Apple amplia lucro para US$ 22,96 bilhões, mas registra queda na receita no quarto trimestre
Esse é o quarto trimestre consecutivo de queda na receita
Redação Exame
Publicado em 2 de novembro de 2023 às 18h35.
Última atualização em 3 de novembro de 2023 às 13h17.
A Apple registrou lucro líquido de US$ 22,96 bilhões e lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) de US$ 1,46 no quarto trimestre fiscal de 2023. O valor representa um crescimento de 13% em relação a igual período do ano anterior. O resultado vem acima da previsão de analistas consultados pela FactSet, que era de US$ 1,39.
A receita da empresa de tecnologia, porém, caiu 1%, a US$ 89,5 bilhões, nos três meses encerrados em setembro, comparado com o mesmo período de 2022. Esse é o quarto trimestre consecutivo de queda na receita.
O balanço da gigante de tecnologia também confirma um dividendo de US$ 0,24 por ação ordinária da empresa, a ser pago em 16 de novembro de 2023 aos acionistas.
Novos produtos
A Apple experimentou algo novo na útlima segunda-feira, 30. Seu tradicional evento para apresentar a linha de computadores foi transferido para o horário nobre da programação de TV americana, ocorrendo as 20h da costa leste, 21h do Brasil. A estratégia, sobretudo, lança a empresa como parte da cultura pop ecoloca a gigante da tecnologia em competição direta com programas populares como o Monday Night Football, nos EUA.
Chamado de "Scary fast" ("assustadoramente rápido", em português), no evento a empresa assumiu que os avanços dessa vez são focados no desempenho dos dispositivos. Foram apresentados novos MacBooks Pro, um novo iMac e os novos processadores M3.
Quanto custa o novo MacBook Pro?
Preços podem varias a depender da personalização:
Valor para o computador de 14 polegadas
- M3: R$ 18.499
- M3 Pro: R$ 22.999
- M3 Max: R$ 34.999
Valor para o computador de 16 polegadas
- M3 Pro: R$ 28.999
- M3 Max: R$ 38.999
Queda nas vendas de smartphones
A empresa mais valiosa do mundo, com peso de 7,2% no índice S&P 500,enfrenta uma queda nas vendas de smartphones, e um de seus principais fornecedores está sob investigação na China. O balanço desta quinta-feira, 2, mostra quedanas receitas pelo quarto trimestre consecutivo, a maior sequência em mais de duas décadas.
Após a publicação dos resultados, a ação da Apple caía 0,73% no after hours de Nova York, às 17h45.
Meses de perdas
A ação da fabricante do iPhone mostrou o terceiro mês consecutivo de perdas, o que não acontecia desde meados do ano passado. A queda recente jáeliminou cerca de R$ 460 bilhões do valor de mercado da empresa, que atingiu cerca deUS$ 3,1 trilhõesno final de julho.
“Se a qualidade dos resultados se deteriorar nas big techs — que têm sido um grande fator de apoio para as ações este ano — será uma esperança a menos para os otimistas se agarrarem”, disse em entrevista Ed Clissold, estrategista-chefe para EUA da Ned Davis Research.
A Apple é grande o suficiente para influenciar por si só os retornos do S&P 500, mas também pode afetar outros papéis. O S&P 500 e o Nasdaq 100 já caíram cerca de 10% em relação aos picos de julho.
Receita no final do ano será parecida
A Apple, que já enfrenta uma desaceleração na China, alertou que a receita no trimestre de fim de ano será aproximadamente a mesma do ano anterior, sinalizando que os investidores não verão o aumento de crescimento que estavam esperando. Embora a receita do iPhone deva aumentar no trimestre de dezembro, as vendas gerais serão semelhantes ao período do ano anterior, disse o diretor financeiro Luca Maestri em uma conferência na quinta-feira, 2, após o relatório trimestral da Apple.
Wall Street havia projetado um crescimento de receita de cerca de 5% no trimestre, que é invariavelmente o período de maior venda da Apple no ano, até por conta dos lançamentos. A receita do iPad e da categoria de acessórios da empresa, que inclui sua linha de relógios inteligentes, cairá significativamente durante o trimestre, informou a Apple.
A empresa tem tentado sair de sua mais longa desaceleração de vendas em décadas. Ela acabou de relatar seu quarto declínio consecutivo na receita, igualando uma sequência que sofreu em 2001, à medida que a empresa luta com um mercado de computadores lento e uma demanda instável na China.
Demanda instável na China
Os resultados sugerem que a Apple está enfrentando uma desaceleração maior na China do que o temido. O governo lá impôs proibições de tecnologia dos EUA em alguns locais de trabalho, e um novo telefone da Huawei está aquecendo a concorrência. A receita dessa região totalizou US$ 15,1 bilhões no último trimestre, ligeiramente abaixo do ano anterior e muito aquém dos US$ 17 bilhões que os analistas haviam previsto.
A empresa atualizou o iPhone, seu principal produto, durante o quarto trimestre. O período incluiu um pouco mais de uma semana de dados de vendas após o lançamento do dispositivo em 22 de setembro. A empresa com sede em Cupertino, Califórnia, também lançou novos modelos de relógio - o Series 9 e o Ultra 2 - e atualizou seus AirPods Pro para adicionar uma porta USB-C.
Mesmo com os desafios, o iPhone teve um desempenho ligeiramente melhor do que o previsto. Gerou US$ 43,8 bilhões em vendas, em comparação com uma estimativa média de US$ 43,7 bilhões. E o dispositivo atingiu um recorde de receita trimestral na China continental, disse o CEO Tim Cook durante a conferência com analistas. Os lucros chegaram a US$ 1,46 por ação no último trimestre, superando a previsão de US$ 1,39.
O iPhone representa aproximadamente metade das vendas da Apple, portanto, o lançamento de um novo modelo é observado de perto pelos investidores.
(Com Estadão Conteúdo e Bloomberg)