Ação da Ambev recuou nesta quinta-feira (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2019 às 12h55.
Última atualização em 8 de agosto de 2019 às 13h03.
As ações da Ambev recuavam nesta quinta-feira (8), tendo como pano de fundo reportagem afirmando que ex-ministro Antonio Palocci relatou em seu acordo de delação premiada à Polícia Federal "pagamentos indevidos" da companhia aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e a ele próprio.
O interesse da empresa, de acordo com o documento de decisão sigilosa do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, era impedir o aumento de imposto (PIS/Cofins) sobre bebidas alcoólicas, relatou reportagem do jornal o "Estado de S. Paulo" publicada no site nesta quinta-feira.
Procurada pela Reuters, a Ambev disse que as alegações relatadas "são falsas e incoerentes".
"Falsas porque nunca fizemos pagamentos de qualquer natureza para obtenção de vantagens indevidas. E incoerentes porque, desde 2015, o setor de bebidas sofreu um grande aumento da carga tributária referente a PIS/Cofins, da ordem de 60%, contradizendo tudo o que foi alegado", afirmou em nota.
Às 12h57, os papéis da fabricante de bebidas, subsidiária latino-americana da gigante Anheuser Busch InBev, recuavam 1,60%, a 20,30 reais. Na mínima até o momento, as ações recuaram 3,3%.
Os papéis da fabricante de bebidas acumulam valorização em torno de 13% desde o final de julho, quando a empresa divulgou seu balanço do segundo trimestre mostrando uma recuperação nas vendas após resultados fracos.
Analistas do Itaú BBA cortaram nesta quinta-feira a recomendação para os papéis da Ambev para 'market perform', enquanto optaram em manter "por enquanto" o preço-alvo de 22 reais por papel, citando entre os fatores a delação do ex-ministro Palocci, conforme relatório enviado a clientes.
"A delação de Palocci aumenta o risco de carregamento, embora seja muito cedo para afirmar se houve algum delito", afirmou a equipe liderada por Antonio Barreto.
Os analistas reforçam que até o dia de hoje não têm motivos para questionar a governança da Ambev, bem como acrescentam que, apesar da alegação de benefícios, a carga fiscal da Ambev sobre as receitas no Brasil aumentou de 30% em 2012 para 47% em 2018.
O outro argumento para a mudança na recomendação das ações, segundo os analistas, é que o preço subiu mais rápido e de forma mais intensa do que o esperado desde que eles elevaram a recomendação dos papéis 15 dias atrás, acumulando alta de cerca de 15%.
Tal desempenho foi impulsionado principalmente pelo balanço do segundo trimestre, quando a Ambev registrou alta de 8,5% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2018, superando estimativas no mercado, apoiada principalmente na redução de despesas financeiras.