São Paulo - Uma análise do HSBC aponta o impacto que uma variação de mais ou de menos 10% no câmbio dólar/real teria no preço-alvo de nove ações. Segundo André Carvalho e Francisco V. Machado, que assinam o relatório, a probabilidade de uma maior desvalorização do real é mais alta do que sua valorização para 2 reais ou abaixo disso. “Nossos nomes favoritos dentre os ganhadores são Fibria, Vale e BRF e um provável perdedor seria a Petrobras”, afirmam os analistas. De uma forma geral, a análise aponta que as matérias-primas e produtos industrializados são os prováveis ganhadores em um cenário de desvalorização do real, especialmente ações de papel e celulose e mineração. Já as empresas do setor de agronegócio podem não se beneficiar muito com a desvalorização do real devido à queda nos preços das commodities. Veja a seguir como nove ações serão impactadas com uma possível variação no câmbio.
Com mais de 90% de sua receita denominada em dólar e aproximadamente 80% de seus custos denominados em real, a Fibria (FIBR3) está bastante vinculada ao câmbio. A análise de sensibilidade do banco mostra que para cada variação de 10% na taxa de câmbio (real/dólar), o preço-alvo, que hoje é de 30 reais, oscilaria 12% para mais ou para menos.
A BRF (BRFS3) também é uma das maiores beneficiadas com a desvalorização do real. Os analistas estimam que uma desvalorização de 10% do real aumentaria o preço-alvo, que hoje é de 55 reais, em aproximadamente 4%. As exportações são responsáveis por aproximadamente 40% da receita e a maioria dos custos e despesas de vendas, gerais e administrativas da empresa estão denominadas em reais. Por outro lado, em termos de dívida, a desvalorização do real é um fator negativo para a empresa, já que no final do primeiro semestre de 2013, 57% da dívida bruta da BRF era denominada em moedas estrangeiras. “Com um real mais desvalorizado, a expectativa seria de um aumento da dívida bruta e deterioração dos parâmetros de alavancagem”, explicam os analistas.
A Vale (VALE5) tem quase 100% de sua receita denominada em dólar, ao passo que 54% de seus custos estão em reais. Dessa forma, uma desvalorização de 10% no real, aumentaria o preço-alvo, que hoje é de 41 reais, em cerca de 9%. Em uma situação inversa, de valorização de 10% do real, o preço-alvo diminuiria em 9% também. Além disso, os analistas veem também um impacto positivo para o Ebitda de cerca de 7% caso haja uma desvalorização de 10% no real.
A Ambev (AMBV3) já está sentindo os efeitos negativos da desvalorização do real perante o dólar. Os analistas projetam que uma desvalorização ou valorização de 10% do real causaria o aumento ou diminuição de aproximadamente 3% no preço-alvo de 97 reais para as ações.
A WEG (WEGE3) se beneficia com uma desvalorização do real porque tem entre 50% e 55% de sua receita com origem no exterior. Uma desvalorização de 10% no real adicionaria entre 5% e 6% ao preço-alvo, que hoje é de 31 reais.
Já a Cosan (CSAN3) se beneficia ligeiramente com a desvalorização do real. Uma desvalorização de 10% da moeda adicionaria de 2 a 2,5% no preço-alvo, que é de 55 reais. Os analistas explicam que a empresa não seria muito afetada porque, a estratégia da Cosan de diversificar sua plataforma nos últimos anos diminuiu sua sensibilidade às variações do câmbio.
A Petrobras (PETR4) provavelmente seria uma das mais afetadas. A empresa tem 70% de sua dívida em dólar e é importadora líquida de combustíveis, que revende no mercado interno com um desconto em relação aos preços internacionais. “Estimamos que o preço doméstico da gasolina esteja 22% abaixo dos preços internacionais e o preço do diesel tenha defasagem de aproximadamente 18%”, afirmam os analistas. Dessa forma, uma desvalorização de 10% do real mereceria um corte de 4% no preço-alvo da ação (17 reais). Ao mesmo tempo, uma valorização semelhante aumentaria nosso preço alvo em 4%.
Para a Gerdau(GGBR4), uma desvalorização de 10% no real seria estruturalmente positiva, já que seus preços se baseiam 100% nos mercados internacionais e os custos denominados em dólar representam cerca de 60-70% do total. Uma desvalorização de 10% na moeda aumentaria o preço-alvo (14 reais) em aproximadamente 11%. “Em um cenário de desvalorização do real, vemos a Gerdau como a aposta mais segura em câmbio dentre as siderúrgicas locais”, afirmam os analistas.
Embora não tão alavancada em relação à desvalorização do real como a Fibria, a Suzano (SUZB3) também seria favorecida de forma substancial com a desvalorização da moeda. Em 2012, por exemplo, a receita de exportação foi responsável por 51% da receita total e a expectativa é de que isso se eleve para mais de 60%. cada desvalorização/valorização de 10% na taxa de câmbio real/dólar, afetaria o preço-alvo (10 reais) em 8,3%.
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