O que o mercado pode esperar para o final de 2012, segundo a BlackRock (Scott Olson / Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2012 às 08h53.
São Paulo – Na maioria das vezes com um posicionamento otimista quanto à recuperação dos mercados em meio à crise econômica atual, o estrategista-chefe da BlackRock, Bob Doll, fez uma breve reflexão de suas projeções lançadas no início do ano.
Em seu comentário semanal, Doll afirmou que o momento é oportuno avaliar quais caminhos a economia global tomou. Segundo ele, a maioria de suas previsões está no caminho correto para se concretizar.
Confira abaixo as perspectivas de Bob Doll e o que ele considera como os principais tópicos na análise macroeconômica atual:
1 – A crise da dívida europeia começa a diminuir, mesmo que com o velho continente ainda em recessão. A previsão de recessão na Europa já é realidade nesta segunda metade do ano. Esta recessão, pelo menos até agora, parece ser razoavelmente leve para o núcleo da Europa, embora mais significativa para os países periféricos. A principal questão é se crise da dívida começará ou não a diminuir. Caso tenhamos um movimento de forte união fiscal por lá, devemos ver alguma melhora nas condições gerais do bloco.
2 - A economia dos Estados Unidos volta a atrapalhar. Estamos considerando uma taxa anual de crescimento de 2% para o PIB americano e parece realmente que é neste patamar em que estamos atualmente. Vale lembrar que essa alta deve ser considerada apenas como aceitável, mas não excepcional. A economia dos Estados Unidos deve continuar atrapalhando a recuperação global ainda por algum tempo.
3 – Mesmo com a desaceleração econômica generalizada, a China e a Índia contribuem com mais da metade do crescimento econômico do mundo. Os dois países diminuíram seus ritmo de crescimento. No entanto, a China tem conseguido mostrar alguma resistência frente à crise, enquanto a Índia enfraqueceu mais do que a maioria esperava. Mesmo assim, dado que atualmente haja pouca bonança em qualquer parte do mundo, os dois serão responsáveis por gerar mais da metade do crescimento econômico global em 2012.
4 – Os resultados das empresas nos Estados Unidos cresceram moderadamente, mas falharam ao superar as expectativas pela primeira vez desde a grande recessão. Os resultados cresceram num ritmo decente em 2012, mas parece que as expectativas eram demasiadamente elevadas no início do ano.
5 – Taxas dos títulos em alta e qualidade dos spreads em baixa. Vimos na primavera norte-americana uma alta nos rendimentos dos títulos do tesouro dos EUA. No entanto, tais rendimentos ainda são menores quando comparados aos patamares vistos no início do ano, quando investidores mostravam uma maior aversão ao risco. Em paralelo, os spreads para outras modalidades de renda fixa caíram.
6 – As ações de empresas americanas experimentam um retorno percentual de dois dígitos, com múltiplos subindo modestamente pela primeira vez após a grande recessão. A relação preço/lucro das empresas avançou desde o início do ano e deve continuar nessa tendência. As ações têm uma boa chance de avançar ainda mais na segunda metade do ano.
7 - As ações americanas performam melhor que os papéis negociados fora dos Estados Unidos pelo terceiro ano consecutivo. Isso ocorre, em parte, graças aos lucros sólidos e aos fortes fluxos de caixa observados. Em 12 meses, o mercado de ações americano sobe em torno de 7%, enquanto outros mercados estão no negativo.
8 – Dividendos e recompra de ações batem recordes. Nós não chegamos neste cenário ainda, mas esta previsão tem uma boa chance acontecer. As empresas estão com forte acúmulo de caixa e projetamos que elas vão destinar boa parte deste capital acumulado em operações que vão beneficiar seus acionistas.
9 - Setores de saúde e energia superando serviços públicos e financeiro (Nos EUA). Atualmente, estamos do lado errado nesta previsão. Em uma base igual de ponderação, saúde e energia mostram um desempenho modesto, enquanto serviços públicos e finanças mostram altas mais razoáveis, entre 4% e 6%.
10 - Republicanos dominam o Senado e derrotam Barack Obama. Esta previsão continua a ser uma aposta enorme, com perguntas sobre os rumos da economia, orçamento dos Estados Unidos e o iminente penhasco fiscal que vem pela frente.
Por fim, Bob Doll avalia que, embora o cenário econômico tenha ficado mais conturbado, suas projeções divulgadas em janeiro de 2012 não foram alteradas. “No início do ano, acreditávamos que as condições eram suficientemente boas para um desempenho acima da média no mercado de ações e estamos mantendo este posicionamento”, finaliza.