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Apenas 1 em cada 4 bitcoins mudaram de mãos em seis meses

Trata-se de uma grande mudança em relação ao fim de 2017, quando cerca de metade de todos esses bitcoins estavam ativos

Bitcoin: queda de quase 80% no volume diário de negociação em relação ao pico de janeiro (Benoit Tessier/Illustration/Reuters)

Bitcoin: queda de quase 80% no volume diário de negociação em relação ao pico de janeiro (Benoit Tessier/Illustration/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 4 de novembro de 2018 às 08h03.

Última atualização em 4 de novembro de 2018 às 08h03.

(Bloomberg) -- A volatilidade pode até ter voltado aos mercados financeiros globais, mas apenas um em cada quatro bitcoins não minerados foram transferidos entre os endereços digitais anônimos que os guardam nos últimos seis meses.

Trata-se de uma grande mudança em relação ao fim de 2017, quando cerca de metade de todos esses bitcoins estavam ativos, segundo dados compilados para a Bloomberg News pela firma de pesquisa Coin Metrics. O bitcoin não atingia níveis tão baixos de atividade desde 2015, antes do enorme afluxo de investidores que migraram para a criptomoeda durante a alta recorde do preço, no fim do ano passado, segundo a Coin Metrics.

“É um indicativo de que ainda temos uma recessão no bitcoin”, disse Nic Carter, cofundador da Coin Metrics, que tem sede em Cambridge, Massachusetts, em entrevista por telefone.

Cerca de 50 por cento dos bitcoins -- sem incluir moedas produzidas recentemente -- foram movimentados nos últimos 12 meses, contra cerca de 60 por cento no fim de 2017, segundo a Coin Metrics. Existem cerca de 17 milhões de bitcoins. Devido às regras que regem o processo de mineração, em que novas moedas são entregues para a realização das transações, serão emitidos apenas mais 4 milhões.

A redução da atividade é ainda mais surpreendente considerando que tantos novos investidores, especialmente especuladores, subiram a bordo no fim do ano passado, quando o preço do bitcoin atingiu um recorde de quase US$ 20.000. Muitos desses investidores compraram na esperança de conseguir lucros rápidos e acabaram presos às moedas quando os preços despencaram. Supõe-se que se o preço do bitcoin subir novamente, muitas dessas moedas serão vendidas. Mas esta suposição pode ser incorreta.

Dados históricos mostram que uma grande quantidade de bitcoins nunca é negociada. Até 40 por cento dos bitcoins estão perdidos ou são mantidos no que é conhecido como armazenamento frio, estima a Coin Metrics. Outros 25 por cento a 35 por cento são semilíquidos, portanto só são negociados em sequências de alta, quando detentores de longo prazo vendem participações para obter ganhos. E durante as quedas nos preços, apenas cerca de 30 por cento dos bitcoins ficam disponíveis, informou a Coin Metrics.

“Acho que isso nos ajuda a avaliar a ’verdadeira liquidez’ no sentido da carteira de pedidos idealizada e global”, disse Carter. “De certo modo, acho que isso permite calibrar aproximadamente o efeito de futuras entradas.”

Mesmo com a queda de quase 80 por cento no volume diário de negociação em relação ao pico de janeiro, cerca de US$ 4 bilhões em bitcoins mudam de mãos todos os dias, segundo o CoinMarketCap.com.

“Isso não quer dizer que exista um problema de liquidez”, disse Gil Luria, diretor de capital institucional da DA Davidson & Co., por e-mail. “Esse volume diário de quatro bilhões indica que quase qualquer investidor do bitcoin pode liquidar toda a sua posição em um dia de negociação.”

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