Federal Reserve Chairman Jerome Powell holds a news conference following a two-day Federal Open Market Committee meeting in Washington, U.S., June 19, 2019. REUTERS/Kevin Lamarque (Kevin Lamarque/Reuters)
Beatriz Quesada
Publicado em 26 de janeiro de 2022 às 16h11.
Última atualização em 26 de janeiro de 2022 às 19h10.
O Fomc, comitê do Federal Reserve (Fed) responsável por decidir a taxa de juros nos Estados Unidos, manteve a taxa próxima de 0% e afirmou nesta quarta-feira, 26, que uma elevação no juro deve ocorrer em breve.
"Com a inflação bem acima de 2% e um mercado de trabalho forte, o Comitê espera que em breve seja apropriado aumentar a meta para a taxa de fundos federais", afirma o comunicado. Esta será a primeira alta de juros nos EUA desde 2018.
Vale lembrar que o juro está no patamar atual desde o início da pandemia, quando o banco central americano intensificou sua política de estímulos para fazer frente aos impactos da crise econômica.
Em um primeiro momento, o Fed não chegou a especificar se a próxima reunião de março será o ponto de partida para a elevação e nem a quantidade de altas aguardadas para 2022. Após a divulgação da decisão, as bolsas nos Estados Unidos e no Brasil chegaram a estender os ganhos, enquanto o dólar perdeu força e chegou às mínimas, sendo negociado a 5,44 reais.
O cenário, no entanto, se inverteu após a fala do presidente do Fed, Jerome Powell. Em seu tradicional discurso após o encerramento de cada reunião, Powell sinalizou que o Fomc avalia elevar os juros já em março.
O presidente do Fed também admitiu que a inflação pode ser prolongada e que o risco inflacionário é alto. Outro ponto de preocupação é o volume de elevações ao longo do ano. Powell afirmou que o Fed não descarta elevar juros em todas as demais reuniões de 2022.
Após o discurso, o Ibovespa perdeu força e as bolsas americanas viraram para queda.
Em um comunicado separado, o Fed disse ainda que deve reduzir seu balanço patrimonial após o início da alta de juros. O Fed detém atualmente uma carteira de 9 trilhões de dólares em ativos. O balanço praticamente dobrou nos últimos dois anos à medida que o Fed passou a comprar Treasuries e títulos lastreados em hipotecas para ajudar a reduzir os custos de empréstimos e proteger a economia e os mercados da pandemia de coronavírus.
Com o desemprego de volta aos níveis pré-pandemia e a inflação muito alta, autoridades dizem que a mesma quantidade de apoio econômico não é mais necessária. Mas não está claro o quanto será reduzido o balanço patrimonial. Conforme autoridades buscam um balanço menor, precisarão observar de perto os mercados e a economia para saber se foram longe demais.
*Com a Reuters