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Apple lança onda de pessimismo sobre os efeitos do coronavírus

A companhia anunciou que seu faturamento trimestral poderia cair de 67 bilhões de dólares para 63 bilhões por problemas no mercado chinês

CELULARES NA CHINA: a fabricante local Xiaomi já havia anunciado dificuldades de atingir suas metas trimestrais / Issei Kato/ Reuters (Issei Kato/Reuters)

CELULARES NA CHINA: a fabricante local Xiaomi já havia anunciado dificuldades de atingir suas metas trimestrais / Issei Kato/ Reuters (Issei Kato/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2020 às 06h49.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2020 às 06h49.

A volta da negociação de ações nos Estados Unidos, depois de um feriado nesta segunda-feira, reaquece as preocupações sobre o impacto da epidemia de coronavírus nas finanças globais. O número de novas vítimas segue avançando, mas recuou em relação a segunda-feira: foram 1.886 novos casos, ante 2.048 no dia anterior. O número de vítimas bateu 73.335, enquanto o de mortos foi a 1.873.

Se os casos continuam concentrados na província de Hubei, onde estavam 1.789 dos mortos, as consequências para a economia seguem se espalhando. Cada vez mais empresas e governos vêm liberando estimativas e tomando ações concretas contra a epidemia.

Nesta segunda-feira a fabricante de iPhones, a Apple, anunciou que seu faturamento trimestral poderia cair de esperados 67 bilhões de dólares para 63 bilhões pro problemas na oferta e na demanda do mercado chinês, responsável por 20% das vendas da companhia. As lojas físicas da Apple seguem fechadas no país, e seu principal fornecedor, a Foxconn, ainda não retomou totalmente as atividades.

Outra fabricante de smartphones, a chinesa Xiaomi, já havia anunciado dificuldades de atingir suas metas trimestrais. A companhia aérea Singapore Airlines cancelou temporariamente a oferta de voos para Londres e Nova York, citando baixa demanda. O banco HSBC, que tem na Ásia seu principal mercado, anunciou resultados ruins para 2019 e uma perspectiva negativa para 2020, com previsão de demissão de até 35 mil de seus mais de 200 mil funcionários.

De empresa em empresa, os resultados para os países, claro, também vão sendo afetados. A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a previsão de crescimento da China em 2020 de 5,8% para 5,2%, puxada sobretudo por recuos em indústrias como comércio e turismo.

 

A notícia de que a Apple, maior companhia do mundo em valor de mercado, será atingida em cheio pela nova epidemia caiu mal entre investidores que ontem se entusiasmaram com os movimentos do governo chinês para reaquecer a economia. Apesar das crescentes preocupações sobre as finanças de empresas e países, o índice S&P 500, que volta a ser negociado nesta terça-feira, acumula alta de 5% no ano.

A terça-feira foi vermelha na Ásia. O índice MSCI Asia-Pacífico caiu 1%, enquanto a bolsa de Tóquio recuou 1,4%, e a de Hong Kong, caiu 1,54%. As ações de empresas de tecnologia estão entre as mais afetadas: a Samsung recuou 2,9%, enquanto a Sony fechou em queda de 2,5%.

No Brasil, o Ibovespa fechou em alta de 0,81% ontem, puxado por bons resultados de empresas como a Vale. No radar estavam as notícias positivas sobre a redução de juros e novos aportes do governo chinês. Para além do coronavírus, uma leva de incerteza vem da paralisação de 24h de caminhoneiros no porto de Santos, que pode se espalhar pelo país amanhã, quando o Supremo Tribunal Federal analisa a constitucionalidade da tabela do frete. O temor é de mais uma greve como a de 2018. Com tantas incertezas no radar, o real começa o dia em nova baixa histórica ante o dólar: 4,33.

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