrou R$ 1,3 bilhão de faturamento, 23,4% mais do que um ano antes, com a receita líquida avançando 22%, para R$ 1,02 bilhão. O lucro líquido contábil recuou 35%, mas porque, um ano antes, a companhia reportou ganhos tributários. Considerando o resultado recorrente, o lucro líquido somou R$ 73,08 milhões, 27% mais do que no mesmo período de 2022.

"A Arezzo reportou resultados sólidos no primeiro trimestre, com forte impulso de vendas, especialmente em suas marcas adquiridas, mas também um crescimento bastante robusto em suas marcas mais maduras", escreve a equipe do Goldman Scahs. A companhia vem reforçando a redução de despesas, observam analistas do Itaú BBA. No primeiro trimestre, apesar da perda de 1 ponto percentual na margem bruta, para 52,4%, a margem Ebitda  ficou estável em 16%.

Mercado internacional mais complexo e estoque maior

Apesar dos números considerados "fortes" pelas equipes de analistas de Goldman Sachs, Itaú BBA e Santander, os relatórios destacaram a maior dificuldade da Arezzo no mercado internacional neste trimestre e a pressão no capital de giro.

As vendas nos Estados Unidos caíram 6,1%, para R$ 117 milhões, impactando negativamente o Ebitda da companhia. Ainda assim, Birman argumenta que a retração foi algo pontual. De acordo com ele, as lojas de departamento tiveram excesso de compra em 2022 e reduziram suas compras ao fim daquele ano e no começo de 2023. "Então, nós mais do que rápido começamos a acelerar as vendas D2C [ direct to consumer ], principalmente e-commerce", afirmou, destacando a inauguração no próximo dia 10 de uma nova loja da Schutz na Broadway, em Nova York.

Projetada para ter maior rentabilidade, a loja vai servir como uma espécie de centro de distribuição para as vendas online, permitindo entrega em até 2 horas na região. "Outra medida relevante é a entrada da marca Arezzo na Macy's, que diminuiu a compra de outras marcas para entrar com Arezzo", acrescentou. Serão 100 pontos de venda da Arezzo dentro da Macy's.

Assim, a companhia espera recuperar a operação nos Estados Unidos enquanto dá seus primeiros passos na Europa após a compra, em março, da marca italiana Paris Texas. "Estamos fazendo algumas reuniões para discutir início de teste da Arezzo&Co na gestão verticalizada para marcas emergentes que tenha produtos ícones. Essa foi a tese de investimento para Paris Texas, que fez entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões de receita em março e segue no mesmo 'pace' em abril."

Outro desafio da companhia no trimestre, os estoques e as contas a pagar devem se normalizar ao fim do segundo trimestre, de acordo com o diretor financeiro Rafael Sachete. "A cadeia de fornecimento está sólida. Tomamos decisão momentânea em cenário de escassez de crédito e juros mais altos no mundo", disse o executivo sobre a decisão de antecipar pagamentos a alguns fornecedores. O número de dias do contas a pagar ficou 13 dias menor. Na mesma toada, os estoques cresceram, também pressionados pela ambiente macroeconômico, aumentando em 14 dias o inventário. "Negociações para pagamentos no segundo semestre já estão normalizadas e estamos continuamente buscando eficiência na linha de estoques", disse, destacando a venda nas lojas próprias e nas plataformas digitais da empresa.

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