Ação da Vale ultrapassa preço registrado antes de tragédia de Brumadinho
Próximo do aniversário do rompimento de barragem, investidores se mostram otimistas com papéis da companhia
Guilherme Guilherme
Publicado em 14 de janeiro de 2020 às 17h49.
Última atualização em 14 de janeiro de 2020 às 18h09.
São Paulo -A tragédia que devastou a cidade de Brumadinho (MG) e deixou mais de 250 mortos completará um ano no próximo dia 25. Embora a memória amarga ainda esteja fresca, nesta terça-feira (14), a ação da companhia chegou a ser negociada por 56,35 reais, cada uma, ultrapassando pela primeira vez a cotação registrada antes do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, quando o papel da mineradora valia 56,15 reais.
Nos Estados Unidos, as ADRs (recibos de ações) da companhia subiram 20% desde o acidente, mas ainda precisam se valorizar 10% para voltar ao preço de antes.
Nesta terça, as ações da Vale chegaram a subir 1,9% tendo no radar a negociação da compra da fatia de 45% da Cemig na elétrica Aliança Energia, noticiada pelo Valor. A mineradora, no entanto, afirmou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que não há qualquer vínculo contratual a respeito da aquisição, mas admitiu que estuda operações alinhadas à estratégia de ser autoprodutora de energia limpa até 2030. De acordo com a publicação, a parte da Cemig na Aliança é avaliada em 2 bilhões de reais.
Analistas do Itaú BBA vêem a possível negociação como positiva por considerar o possível custo de aquisição como relativamente baixo. Em relatório, eles ainda destacam que, com a a participação na Aliança, a Vale reduziria "significativamente" os gastos com energia.
As perspectivas para as ações da Vale são otimistas. Em levantamento feito por EXAME com 20 corretoras, bancos e casas de análises, 13 recomendaram as ações da Vale para a carteira de janeiro. No mês (dia 2 de janeiro até dia 14), o ativo acumulava valorização de 3,75%, podendo ultrapassar a alta de 9,47% alcançada em dezembro - a maior alta mensal em 15 meses.
Apesar da forte apreciação no fim do ano passado, em 2019, o desempenho do papéis da mineradora ficaram bem abaixo da média de mercado. Enquanto o Ibovespa terminou o ano em alta de 31,58%, as ações da Vale subiram 4,51%.
Além do rompimento da barragem, que teve forte impacto sobre a produção da mineradora, um dos fatores que pesaram sobre a empresa na Bolsa foi a suspensão de dividendos em razão do acidente. A normalização dos pagamentos, aguardada para este ano, pode servir de gatilho para os papéis da empresa. Em dezembro, a Vale chegou a aprovar a distribuição de 7,2 bilhões de reais para seus acionistas por meio de juros sobre capital próprio, mas voltou atrás.
A melhora das perspectivas sobre a economia global também é vista como positiva para os papéis da Vale, sensível ao preço do minério de ferro. No último mês, a commodity subiu 8,09% tendo no radar a promessa de um acordo comercial entre China e Estados Unidos, que deve ser assinado ainda nesta semana.
Segundo Luiz Caetano, analista da Planner Investimentos, a distensão entre os dois países tendem a ser “extremamente positiva” para ação da companhia, uma vez que impulsiona o crescimento da China, maior importadora de minério de ferro do Brasil.
Caetano também espera pela melhora da produção da companhia com a retomada das atividades em minas que tiveram trabalhos suspensos em função do rompimento da barragem de Brumadinho.
No terceiro trimestre de 2019, a companhia produziu 86,7 milhões de toneladas de minério de ferro - quantia 17% inferior na comparação anual, mas 35% acima da produção apresentada no segundo trimestre. O analista da Planner espera que o ritmo de crescimento se repita no balanço do quarto trimestre e ao longo de 2020.