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Ações do BTG caem 9,47% e crise contamina a BR Pharma

BTG: a desvalorização chega a 41,6% desde 25 de novembro


	BTG: a desvalorização chega a 41,6% desde 25 de novembro
 (Gustavo Kahil/EXAME.com)

BTG: a desvalorização chega a 41,6% desde 25 de novembro (Gustavo Kahil/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2015 às 13h31.

São Paulo, Rio e Brasília - A desconfiança do mercado financeiro em relação ao BTG Pactual teve ontem um novo capítulo. As units (lote de ações) do banco caíram 9,47%, atingindo nova mínima, cotadas a R$ 17,58.

A desvalorização chega a 41,6% desde 25 de novembro, data da prisão de André Esteves, ex-presidente da instituição, por suspeita de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.

Além da queda dos papéis do banco, que não tiveram alento nem com o anúncio de uma ajuda de até R$ 6 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), empresas com participação do banco, como a BR Pharma, braço de varejo de farmácias, perdeu quase um quarto de seu valor na Bolsa ontem, 24,57%, fechando a R$ 10,10. O BTG tem cerca de 45% do negócio de farmácias, que é considerado um ativo problemático por fontes de mercado.

Segundo fontes de mercado, a queda brusca do papel poderia ser explicada pelo receio de que um aporte de R$ 600 milhões no negócio - anunciado semanas antes da prisão de Esteves - poderia não ocorrer. Na segunda-feira, 7, depois do fechamento do mercado, o banco reafirmou, em comunicado, a intenção de fazer a capitalização.

Também na segunda, em mais uma medida para conter a desconfiança do mercado, o banco pediu aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a aquisição de units até o limite de 93,8 milhões.

Caso a compra seja confirmada, representaria cerca de 41% das units em circulação, o que reforça a tese de que o banco pode fechar seu capital.

No dia da prisão de Esteves, o banco divulgou um programa de recompra de ações de até 23 milhões de units, argumentando que pretende realizar a aplicação eficiente dos recursos disponíveis em caixa e maximizar a alocação de capital.

Tudo à venda

Para o mercado, a venda da BR Pharma atrairia mais interesse se a empresa fosse negociada em partes. Redes que fazem parte da BR Pharma, como a paraense Big Ben, poderiam ser vistas como atraentes pela concorrência. Principal rival da Big Ben no Pará, a Extrafarma, do Grupo Ultra, poderia ter interesse em bandeiras, mas não no todo, dizem fontes (o Ultra não comenta).

Um empresário do setor disse, porém, que a venda de fatias da BR Pharma poderia ser interpretada como admissão de que o banco não se vê em condições de salvar o negócio.

O BTG continua trabalhando para vender negócios não estratégicos. O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que os sócios chilenos do BTG estão interessados em recomprar a operação naquele país.

O banco brasileiro, no entanto, não teria interesse em fechar a venda desse ativo por enquanto.

Entre os ativos de private equity (participações em empresas), o BTG está oferecendo a rede de academias Body Tech, a empresa de mídia UOL, concessionárias da Mitsubishi, a varejista Leader, a Bravante (área naval), a Petro África e até a BR Pharma.

Segundo fontes, o melhor ativo do banco em private equity seria a rede de estacionamentos Estapar, avaliada em cerca de R$ 1,5 bilhão.

BC

Enquanto o BTG tenta vender ativos e estancar a fuga de investidores, o Banco Central está dando prazo para que a instituição consiga resolver sozinha seus problemas, sem que a autoridade monetária tenha de atrair de forma direta sobre ela. "Estamos acompanhando de perto", disse uma fonte.

Segundo a fonte, o BC considera que, desde o afastamento de Esteves, o BTG tem tomado medidas positivas de governança corporativa. O BC está dando tempo para que o BTG possa se reorganizar para evitar que o banco saia do sistema.

Por causa disso, o fato de o grupo ter se desfeito de algumas empresas para manter a liquidez foi visto como "positivo". Apesar de monitorar o BTG, o entendimento da autoridade monetária é que cabe ao banco, e não ao BC, sanar seus problemas. 

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