Mercados

Alta de bônus da Braskem leva diretoria a estudar nova emissão

Títulos da empresa com vencimento em 2020 tiveram alta de 3,2% nos 30 dias até 22 de março, enquanto média no brasil foi de 1,5% e, nos países emergentes, 1,2%

Última emissão de títulos da Braskem foi em julho de 2010, de US$ 350 mi (Divulgação)

Última emissão de títulos da Braskem foi em julho de 2010, de US$ 350 mi (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de março de 2011 às 10h35.

Nova York/São Paulo - A Braskem SA, maior produtora de petroquímicos da América Latina, está superando outras empresas brasileiras no mercado de renda fixa, com as especulações de que a compra da Quattor Petroquímica SA vai impulsionar os lucros.

A valorização de 3,2 por cento nos títulos da Braskem com vencimento em 2020 nos 30 dias até 22 de março se compara a um ganho de 1,5 por cento para as notas emitidas por empresas brasileiras e de 1,2 por cento para a dívida corporativa de mercados emergentes, de acordo com o JPMorgan Chase & Co. O rendimento dos US$ 750 milhões em títulos da Braskem de cupom 7 por cento desabou 41 pontos-base, ou 0,41 ponto percentual, no período para 6,05 por cento, o menor em quatro meses.

Essa queda nos custos de captação levou a diretora financeira da companhia, Marcela Drehmer, a dizer em 22 de março que pode haver uma nova emissão de títulos com prazo de 10 anos a um rendimento inferior a 7 por cento, dentro de três meses. Em 23 de fevereiro, a Braskem obteve autorização das autoridades para comprar ações restantes da Quattor. A aquisição de uma fatia inicial de 60 por cento da concorrente, em abril do ano passado, ajudou a triplicar o lucro da Braskem para R$ 1,9 bilhão em 2010.

“Estamos falando de uma companhia mais forte agora, vendo os resultados consolidados da Braskem após a compra da Quattor”, disse Jansen Moura, analista de títulos corporativos da BCP Securities no Rio de Janeiro, em entrevista por telefone. “A valorização tem um impacto em transações com títulos novos ou que vêm pela frente. Eles conseguiriam facilmente vender a menos de 7 por cento.”

‘Ambiente muito positivo’

O rendimento das notas da Braskem com vencimento em 2020 despencou 95 pontos-base desde que a empresa sediada em São Paulo emitiu US$ 400 milhões dos títulos em abril de 2010, segundo dados compilados pela Bloomberg. Em julho, a companhia emitiu outros US$ 350 milhões dos mesmos papéis.


Os títulos em dólares do governo brasileiro também dispararam nos últimos 30 dias com a demanda crescente por ativos de rendimento mais alto dos mercados emergentes. O rendimento dos papéis soberanos com cupom 12,75 por cento e vencimento em 2020 caiu 23 pontos-base, para 4,21 por cento, segundo dados da Bloomberg.

“Ainda vemos um ambiente muito positivo para bônus de mercados emergentes”, disse Drehmer.

Os custos de financiamento da Braskem também estão caindo com especulações de que a companhia pode conseguir melhoras em sua nota de crédito, de acordo com Luz Padilla, que ajuda a gerenciar cerca de US$ 8 bilhões na Doubleline Capital LP em Los Angeles. A empresa recebeu nota Ba1 da Moody’s Investors Service, um nível abaixo do grau de investimento, e classificação equivalente a BB+ da Standard & Poor’s.

Melhora em classificação

Segundo Moura, da BCP, a Braskem provavelmente vai ter a classificação de risco melhorada porque é controlada por Odebrecht SA e Petróleo Brasileiro SA, companhias com grau de investimento. A Odebrecht tem nota Baa3 e a Petrobras, Baa1.

“É um crédito que vemos migrar para categoria de grau de investimento”, disse Padilla, da DoubleLine, em entrevista por telefone. “Se isso acontecer, eles podem apertar mais.”

A S&P está monitorando como vai ser o desempenho da Braskem sob condições menos favoráveis para decidir se eleva a nota de crédito da companhia, disse o analista Reginaldo Takara.

“A aquisição da Quattor já mostrou resultado em termos da capacidade deles de aumentar a eficiência”, disse Takara. “Estamos tentando entender a consistência disso no futuro, mesmo em condições piores de mercado.”

O analista Thomas Coleman, da Moody’s, não retornou o pedido de comentários.

“Esperamos obter o grau de investimento ainda neste ano, o que está ajudando a dar um impulso extra aos nossos bonds”, disse Alexandre Perazzo, diretor de financas da Braskem, em uma entrevista ontem por telefone de Sao Paulo.

A Braskem usaria os recursos obtidos numa emissão de títulos para refinanciar dívidas, disse Marcela Drehmer a repórteres em São Paulo em 22 de março.

Acompanhe tudo sobre:BraskemDívidas empresariaisEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasQuímica e petroquímica

Mais de Mercados

BTG vê "ventos favoráveis" e volta recomendar compra da Klabin; ações sobem

Ibovespa fecha em queda e dólar bate R$ 5,81 após cancelamento de reunião sobre pacote fiscal

Donald Trump Jr. aposta na economia conservadora com novo fundo de investimento

Unilever desiste de vender divisão de sorvetes para fundos e aposta em spin-off