'Ação conjunta de BCs não evitará pressão sobre bancos'
Analistas internacionais dizem que a decisão dos Bancos Centrais não resolve o problema central da crise da zona do euro, o que pode afetar os bancos
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2011 às 07h24.
São Paulo - A ação coordenada dos principais bancos centrais mundiais anunciada ontem vai dar um alívio apenas temporário para os bancos europeus, dizem analistas internacionais. Para eles, a decisão dos BCs em dar uma injeção de liquidez ao cortar o custo das linhas de swap para financiamento de emergência não resolve o problema central da crise da zona do euro , que está na dificuldade de países periféricos em rolar suas dívidas soberanas.
"Com a retração dos fundos de 'money market' americanos, que deixaram de comprar papéis de curtíssimo prazo de bancos europeus, como os 'commercial papers', devido ao agravamento da crise do euro, é muito importante a decisão de reduzir o custo dessas linhas de swap", avaliou Mark Cliffe, diretor global de pesquisa de mercados financeiros do banco ING em Londres.
"A ação coordenada ajuda, mas não resolve a questão central do problema, que é a dificuldade dos governos da zona do euro em assegurar financiamento às suas dívidas", completou. Para Cliffe, a decisão pegou o mercado de surpresa e reflete o esforço das autoridades monetárias mundiais de tentar estabilizar os mercados.
A medida anunciada ontem envolve o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, além dos bancos centrais do Canadá, da Inglaterra, da Suíça, do Japão e o Banco Central Europeu (BCE). Esses bancos decidiram baixar o custo dos acordos temporários de swap de liquidez em dólar existentes em 0,50 ponto porcentual, trazendo esse custo para o equivalente à taxa overnight índex swap, ou OIS, mais 0,50 ponto porcentual. Além disso, essas linhas de swap tiveram seu prazo de validade estendido para 1º de fevereiro de 2013.
Os bancos europeus ficaram sob maior pressão na segunda-feira, quando a agência de classificação de risco Moody's anunciou que está revisando dívidas subordinadas, subordinadas júnior e tier-3 de 87 instituições da região para possível rebaixamento. A agência justificou a decisão afirmando que, com a crise na zona do euro, os governos da região estão tendo dificuldades para dar suporte aos bancos em questão.
Para Marc Chandler, diretor global de pesquisa da corretora Brown Brothers Harriman em Nova York, a ação coordenada para reduzir o custo das linhas de swap contribui para minimizar algumas pressões de 'funding' (financiamento) dos bancos, mas os recentes rebaixamentos de ratings, redução de linhas de crédito e as vendas de ativos ainda colocam fortes pressões sobre os bancos europeus. Segundo ele, as instituições europeias precisam refinanciar cerca de 800 bilhões de euros em 2012.
"Mais valioso do que o corte no custo das linhas de swap seria a concretização da promessa pela União Europeia de implementar um esquema de fornecer garantias aos bancos, semelhante ao que foi feito durante a crise de 2008 e 2009", explicou Chandler.
Na opinião da diretora de câmbio da GFT Forex em Nova York, Kathy Lien, a injeção de liquidez anunciada pelos BCs mundiais é uma distração bem-vinda para os investidores em meio à turbulência e ao nervosismo provenientes da crise do euro.
"Essa medida não elimina a necessidade de reformas estruturais e maior comprometimento dos líderes das nações europeias, mas dá um alívio nas condições dos mercados financeiros e mostra que os bancos centrais estão dispostos em evitar uma nova catástrofe", explicou Lien. "Seguida da decisão do banco central da China em cortar o depósito compulsório, essa ação coordenada traz, de fato, mais alívio aos investidores".
São Paulo - A ação coordenada dos principais bancos centrais mundiais anunciada ontem vai dar um alívio apenas temporário para os bancos europeus, dizem analistas internacionais. Para eles, a decisão dos BCs em dar uma injeção de liquidez ao cortar o custo das linhas de swap para financiamento de emergência não resolve o problema central da crise da zona do euro , que está na dificuldade de países periféricos em rolar suas dívidas soberanas.
"Com a retração dos fundos de 'money market' americanos, que deixaram de comprar papéis de curtíssimo prazo de bancos europeus, como os 'commercial papers', devido ao agravamento da crise do euro, é muito importante a decisão de reduzir o custo dessas linhas de swap", avaliou Mark Cliffe, diretor global de pesquisa de mercados financeiros do banco ING em Londres.
"A ação coordenada ajuda, mas não resolve a questão central do problema, que é a dificuldade dos governos da zona do euro em assegurar financiamento às suas dívidas", completou. Para Cliffe, a decisão pegou o mercado de surpresa e reflete o esforço das autoridades monetárias mundiais de tentar estabilizar os mercados.
A medida anunciada ontem envolve o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, além dos bancos centrais do Canadá, da Inglaterra, da Suíça, do Japão e o Banco Central Europeu (BCE). Esses bancos decidiram baixar o custo dos acordos temporários de swap de liquidez em dólar existentes em 0,50 ponto porcentual, trazendo esse custo para o equivalente à taxa overnight índex swap, ou OIS, mais 0,50 ponto porcentual. Além disso, essas linhas de swap tiveram seu prazo de validade estendido para 1º de fevereiro de 2013.
Os bancos europeus ficaram sob maior pressão na segunda-feira, quando a agência de classificação de risco Moody's anunciou que está revisando dívidas subordinadas, subordinadas júnior e tier-3 de 87 instituições da região para possível rebaixamento. A agência justificou a decisão afirmando que, com a crise na zona do euro, os governos da região estão tendo dificuldades para dar suporte aos bancos em questão.
Para Marc Chandler, diretor global de pesquisa da corretora Brown Brothers Harriman em Nova York, a ação coordenada para reduzir o custo das linhas de swap contribui para minimizar algumas pressões de 'funding' (financiamento) dos bancos, mas os recentes rebaixamentos de ratings, redução de linhas de crédito e as vendas de ativos ainda colocam fortes pressões sobre os bancos europeus. Segundo ele, as instituições europeias precisam refinanciar cerca de 800 bilhões de euros em 2012.
"Mais valioso do que o corte no custo das linhas de swap seria a concretização da promessa pela União Europeia de implementar um esquema de fornecer garantias aos bancos, semelhante ao que foi feito durante a crise de 2008 e 2009", explicou Chandler.
Na opinião da diretora de câmbio da GFT Forex em Nova York, Kathy Lien, a injeção de liquidez anunciada pelos BCs mundiais é uma distração bem-vinda para os investidores em meio à turbulência e ao nervosismo provenientes da crise do euro.
"Essa medida não elimina a necessidade de reformas estruturais e maior comprometimento dos líderes das nações europeias, mas dá um alívio nas condições dos mercados financeiros e mostra que os bancos centrais estão dispostos em evitar uma nova catástrofe", explicou Lien. "Seguida da decisão do banco central da China em cortar o depósito compulsório, essa ação coordenada traz, de fato, mais alívio aos investidores".