Petrobras | Foto: Sergio Moraes/ Reuters (Sergio Moraes/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 09h48.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2021 às 19h52.
O Ibovespa encerrou em queda o pregão desta sexta-feira, 19, com investidores repercutindo negativamente as ameaças do presidente Jair Bolsonaro sobre a política de preços da Petrobras (PETR3/PETR4). As ações da estatal recuaram 7,92% nos papéis ordinários (PETR3) e 6,63% nos preferenciais (PETR4), representando a maior queda para as ações ordinárias da petroleira desde março de 2020. Seguindo o tom negativo, o Ibovespa caiu 0,64% para 118.430 pontos.
Pouco mais de uma hora depois do fechamento, saiu a notícia de que Bolsonaro decidiu demitir o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, e colocar em seu lugar o general Joaquim Silva e Luna.
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Em live realizada na noite de quinta-feira, 18, Bolsonaro classificou o aumento de preços feito pela estatal como "fora da curva" e afirmou que "alguma coisa vai acontecer" com a Petrobras nos próximos dias. Para amenizar a tensão com a categoria dos caminhoneiros, Bolsonaro ainda anunciou que irá zerar os impostos federais sobre o diesel por dois meses.
Nem a possibilidade de intervenção na estatal e nem a corte de impostos foram vistos com bons olhos pelo mercado, que tem interpretado as atitudes do governo como um flerte com o populismo fiscal.
A pressão de Bolsonaro sobre a companhia ocorre pouco mais de uma semana após prometer não intervir na política de preços da estatal.
"Essa sinalização de interferência na política de preços é um sinal bem ruim. O mercado vai entender como uma sinalização de mudança na presidência na Petrobras", afirma Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset.
Esta, porém, não é a primeira vez que Bolsonaro ameaça intervir de forma severa em uma estatal. Ainda no início do ano, ele chegou a pedir a cabeça do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, por não concordar com o plano de demissão em massa e fechamento de agências para redução de custos. No caso, Brandão se manteve no cargo, após apoio da equipe econômica do governo.
Entre as maiores quedas do pregão estiveram as ações do IRB Brasil (IRB3), que voltou a apresentar prejuízo trimestral em balanço divulgado na véspera. No ano, a companhia teve prejuízo líquido de 1,521 bilhão de reais, contra lucro líquido de 1,210 bilhão de reais em 2019. Os papéis da companhia recuaram 3,91%.
O que impediu o Ibovespa de cair ainda mais nesta sexta-feira foram os papéis da Vale (VALE3), que subiram 0,38%, em linha com o cenário externo positivo para o minério de ferro. Na liderança das altas estiveram as ações da B2W (BTOW3), disparando 6,81%. Na véspera, as ações de seu concorrente Carrefour (CRFB3) estiveram entre as maiores valorizações, após seu balanço agradar investidores.
No ritmo contrário da bolsa, o real se valorizou frente ao dólar nesta sexta-feira. A divisa americana fechou em queda de 1%, o que colocou a moeda brasileira entre os melhores desempenhos globais na sessão. O movimento segue apostas de que o Banco Central pode ser levado a adotar um tom mais duro e subir os juros já no mês que vem diante da escalada da inflação.
O dólar à vista caiu 1,02%, e encerrou o dia negociado a 5,3854 reais. A divisa oscilou entre 5,471 reais (+0,54%) e 5,3685 reais (-1,34%).
Na parte da manhã. as bolsas internacionais subiam na esteira de dados econômicos da Europa e falas da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, favoráveis ao pacote de estímulo de 1,9 trilhão de dólares.
Durante a tarde, porém, uma combinação de cautela quanto aumento das taxas de juros e realização de lucros em algumas das maiores empresas de tecnologia do mercado amorteceu os ganhos.
O índice Dow Jones encerrou o dia sem perdas nem ganhos, a 31.494 pontos, enquanto o S&P 500 caiu de 0,19%, para 3.906 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq teve leve variação positiva 0,07%, a 13.888 pontos.
Já os mercados acionários da zona do euro subiram nesta sexta-feira, registrando uma terceira semana de ganhos. O índice pan-europeu STOXX600 avançou 0,53%, para 414 pontos.
O resultado foi impulsionado por dados demonstrando crescimento na atividade industrial, que avançou para uma máxima de três anos em fevereiro. Balanços trimestrais positivos também aumentaram a confiança de uma recuperação econômica mais ampla, apesar das incertezas ainda causadas pela pandemia.