Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 20 de dezembro de 2021 às 10h32.
Última atualização em 20 de dezembro de 2021 às 18h48.
A semana do Natal começou com fortes quedas no mercado internacional, que puxaram o Ibovespa para baixo. O principal índice da B3 encerrou o pregão em queda de 2,03%, aos 105.019 pontos. Na mínima, o Ibovespa chegou a perder a marca dos 105.000 pontos.
No exterior, as preocupações com a variante Ômicron do coronavírus voltam aos holofotes, principalmente na Europa após a Holanda anunciar um novo lockdown no país até meados de janeiro para conter a doença. Os principais índices da Europa fecharam em queda, assim como os americanos.
Vale lembrar que a liquidez nos mercados costuma ser menor antes das festas de final de ano, o que aumenta a cautela nas bolsas.
No fechamento:
A Ômicron está se espalhando rapidamente e a Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que é provável que a variante ultrapasse a Delta em número de casos. A variante já está presente em 89 países segundo apuração da Organização.
Um dos mercados mais afetados pelo temor com a Ômicron é o do petróleo, que desabou mais de 3% nesta segunda – chegando a cair mais de 5% na máxima do dia. Os investidores temem que novos lockdowns e fechamentos de fronteiras afetem a demanda pela commodity, uma das principais prejudicadas no auge da crise em 2020.
Nos Estados Unidos, uma crise política também ajuda a derrubar as bolsas. O senador democrata Joe Manchin rejeitou na noite de ontem o pacote de reformas sociais e sustentáveis de cerca de 2 trilhões de dólares do presidente Joe Biden. A turbulência na agenda econômica dos EUA derruba o dólar ao redor do mundo mas, no Brasil, a moeda continua se valorizando frente ao real.
O dólar saltou 1,02% nesta segunda-feira, a 5,743 reais na venda, maior patamar desde 30 de março. No mês, o dólar sobe 1,92%, elevando os ganhos em 2021 para 10,66%. A moeda caminha a passos largos para engatar o quinto ano consecutivo de valorização.
Uma das possíveis causas para o desempenho atual da moeda é uma nova ameaça ao cenário fiscal brasileiro. Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o grupo de sustentação de Jair Bolsonaro no Congresso, o centrão, quer aumentar o pagamento do Auxílio Brasil de 400 reais para 600 reais para levantar a popularidade do presidente. A medida é encarada como saída para aumentar as chances de Bolsonaro na corrida eleitoral de 2022.
A queda do petróleo impactou diretamente os papéis das petroleiras, colocando a PetroRio entre as maiores quedas do dia. As ações da Petrobras também recuaram.
As ações relacionadas ao setor aéreo e de turismo também ficaram entre as maiores baixas do índice, com liderança da CVC. A grande preocupação é que ocorra um novo fechamento de fronteiras que volte a paralisar essas empresas.
A Vale e as siderúrgicas também são destaques do dia – apesar da alta do minério de ferro no mercado internacional. A commodity subiu 3,27% no porto de Qingdao, após o governo chinês cortar a taxa referencial de juros de 3,85% para 3,80%.
Na ponta positiva, as exportadoras do ramo de frigoríficos se beneficiam da alta do dólar e ficam entre as poucas altas do dia. Vale lembrar que, no último pregão, os papéis da BRF já dispararam mais de 5% com o anúncio de um follow-on que pretende levantar em torno de 6 bilhões de reais para a empresa.