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Ações de energia devem subir acima do Ibovespa

Corretoras projetam valorização de até 59% para os papéis do setor ainda em 2008, ante 25% do índice da Bolsa

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 10h28.

Em tempos de sobe-e-desce na Bolsa, os investidores encontram nos papéis defensivos um abrigo contra as instabilidades do mercado acionário. O setor de energia elétrica, tradicionalmente conhecido por englobar empresas pagadoras de bons dividendos, figura entre os favoritos dos analistas neste ano graças à baixa relação com o mercado externo e às boas perspectivas para a economia brasileira.

Dos 15 papéis estudados pelas corretoras, 11 devem subir acima do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) em 2008. As projeções dos analistas levam o Ibovespa aos 80.000 pontos, em média, em dezembro, o que representa uma valorização de 25% até o final do ano. Para os papéis da Eletrobrás, apontados como a maior promessa do setor na Bovespa, a alta pode chegar a 59%.

As projeções das corretoras               
Empresa Ação
Preço atual (R$)* Variação no mês (%) Variação no ano (%) Potencial máx. de alta em 2008 (%) Preço-alvo Ágora (R$) Preço-alvo Fator (R$) Preço- alvo HSBC (R$) Preço-alvo Itaú (R$) Preço-alvo Link (R$) Preço-alvo Planner (R$) Preço-alvo Prosper (R$) Preço-alvo Spinelli (R$) Preço-alvo SLW (R$) Preço-alvo Unibanco (R$)
16,46 -4,30 4,53 30,01 - 21,40 - 21,00 - 18,84 - - - -
48,00 1,10 14,87 2,08 - 46,49 - 49,00 - 41,39 - - - -
37,21 -2,20 22,86 34,37 - 44,00 - 47,00 50,00 45,58 - - - -
30,51 -0,90 -29,70 37,66 - - - 38,00 - - 42,00 - - -
19,84 -7,30 5,26 33,37 - 26,46 - - - - - - - -
30,75 3,30 18,97 36,91 - 38,04 - 42,00 - 38,0 - - - 42,10
32,96 -13,70 1,87 54,73 44,00 42,00 42,00 50,00 46,00 51,0 - - 43,00 -
25,15 -6,90 16,35 59,05 - 40,00 - 33,00 - 35,0 - 40,00 - -
37,00 -6,90 4,57 24,32 - 43,80 37,50 46,00 - 28,8 - - - -
31,40 -0,90 13,72 46,50 - 37,00 34,00 46,00 37,00 36,0 - - - -
15,60 -6,50 -9,70 47,44 - 21,65 - 23,00 - - - - - -
23,30 -7,40 -15,25 56,31 - 36,42 - - - - - - - -
31,50 1,60 4,26 23,33 - 38,85 - 35,00 - 28,05 - - - -
22,70 -5,00 9,86 49,78 31,00 28,91 - 33,00 - 19,25 - - - 34,00
48,25 1,40 31,18 11,92 - 49,13 - 46,00 - 54,00 - - - -
 
AES Tietê GETI4
Celesc CLSC6
Cemig CMIG4
Cesp CESP6
Coelce COCE5
Copel CPLE6
CPFL Energia CPFE3
Eletrobrás ELET6
Eletropaulo ELPL6
Energias do Brasil ENBR3
Equatorial EQTL11
Light LIGT3
Terna TRNA11
Tractebel TBLE3
Transmissão Paulista TRPL4
* Cotação de fechamento de 24/6/2008
Fontes: Bovespa e corretoras

As estimativas de bons resultados são atribuídas, em parte, ao aumento da inflação. Nos últimos 12 meses, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que reajusta as tarifas de energia, acumula alta de 13,27%, o maior percentual desde outubro de 2003. "No ano passado, as empresas sofreram muito com a redução das tarifas. Agora, deve haver uma recuperação", diz o analista da corretora Alpes, Fausto Gouveia.

O reajuste concedido à Copel no dia 23 de junho, por exemplo, já ficou acima das expectativas dos analistas. Para o segundo semestre, a tendência é de números ainda maiores. Além da inflação, as empresas poderão repassar aos consumidores os custos do acionamento das termoelétricas, que produzem energia a um preço superior ao das hidrelétricas. A utilização das usinas movidas a gás, petróleo ou carvão foi necessária para garantir o abastecimento no país, dada a crescente demanda.

E, ao que tudo indica, o consumo deverá continuar subindo. Pelos estudos da Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia, a utilização de eletricidade no Brasil nos próximos dez anos deve crescer a uma taxa média de 5,5% ao ano, acompanhando a expansão do Produto Interno Bruto (PIB).  As empresas de energia, segundo a corretora Link, não estão conseguindo acompanhar o aumento da demanda, e o resultado é a disparada nos valores negociados em contratos livres. Há um ano, o preço médio do megawatt-hora girava em torno de 110 reais. Hoje, os acordos de até 20 anos já são fechados a preços acima de 140 reais por megawatt-hora.

Apesar do rápido crescimento do consumo, as chances de uma grave crise energética no país, como a vivida em 2001, são remotas, afirma a agência de classificação de risco Standard & Poor´s. No dia 16 de junho, a agência elevou a nota de risco de 19 empresas do setor, incluindo CPFL Energia, Eletropaulo e Light. "As ações, principalmente as da CPFL Energia e da Eletropaulo, ainda não refletem essa melhora em seu preço", ressalta a analista da corretora SLW, Rosângela Ribeiro. Com um risco mais baixo, as companhias devem reduzir seus custos de captação de recursos no mercado, o que contribui para o aumento da margem de lucro.  

Setor em movimento

Nos últimos dias, uma série de notícias mexeu com os papéis das empresas de energia elétrica na Bovespa. A Energias do Brasil e o Grupo Rede anunciaram uma troca de ativos que possibilitará a ambas empresas fortalecer suas estratégias de atuação - a primeira em geração e a segunda em distribuição. O negócio foi visto como vantajoso pelos analistas, que também classificaram como positivos os indícios de que o governo vai pagar os dividendos em atraso aos acionistas da Eletrobrás.

A Tractebel, por sua vez, foi beneficiada pela cassação da liminar que interrompeu as obras da hidrelétrica de Estreito, atualmente a maior usina em construção no país.   

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