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2022: o ano do pior retorno para ações e títulos nos EUA desde 1872

Análise do Deutsche Bank mostrou que tanto títulos quanto ações perderam mais de 10% em retorno no ano

S&P 500 teve o pior retorno desde 2008, mostra o BofA (Jackyenjoyphotography/Getty Images)

S&P 500 teve o pior retorno desde 2008, mostra o BofA (Jackyenjoyphotography/Getty Images)

KS

Karina Souza

Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 19h05.

Última atualização em 4 de janeiro de 2023 às 19h22.

O ano passado foi bastante duro para os mercados de capitais em todo o mundo — e isso não é segredo para ninguém. Mas, qual foi o tamanho real do buraco causado por 2022 no mercado americano? Bem, para início de conversa, trata-se de um período em que tanto ações quanto títulos caíram em conjunto. Um efeito nada trivial e que rendeu a frase “o maior ano atípico da história” por Jim Reid, analista do Deutsche Bank. Não bastasse o ‘casamento’ um tanto infeliz, o banco ainda mostrou que o ano passado registrou o pior retorno total combinado para ações e títulos desde 1872. Na análise do banco, títulos do Tesouro americano de dez anos e o S&P 500 perderam mais de 10% em uma base de retorno total. 

Conclusão bastante similar foi tirada pelo Bank of America, em um relatório de Savita Subramanian, estrategista de ações do banco. Nesta análise, ela mostra que o ano passado foi o pior para títulos do Tesouro de 30 anos, que tiveram queda de 33%. O famoso portfólio de ‘60/40’ (ações e títulos) perdeu 24% no ano, o pior retorno desde 1930. Corporate bonds de empresas com grau de investimento perderam 15% e títulos de alto retorno perderam 11%, contrariando a tendência histórica. Na contramão, as reservas de caixa subiram 1,5%, o ouro subiu 0,4% e o petróleo, 6,7%.

Olhando com mais foco para as ações, o BofA aponta que o S&P 500 caiu 18% no ano passado, marcando o pior ano desde 2008. E tem mais. Segundo a analista, o fato de mais de 50% das ações estarem indo bem, em uma análise de amplitude de mercado, pode indicar um 2023 ainda amargo — desde 1987, o único período em que isso aconteceu foi em 2000, um ano seguido por outros dois de baixa.

Nesse ambiente bastante hostil, nem todos saíram perdedores. Energia, setores defensivos e cíclicos foram o destaque positivo do ano, ultrapassando em larga medida as empresas de crescimento. Para ficar somente em um exemplo, o setor de Energia foi o único a ter alta em 2022 (de 59%), ficando acima do S&P 500 em 78 bps, o maior desempenho positivo por um setor em relação ao todo desde 1970.

Em um comportamento de índices, o Russel 1000 Value superou o índice de crescimento por 22 bps em 2022, a maior alta desde a bolha pontocom (foi de 28 bps em 2000). Ainda que a analista reconheça que a dicotomia entre Valor e Crescimento possa ter alguma mudança ao longo de 2023, reitera que a posição do BofA ainda é por empresas de valor, “baseada em qualidade e fluxo de caixa em vez de ações de crescimento de longa duração”. As ações de alta qualidade (B+ ou melhor usando a classificação de qualidade S&P) também tiveram um bom ano, superando as ações de baixa qualidade (B ou pior) em 16 pontos percentuais. 

“Os ciclos de valor duraram historicamente sete anos (estamos há dois) e os extremos de valuation ainda permanecem, sugerindo que esse é um cenário que está longe de mudar”, afirma Subramanian.

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